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acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria

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Acta Pediatr Port 2010:41(5):S86<br />

urgência, 49% dispneia nocturna, 31% antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> internamento e 83%<br />

referiam limitação na activida<strong>de</strong> física. Após início da ITSC 98% reconheceram<br />

melhoria clínica, classificada como muito significativa em 52% e razoá -<br />

vel em 42%. 72% não necessitaram <strong>de</strong> qualquer fármaco no último mês e<br />

apenas 6% recorreu ao SU. Quanto às vantagens da ITSC, 69% dos doentes<br />

referem a melhoria da dispneia, 29% a melhoria na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exercício e<br />

2% referem o contacto mais frequente com o médico. Quanto às <strong>de</strong>svantagens,<br />

4% referem a dor, 6% o tempo <strong>de</strong> espera, 18% a <strong>de</strong>slocação ao hospital,<br />

43% o não praticar exercício nesse dia e 27% negam a presença <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>svantagens. O acompanhante mais frequente foi a mãe (67%). 95% dos<br />

acompanhantes à consulta reconheceram melhoria no doente e referem o<br />

resultado ir <strong>de</strong> encontro à expectativa. Como vantagens mais citadas, 31%<br />

referem a redução/ausência <strong>de</strong> crises e 46% a melhoria clínica global. Nas<br />

<strong>de</strong>svantagens mais enunciadas, 15% referem a necessida<strong>de</strong> dos filhos falta -<br />

rem à escola, 18% o elevado preço e 23% negam a existência <strong>de</strong> <strong>de</strong>svantagens.<br />

Comentários: A ITSC é uma terapêutica eficaz, bem tolerada e que<br />

contribui significativamente para a melhoria do controlo da patologia alér -<br />

gica, parecendo capaz <strong>de</strong> alterar a sua evolução. É um procedimento seguro<br />

e com impacto positivo na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida do doente e sua família.<br />

Palavras-chave: Imunoterapia específica subcutânea, adolescente, vantagens,<br />

<strong>de</strong>svantagens.<br />

PD90 - Anafilaxia, alimentos e... futebol!<br />

Miguel Salgado 1 ; Sandrina Martins 1 ; Ana Gomes 1 ; Helena Ramalho 1 ; Rita<br />

Araújo 1<br />

1- Unida<strong>de</strong> Local <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do Alto Minho - Viana do Castelo<br />

Introdução: A anafilaxia induzida pelo exercício <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> alimentos<br />

(AIEDA) é uma patologia rara (1,7:10.000). Caracteriza-se pelo facto <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminados alimentos habitualmente bem tolerados pelo doente, causarem<br />

reacção anafilática, apenas quando se segue a prática <strong>de</strong> exercício físico. Os<br />

adolescentes e adultos jovens são responsáveis pela maioria dos casos<br />

<strong>de</strong>scritos, sendo o alergénio alimentar mais implicado o trigo. Descrição do<br />

caso: Adolescente <strong>de</strong> 14 anos, sexo masculino, com antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>de</strong>rmatite<br />

atópica e alergia às proteínas do leite <strong>de</strong> vaca no primeiro ano <strong>de</strong> vida.<br />

Após a ingestão <strong>de</strong> pão e iogurte <strong>de</strong> cereais, iniciou a prática <strong>de</strong> futebol que<br />

interrompeu pelo aparecimento <strong>de</strong> náuseas, lesões urticariformes dispersas<br />

pelo corpo, e<strong>de</strong>ma das mãos e síncope. Negava a ocorrência <strong>de</strong> episódios<br />

semelhantes associados a exercício físico ou ingestão alimentar isoladamente,<br />

ou a existência <strong>de</strong> outros factores <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>antes como exposição a frio ou<br />

calor. Foi trazido ao serviço <strong>de</strong> urgência on<strong>de</strong> foi tratado com anti-histamí -<br />

nico e corticoterapia sistémica. Dos exames complementares realizados<br />

salienta-se uma IgE total &gt;1000 KU/L e aumento das IgEs específicas para<br />

trigo (11,3 KU/L), amendoim (15,9 KU/L) e árvores (oliveira 8,67 KU/L,<br />

eucalipto 6,35 KU/L, parietária 5,43 KU/L). A história <strong>de</strong> anafilaxia durante<br />

o exercício físico e após a ingestão <strong>de</strong> um alimento para o qual se encon trava<br />

sensibilizado, associado à ausência <strong>de</strong> sintomas quando pratica exercício fí -<br />

sico ou ingere o alimento isoladamente, permitiu efectuar o diagnóstico <strong>de</strong><br />

AIEDA. O adolescente teve alta medicado com adrenalina auto-injectável<br />

para usar em caso <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> e com a recomendação <strong>de</strong> não realizar exercício<br />

físico nas 4 horas após a ingestão <strong>de</strong> trigo. Foi encaminhado para a consulta<br />

e não foi realizada prova <strong>de</strong> provocação. Discussão: O diagnóstico <strong>de</strong><br />

AIEDA baseia-se numa história clínica meticulosa e exclusão <strong>de</strong> outros diagnósticos<br />

diferenciais. Uma prova <strong>de</strong> provocação positiva confirma o diagnóstico,<br />

contudo uma prova negativa não o exclui. A ausência <strong>de</strong> protocolos<br />

estandardizados para a sua realização, e o risco <strong>de</strong> anafilaxia que acarreta<br />

torna a sua realização opcional. Apesar <strong>de</strong> ser uma entida<strong>de</strong> rara, é importante<br />

relembrar nestes casos que a ingestão alimentar isolada <strong>de</strong> substâncias que<br />

provocaram a reacção, bem como a prática <strong>de</strong> exercício físico sem ingestão<br />

prévia, não estão contra-indicadas, evitando assim dietas exageradas e<br />

mudanças <strong>de</strong>snecessárias no estilo <strong>de</strong> vida.<br />

Palavras-chave: Anafilaxia, exercício físico, alimentos<br />

PD91 - Deficiência funcional <strong>de</strong> células natural killer - um diagnóstico<br />

difícil<br />

Célia Xavier 1 ; Ana Gomes 1 ; Miguel Salgado 1 ; Otília Cunha 1 ; Hugo Rodrigues 1 ;<br />

Cláudia Pedrosa 1 ; Jorge Romariz 1 ; Fátima Praça 1 ; Herculano Costa 1<br />

1- Centro Hospitalar <strong>de</strong> Vila Nova <strong>de</strong> Gaia/Espinho<br />

Introdução: As células NK são importantes na <strong>de</strong>fesa do organismo contra<br />

infecções víricas e células tumorais. A <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> células natural killer<br />

(NK) é um distúrbio raro no qual estas células po<strong>de</strong>m estar ausentes, em<br />

número reduzido ou disfuncionais. Na <strong>de</strong>ficiência funcional <strong>de</strong> células NK,<br />

as células NK existem mas a sua activida<strong>de</strong> está diminuída ou ausente. Os<br />

indivíduos afectados apresentam, habitualmente, infecções víricas recorrentes,<br />

que po<strong>de</strong>m ser graves e invasivas, na maioria por vírus da família<br />

herpesviridae. Caso clínico: Criança do sexo feminino, com 9 anos, seguida<br />

em con sulta <strong>de</strong> Imunoalergologia Pediátrica <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os 5 anos por asma e<br />

rinoconjuntivite, com alergia <strong>de</strong>monstrada aos ácaros, cão, gato e coelho.<br />

Medicada com imu no terapia específica para ácaros (D.pteronyssinus +<br />

D.farinae) e com um broncodilatador inalado e um anti-histamínico quando<br />

necessário. Nos antece <strong>de</strong>ntes pessoais salienta-se: internamento por meningite<br />

aos 3 meses, amigda lec tomia aos 2 anos por otites <strong>de</strong> repetição. Sem<br />

antece<strong>de</strong>ntes fami liares <strong>de</strong> relevo. Por apresentar infecções labiais herpéticas<br />

recorrentes (1 a 2 episódios por mês) foi efectuado estudo imunológico.<br />

Foi verificada uma resposta <strong>de</strong>ficiente contra o toxói<strong>de</strong> tetânico e uma<br />

diminuição da relação linfócitos CD4+/CD8+ (0,8), com subpopulações linfocitárias<br />

normais e res tante estudo sem alterações (hemograma, imunoglo -<br />

bulinas e subclasses <strong>de</strong> IgG). Num segundo estudo apresentava uma<br />

diminuição do número <strong>de</strong> linfó citos NK (150 cel/uL), com restantes subpopulações<br />

linfocitárias normais. O estudo funcional das células NK revelou<br />

diminuição da activida<strong>de</strong> citotóxica basal e após estimulação com IL-2.<br />

Discussão: Devemos pensar na <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> células NK em indivíduos<br />

com infecções graves, recorrentes ou atípicas por vírus do grupo herpes. O<br />

diagnóstico é difícil pois há várias patologias e fármacos que po<strong>de</strong>m suprimir<br />

o número ou a função das células NK. Assim, é importante realizar uma<br />

história medicamentosa <strong>de</strong>talhada e exames que excluam pato logias que<br />

mimetizem este distúrbio. Quando a quantificação <strong>de</strong> células NK é normal<br />

ou apenas ligeiramente diminuída, e a suspei ção é alta, <strong>de</strong>vemos efectuar os<br />

testes funcionais in vivo. Nesta criança com infec ções herpéticas recorren -<br />

tes, a diminuição do número <strong>de</strong> células NK levan tou a suspeita <strong>de</strong> haver uma<br />

alteração nesta subpopulação <strong>de</strong> linfócitos. O estudo funcional permitiu-nos<br />

diagnosticar um défice funcional <strong>de</strong> células NK.<br />

Palavras-chave: Células natural killer, infecções víricas recorrentes.<br />

PD92 - Só febre...<br />

Marta Moniz 1 ; Carlos Escobar 1 ; Alexandra Dias 2 ; António Figueiredo 2<br />

1- Hospital Prof. Dr Fernando Fonseca; 2- Hospital Prof. Dr. Fernando Fonseca<br />

As causas da febre são múltiplas mas seja qual for a sua etiologia o meca -<br />

nismo geral subjacente é a libertação <strong>de</strong> citocinas pró-inflamatórias. A investigação<br />

<strong>de</strong> uma febre recorrente é um <strong>de</strong>safio, obrigando a consi<strong>de</strong>rar a<br />

diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> etiologias. Em <strong>Pediatria</strong> em particular, é importante não<br />

esquecer os síndromes auto-inflamatórios, provavelmente entida<strong>de</strong>s<br />

subdiag nosticadas e alvo <strong>de</strong> inte resse crescente da investigação científica na<br />

campo da imunida<strong>de</strong> inata. Crian ça <strong>de</strong> 2 anos, sexo masculino, raça negra,<br />

sem antece <strong>de</strong>n tes pessoais relevan tes, que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o terceiro mês <strong>de</strong> vida apresenta<br />

episódios recorrentes <strong>de</strong> febre, sem periodicida<strong>de</strong>, valor máximo <strong>de</strong><br />

temperatura 39,9ºc, com boa resposta aos antipiréticos; as crises têm uma<br />

duração irregular, em média dois dias, sem qualquer sintomatologia acompanhante,<br />

nomeadamente manifestações cutâ neas, respiratórias, gastrointestinais<br />

ou articulares. Pai com episódios febris recorrentes <strong>de</strong> causa<br />

<strong>de</strong>sconhecida. Sem alterações na obser vação, soma to metria no p10-25 e a<strong>de</strong>quado<br />

<strong>de</strong>senvolvimento psicomotor. Avaliação analí tica com anemia ligeira<br />

microcítica hipocrómica (Hb. 9.5 g/dl); elevação dos parâ metros inflamatórios<br />

mesmo fora das crises: leucocitose superior a 15.000/ul com neutrofilia;<br />

plaquetas 408.000/ul; PCR 14,8mg/dl, VS 112mm, Amilói<strong>de</strong> A<br />

718mg/L, Ferritina 196 ng/ml. Excluída causa infecciosa e neoplásica.<br />

Mielograma sem alterações. O doseamento <strong>de</strong> imunoglobulinas reve lou<br />

hipergamaglobulinémia (IgG 2180mg/dl, IgA 129mg/dl) e IgD normal.<br />

ANA e anti-DNA negativos. Ausência <strong>de</strong> protei núria. Radiografia <strong>de</strong> tórax e<br />

ecografia abdominal sem alterações. Estudo dos genes MESV, TNFRSF1A,<br />

CIAS1 (H. Clinic, Barcelona, Arostegui et al.) sem mutações encontradas.<br />

Por persistência da febre e elevação dos parâme tros inflamatórios iniciou<br />

predni solona (2 mg/Kg/dia) com resposta parcial: crises mais raras e melhoria<br />

dos marcadores inflamatórios. O diagnóstico dos síndromes auto-inflamatórios<br />

permanece um <strong>de</strong>safio pela heterogeneida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apresentação clí -<br />

nica mas também porque os testes genéticos que os confirmam não se encontram<br />

facilmente disponíveis. No caso apresentado a ausência das mutações<br />

mais frequentes nos genes estudados não exclui o diagnóstico. Obriga, contudo,<br />

a alargar a sequenciação genética e impe<strong>de</strong> para já a optimização do<br />

tratamento. Neste caso, como alternativa à corticoterapia há que consi<strong>de</strong>rar<br />

o uso dos antagonistas do receptor da interleucina 1β (anakinra).<br />

Palavras-chave: Febre, síndrome autoinflamatório.<br />

S86

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