acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria
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Acta Pediatr Port 2010:41(5):S121<br />
dos sintomas associada à presença <strong>de</strong> infecção secundária. O diagnóstico só<br />
foi possível através da história <strong>de</strong> contacto com gatos, serologia positiva<br />
para Bartonella,e resposta favorável à terapêutica com macrólidos.<br />
Palavras-chave: Bartonella henselae; tumefacção inguinal.<br />
PD218 - Meningites em ida<strong>de</strong> pediátrica – casuística <strong>de</strong> um hospital distrital<br />
Rita Santos Silva 1 ; Daniel Gonçalves 1 ; Fernanda Carvalho 1 ; Paula Fonseca 1 ;<br />
Sónia Carvalho 1 ; Paulo Teixeira 1<br />
1- Serviço <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> do Centro Hospitalar do Médio Ave (CHMA) - Uni -<br />
da<strong>de</strong> <strong>de</strong> Famalicão<br />
Objectivo: Caracterizar os internamentos por meningite. População e métodos:<br />
Proce<strong>de</strong>u-se a um estudo retrospectivo, através da consulta dos processos<br />
clínicos dos doentes internados por meningite após o período neonatal no<br />
CHMA-Famalicão entre 1 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 2002 e 31 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2010, anali -<br />
sando características epi<strong>de</strong>miológicas, apresentação clínica, terapêutica efectuada<br />
e morbilida<strong>de</strong>/mortalida<strong>de</strong> observada. Os doentes foram divididos em<br />
4 grupos: meningites bacterianas, meningites víricas, meningites parcialmente<br />
tratadas e meningites sem isolamento <strong>de</strong> agente (assépticas). A análise<br />
estatística foi efectuada através do programa SPSS®, nível <strong>de</strong> significância<br />
<0,05. Resultados: A amostra incluíu 89 doentes, 67 (75%) do sexo masculino,<br />
com uma mediana <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 3 anos (mín.-1 mês, máx.-14 anos).<br />
Onze casos (12%) eram <strong>de</strong> meningite bacteriana, 29 (33%) vírica, 11 (12%)<br />
parcialmente tratada e 38 (43%) asséptica. Os agentes isolados nas meningites<br />
bacterianas foram: 5 Streptococcus pneumoniae, 4 Neisseria meningitidis,<br />
1 Haemophilus influenzae e 1 Streptococcus agalactiae. Nas meningites<br />
víricas, 28 casos correspon<strong>de</strong>ram a infecção por enterovírus e 1 por vírus<br />
vari cela zooster. Comparativamente com o grupo <strong>de</strong> doentes com meningite<br />
vírica, os doentes com meningite bacteriana apresentaram uma maior proba -<br />
bi lida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se encontrarem prostrados (p=0,017), hemodinamicamente instá -<br />
veis (p=0,005) e com fenómenos convulsivos (p=0,025). Também se obser -<br />
vou uma diferença estatisticamente significativa no valor da proteína C reactiva<br />
(p=0,007) e na contagem celular no líquido cefalo-raquidiano (p=0,003).<br />
Nos outros parâmetros clinico-analíticos avaliados não se encontraram dife -<br />
renças com significado estatístico. Quatro (36%) doentes com meningite<br />
bacte riana apresentaram sequelas (3 epilepsia e atraso do <strong>de</strong>senvolvimento<br />
psicomotor e 1 sur<strong>de</strong>z), sendo que em todos estes casos a etiologia foi pneu -<br />
mo cócica e nenhuma <strong>de</strong>stas crianças se encontrava vacinada. Não ocorreu<br />
nenhum óbito. Comentários: Os nossos dados são concordantes com o<br />
obser vado a nível nacional. Tendo esta revisão sido feita num período em que<br />
estavam disponíveis 3 vacinas conjugadas (anti-pneumococo 7 valente, antihib<br />
e anti-meningococo C), ainda se verificaram 12% <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> meningites<br />
bacterianas, dos quais 36% (4/11) tiveram sequelas graves. Impõe-se, por -<br />
tanto, a inclusão no plano nacional da vacina conjugada anti-pneumocócica.<br />
Palavras-chave: Meningite, Pneumococo, Meningococo, Enterovírus<br />
PD219 - Infecção por H1N1 num Serviço <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong><br />
Catarina Men<strong>de</strong>s 1 ; Joana Magalhães 1 ; Liliana Pinho 1 ; Andreia Dias 1 ; Carla<br />
Zilhão 1 ; Cristina Garrido 1 ; Susana Pinto 1 ; Guilhermina Reis 1 ; Margarida Gue<strong>de</strong>s 1<br />
1- Centro Hospitalar do Porto<br />
A infecção por vírus influenza A, subtipo H1N1, no ano epi<strong>de</strong>miológico<br />
2009/2010, constituiu a primeira pan<strong>de</strong>mia do século XXI. Em todas as fases<br />
da pan<strong>de</strong>mia houve preocupação em diminuir a sua propagação, entre a popu -<br />
lação e entre os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, pelo que foram reforçadas as medidas<br />
gerais <strong>de</strong> protecção individual e o atendimento e internamento dos doentes<br />
em áreas específicas. Objectivos: Avaliar a eficácia <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> isola -<br />
mento <strong>de</strong>stinada a crianças com suspeita <strong>de</strong> infecção por H1N1 activada num<br />
Serviço <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong>. Caracterizar a infecção por H1N1 nos doentes internados,<br />
<strong>de</strong> acordo com os parâmetros <strong>de</strong>finidos pela Direcção Geral <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />
Resultados: A área <strong>de</strong> isolamento, com lotação <strong>de</strong> 8 camas, teve 36% <strong>de</strong><br />
ocupa ção. Dos 28 doentes internados, 82% tinham indicação para investigação<br />
laboratorial, que foi positiva em 54% dos casos. No intervalo estu dado,<br />
foi feita pesquisa a 25 doentes internados fora da área <strong>de</strong> isolamento, 80%<br />
com indicação, que foi positiva em 12%. Não houve registo <strong>de</strong> infecção<br />
nosoco mial por H1N1. Dos 23 casos <strong>de</strong> infecção por H1N1, com ida<strong>de</strong>s compreendidas<br />
entre as 6 semanas e os 16 anos, 15 ocorreram na 2ª quinzena <strong>de</strong><br />
Novembro e na primeira semana <strong>de</strong> Dezembro. A febre, presente na totalida<strong>de</strong><br />
dos casos, a tosse (74%), a rinorreia (52%) e os vómitos (43%) foram<br />
os sintomas mais frequentes. Os principais motivos <strong>de</strong> internamento foram<br />
febre em pequeno lactente, pneumonia e intolerância oral, vómitos incoercí -<br />
veis e hipoxemia. A terapêutica antiviral foi instituída em 13 casos, tendo-se<br />
documentado resistência num <strong>de</strong>les. Registou-se uma meningite por ente ro -<br />
vírus, como co-infecção do H1N1. Seis doentes (26%) apresentaram complicações:<br />
pneumonia <strong>de</strong> provável etiologia bacteriana (5) e abcessos esplénicos<br />
num doente imuno<strong>de</strong>primido. Todos os casos <strong>de</strong> infecção por H1N1 foram<br />
adquiridos na comunida<strong>de</strong>. Comentários: As medidas <strong>de</strong> protecção foram<br />
eficazes, pois não houve registo <strong>de</strong> infecção nosocomial. A lotação prevista<br />
foi, contudo, sobredimensionada, dada a baixa taxa <strong>de</strong> ocupação verificada.<br />
Para a caracterização da epi<strong>de</strong>mia pelo vírus H1N1 no ano epi<strong>de</strong>miológico<br />
2009/2010 dispõe-se <strong>de</strong> dados das organizações governamentais, mas <strong>de</strong><br />
escassas casuísticas locais. Parece importante confrontar resultados para<br />
rever estratégias que possam ser adoptadas numa futura (breve?) epi<strong>de</strong>mia.<br />
Palavras-chave: H1N1, isolamento<br />
PD220 - Meningite pneumocócica em adolescente com febre e dor no pé<br />
Catarina Dias 1 ; Cláudia Pedrosa 1 ; Jorge Romariz 1 ; Mafalda Santos 1 ; Lúcia<br />
Rodrigues 1<br />
1- Centro Hospitalar <strong>de</strong> Vila Nova <strong>de</strong> Gaia/Espinho, EPE<br />
As formas mais comuns <strong>de</strong> infecção pneumocócica são a pneumonia, a otite<br />
média, a sinusite e a bacteriemia, com maior incidência da doença invasiva<br />
em crianças com menos <strong>de</strong> 2 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Apresenta-se o caso <strong>de</strong> um adolescente<br />
<strong>de</strong> 12 anos, sexo masculino, previamente saudável, admitido por<br />
quadro com 3 dias <strong>de</strong> evolução <strong>de</strong> tosse seca, febre elevada, cefaleias, vómitos<br />
e dor no pé esquerdo, sem história traumática. À observação apresentava<br />
claudicação da marcha e sinais inflamatórios na face anterior do tornozelo<br />
esquerdo – calor, e<strong>de</strong>ma e dor à palpação local. O estudo analítico mostrou<br />
13.540/ul leucócitos com 11.860/ul neutrófilos, VS 55 mm/h e PCR 14,98<br />
mg/dl. As radiografias do pé, tornozelo esquerdo e tórax não evi<strong>de</strong>nciaram<br />
alterações. Nove horas <strong>de</strong>pois foram <strong>de</strong>tectados sinais <strong>de</strong> irritação meníngea.<br />
O exame do líquido cefalo-raquidiano (LCR) revelou 23/ul leucócitos, com<br />
predomínio <strong>de</strong> polimorfonucleares (20 em 23), 7/ul eritrócitos, glicose e<br />
proteí nas normais. Iniciou antibioticoterapia com ceftriaxona e vancomicina.<br />
O exame cultural do LCR e a hemocultura i<strong>de</strong>ntificaram um Streptococcus<br />
pneu moniae penicilina-sensível. Na RM do tornozelo, realizada no 2º dia <strong>de</strong><br />
internamento, observou-se <strong>de</strong>rrame na articulação astragalo-escafoi<strong>de</strong>ia e<br />
irregularida<strong>de</strong> da superfície articular proximal do escafói<strong>de</strong>, com uma pequena<br />
<strong>de</strong>pressão da cortical, aspectos sugestivos <strong>de</strong> osteocondrite dissecante.<br />
Realizou TC articular no 3º dia, sem alterações, e cintigrafia óssea no 6º dia,<br />
com foco <strong>de</strong> hiperfixação intensa no osso escafói<strong>de</strong> do pé esquerdo. Com ple -<br />
tou 2 semanas <strong>de</strong> terapêutica EV com ceftriaxona, seguidas <strong>de</strong> 4 semanas <strong>de</strong><br />
cefixima PO, por não ter sido possível excluir a hipótese <strong>de</strong> artrite séptica do<br />
tornozelo, dado a localização dos sinais inflamatórios não correspon<strong>de</strong>r à<br />
osteocondrite <strong>de</strong>tectada. Registou-se apirexia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o 3º dia <strong>de</strong> internamento<br />
e melhoria clínica progressiva. Actualmente encontra-se assintomático, sem<br />
claudicação da marcha ou outras alterações ao exame osteoarticular e sem<br />
sequelas neurológicas aparentes. Os autores realçam o modo <strong>de</strong> apresentação<br />
raro <strong>de</strong> doença pneumocócica invasiva neste grupo etário - através <strong>de</strong> meningite<br />
com bacteriemia - bem como a dificulda<strong>de</strong> em estabelecer uma relação<br />
causa-efeito com a patologia articular associada, tendo em conta as limitações<br />
dos exames imagiológicos no seu diagnóstico.<br />
Palavras-chave: Meningite pneumococo osteocondrite.<br />
PD221 - Espondilodiscite na Criança - Caso Clínico<br />
Maristela Margatho 1 ; João Antunes 2 ; Lur<strong>de</strong>s Moura 1<br />
1- Serviço <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> do Hospital Distrital da Figueira da Foz; 2- Serviço <strong>de</strong><br />
Ortopedia do Hospital Distrital da Figueira da Foz<br />
Introdução: A espondilodiscite é uma doença infecciosa pouco frequente na<br />
criança, cujo espectro clínico é variável e os sinais radiológicos tardios. É<br />
neces sário elevado índice <strong>de</strong> suspeição para fazer o diagnóstico, sendo que o<br />
seu atraso po<strong>de</strong> condicionar sequelas importantes. Caso clínico: Apresen ta-se<br />
o caso <strong>de</strong> uma criança do sexo feminino, <strong>de</strong> 11 anos, previamente saudá vel, que<br />
recorreu ao Serviço <strong>de</strong> Urgência por dor na região lombo-sagrada <strong>de</strong> agravamento<br />
progressivo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há 5 dias, condicionando impotência funcional marcada,<br />
com incapacida<strong>de</strong> na marcha. Referia febrícula <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há alguns dias.<br />
Cerca <strong>de</strong> 3 semanas antes, tivera episódio semelhante, em contexto <strong>de</strong> gastroenterite<br />
aguda, tendo sido medicada com anti-inflamatórios. No intervalo entre<br />
estes dois episódios permaneceu assintomática. Ao exame objectivo, ar quei -<br />
xoso, dor à palpação da região lombo-sagrada, limitação da flexão da coluna e<br />
dor intensa à mobilização das articulações coxo-femurais bilateralmente. O<br />
exame neurológico era normal. Laboratorialmente: leucó citos 10.500/μl, VS<br />
95mm/s e PCR 63,29mg/L. As radiografias da coluna lombo-sagrada e da bacia<br />
S121