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acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria

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Acta Pediatr Port 2010:41(5):S126<br />

PD236 - Dor no membro inferior <strong>de</strong> causa rara em <strong>Pediatria</strong><br />

Carla Santos 1 ; José Carlos Ferreira 2 ; Ana Serrão Neto 2<br />

1- Centro da Criança, Hospital Cuf Descobertas, Lisboa; 2- Centro da<br />

Criança, Hospital Cuf Descobertas<br />

Os autores apresentam o caso clínico <strong>de</strong> uma adolescente com 11 anos, sexo<br />

feminino, hospitalizada pelo serviço <strong>de</strong> urgência do Hospital Cuf Desco -<br />

bertas, por parestesias e dor no membro inferior esquerdo, em 31 <strong>de</strong> Março<br />

<strong>de</strong> 2010. Antece<strong>de</strong>ntes Familiares: Irrelevantes. Antece<strong>de</strong>ntes Pessoais: Tor -<br />

ção do ovário e trompa com salpingectomia em 2005; suspeita <strong>de</strong> artrite/sino -<br />

vite da anca em 2009. Doença Actual: Dois dias antes do internamento,<br />

durante marcha em peregrinação a Fátima, inicia parestesias seguidas <strong>de</strong> dor<br />

incapacitante e arrefecimento do membro inferior esquerdo. Sem febre ou<br />

outra sintomatologia. Sem história <strong>de</strong> outros traumatismos. Na observação<br />

tinha hiperestesia muito marcada (dor <strong>de</strong>spertada por passagem <strong>de</strong> papel) em<br />

todo o membro inferior esquerdo. Sem outras alterações no exame objectivo.<br />

Dos exames complementares <strong>de</strong> diagnóstico efectuados, salientam-se análi -<br />

ses e radiografia do membro inferior esquerdo sem alterações. Ecografia<br />

venosa e arterial dos membros inferiores com doppler que revelou e<strong>de</strong>ma<br />

difuso muscular da coxa e perna esquerdas. Ecografia abdominal, ressonância<br />

magnética abdominal, da coluna lombo-sagrada e do joelho esquerdo normais.<br />

Durante o internamento, foi observada por Ortopedia e Neurologia<br />

tendo feito terapêutica analgésica, repouso e gabapentina, sem melhoria significativa,<br />

pelo que posteriormente iniciou corticoterapia. Perante este quadro<br />

clínico, e após exclusão <strong>de</strong> outros diagnósticos, concluímos tratar-se <strong>de</strong> sindroma<br />

<strong>de</strong> dor regional complexa. Esta entida<strong>de</strong> caracteriza-se por dor regio -<br />

nal incapacitante, <strong>de</strong>sproporcional ao trauma, a que se po<strong>de</strong>m associar<br />

aumento da sensibilida<strong>de</strong> táctil, e<strong>de</strong>ma, alteração vasomotora e/ou sudomo -<br />

tora e compromisso motor. É rara em <strong>Pediatria</strong>.<br />

Palavras-chave: Hiperestesia; nevralgia; adolescente.<br />

PD237 - Parésia Facial Bilateral associada a Infecção por Vírus Epstein<br />

Barr<br />

Sílvia Bacalhau 1 ; Eulália Calado 2<br />

1- Hospital Santo André, Leiria; 2- Hospital Dona Estefânia<br />

Introdução: A parésia facial bilateral (PFB) é uma doença rara, represen -<br />

tando 0,3 a 2% <strong>de</strong> todos os casos <strong>de</strong> parésia facial. Ao contrário da parésia<br />

facial unilateral habitualmente idiopática, a maioria dos casos <strong>de</strong> PFB cons -<br />

tituem uma manifestação <strong>de</strong> doença sistémica potencialmente grave (80%).<br />

Relato <strong>de</strong> caso: Menina com 3 anos e 9 meses, previamente saudável, que<br />

iniciou quadro <strong>de</strong> febre alta e difícil <strong>de</strong> ce<strong>de</strong>r ao antipirético com 6 dias <strong>de</strong><br />

evolução, acompanhado <strong>de</strong> odinofagia, vómitos e recusa alimentar. Foi<br />

medi cada com amoxicilina com ácido clavulânico durante 7 dias. Associa -<br />

da mente, surgiram glossite, hiperémia gengival, lesões aftosas na mucosa<br />

oral e a<strong>de</strong>nopatia cervical. No 2º dia <strong>de</strong> doença é constatada diminuição da<br />

mímica facial, inicialmente atribuída às lesões na mucosa oral. No 7º dia <strong>de</strong><br />

doença recorre ao hospital da área <strong>de</strong> residência, on<strong>de</strong> é <strong>de</strong>tectado quadro<br />

compatí vel com parésia facial bilateral, pelo que é encaminhada para o<br />

Hospital Dona Estefânia para observação por Neuropediatria. À entrada na<br />

urgência, apresentava fácies amímico, apagamento bilateral do sulco nasogeniano,<br />

lagof talmo bilateral, com incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enrugar a testa.<br />

Analiticamente apresentava Hb 13,2 g/L, leucócitos 6650/L, linfócitos<br />

71,5%, neutrófilos 17,9%, AST 38 U/L, ALT 35 U/L. As serologias para<br />

EBV revelaram posteriormente uma infecção recente por este vírus. Foi<br />

excluída doença <strong>de</strong> Lyme. Realizou RMN-CE que não mostrou alterações,<br />

nomeadamente do tronco cerebral. Teve apoio da Fisioterapia, não tendo<br />

sido prescrita terapêutica médica. Verificou-se uma melhoria progressiva do<br />

quadro clínico, com recuperação total cerca <strong>de</strong> 5 meses após o início da<br />

doença. Conclusão: Trata-se <strong>de</strong> um caso <strong>de</strong> mononucleose infecciosa com<br />

diagnóstico clínico e laboratorial, associado a PFB com evolução positiva e<br />

recuperação completa. A infecção por EBV <strong>de</strong>ve ser excluída no diagnós tico<br />

<strong>de</strong> parésia facial, particularmente se bilateral. A mononucleose raramente se<br />

associa a complicações neuroló gicas (1 a 5% dos casos), que habitualmente<br />

têm bom prognóstico, não necessitando <strong>de</strong> tratamento. Nos casos <strong>de</strong> PFB<br />

sem etiologia óbvia ou sem melhoria clínica, <strong>de</strong>vem ser excluídas causas<br />

com prognóstico mais reservado, nomeadamente doença <strong>de</strong> Lyme, síndrome<br />

<strong>de</strong> Guillain-Barré, leucemia, sarcoidose e meningite bacteriana. Apesar da<br />

evolução favorável <strong>de</strong>ste quadro sem recurso a terapêutica médica, ocorrem<br />

ocasionalmente sequelas graves, sendo discutível a indicação da terapêutica<br />

com corticoí<strong>de</strong> e antiviral.<br />

Palavras-chave: Parésia facial bilateral, infecção por vírus Epstein Barr.<br />

PD238 - Dissecção traumática da artéria carótida interna<br />

Susana Corujeira 1 ; Rita Santos Silva 2 ; Raquel Sousa 2<br />

1- Serviço <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong>, UAG-MC, Hospital <strong>de</strong> São João, E.P.E. Porto; 2- Ser -<br />

viço <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong>, UAG-MC, Hospital <strong>de</strong> São João, E.P.E., Porto<br />

Introdução: Os aci<strong>de</strong>ntes vasculares cerebrais (AVC) são raros em ida<strong>de</strong><br />

pediátrica afectando 1,2-2,5/100000 crianças/ano. A dissecção da artéria<br />

caró tida é uma causa pouco frequente <strong>de</strong> AVC isquémico, que po<strong>de</strong> resultar<br />

<strong>de</strong> traumatismo crânio-cervical e frequentemente envolve a artéria carótida<br />

interna na sua porção extra-craniana. Caso clínico: Adolescente <strong>de</strong> 16 anos<br />

do sexo masculino, previamente saudável, sofreu traumatismo craniano<br />

após mergulho no rio seguido <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> consciência com recuperação<br />

espontânea após 5 minutos. Algumas horas <strong>de</strong>pois iniciou cefaleias holocranianas<br />

pelo que recorreu ao SU da área <strong>de</strong> residência on<strong>de</strong> realizou radio -<br />

grafia da coluna cervical que não apresentava alterações e teve alta sob analgesia.<br />

Decorridas 24 horas mantinha cefaleias e iniciou <strong>de</strong>sequilíbrio e<br />

diminuição da força muscular do membro superior esquerdo (MSE).<br />

Recorreu novamente ao SU e realizou TC cerebral que mostrou hipo<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

cortiço-subcortical frontal direita, sem efeito <strong>de</strong> massa ou fractura. Foi<br />

transferido para avaliação por Neurocirurgia. À admissão encontrava-se<br />

com Glasgow <strong>de</strong> 15, pupilas isocóricas e fotorreactivas, discreta parésia<br />

facial esquerda e parésia grau 4/5 do MSE com hiporreflexia. A RM e<br />

angioTC cerebral mostraram enfarte isquémico cortico-subcortical frontal<br />

direito e dissecção da artéria carótida interna logo após o bolbo carotí<strong>de</strong>o.<br />

Internado por AVC isquémico pós dissecção carotí<strong>de</strong>a, tendo iniciado<br />

hipocoagulação com heparina. Verificou-se melhoria clínica após 48 horas,<br />

com remissão das cefaleias e recuperação progressiva da força muscular ao<br />

nível do MSE, sem défices neurológicos <strong>de</strong> novo. No 9º dia <strong>de</strong> internamento<br />

iniciou hipocoagulação oral com varfarina. O Ecodoppler cervical e vertebral<br />

carotí<strong>de</strong>o que revelou sinais compatíveis com dissecção da carótida<br />

interna direita a nível cervical com colateralização intracraniana para o terri -<br />

tório carotí<strong>de</strong>o direito. Alta sob hipocoagulação oral, com recuperação total<br />

da autonomia nas activida<strong>de</strong>s da vida diária e sem alterações ao exame neurológico.<br />

Comentários: Este caso <strong>de</strong>monstra a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investigação<br />

exaustiva <strong>de</strong> lesões da artéria carótida em crian ças e adolescentes com<br />

<strong>de</strong>ficits neurológicos <strong>de</strong> novo e história <strong>de</strong> traumatismo craniano/cervical,<br />

mesmo que este seja minor e na ausência <strong>de</strong> evidência externa <strong>de</strong> traumatismo.<br />

O tratamento permanece controverso, embora a literatura recente<br />

fundamente uma abordagem conservadora com vigilância, anticoagulação<br />

ou anti-agregação plaquetária.<br />

Palavras-chave: Aci<strong>de</strong>nte vascular cerebral, dissecção carotí<strong>de</strong>a, traumatismo<br />

crânio-cervical<br />

PD239 - Síndrome <strong>de</strong> Tolosa-Hunt em Ida<strong>de</strong> Pediátrica<br />

Cristina Duarte Pereira 1 ; Dora Gomes 1 ; Sónia Silva 2 ; Mónica Vasconcelos 1<br />

1- Serviço <strong>de</strong> Neuropediatria – Hospital Pediátrico <strong>de</strong> Coimbra; 2- Unida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Hemato-Oncologia – Hospital Pediátrico <strong>de</strong> Coimbra<br />

Introdução: A síndrome <strong>de</strong> Tolosa-Hunt é uma entida<strong>de</strong> rara em ida<strong>de</strong><br />

pediá trica que se manifesta clinicamente por oftalmoplegia dolorosa, causada<br />

por inflamação do seio cavernoso ou da fissura orbitária superior. A<br />

International Headache Society <strong>de</strong>finiu em 2004 critérios <strong>de</strong> diagnóstico:<br />

episódio <strong>de</strong> dor orbitária unilateral que melhora nas primeiras 48 horas <strong>de</strong><br />

corticoterapia, parésia do III, IV ou VI pares cranianos e exclusão <strong>de</strong> outra<br />

etiologia por neuroimagem. Caso Clínico: Apresenta-se o caso <strong>de</strong> um<br />

menino <strong>de</strong> 10 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, com quadro <strong>de</strong> dor no olho direito e diplopia<br />

com uma semana <strong>de</strong> evolução, sem outra sintomatologia associada. No<br />

exame neurológico apresentava parésia do VI par direito, sem outras alte -<br />

rações. A RMN-CE mostrou lesão no seio cavernoso direito <strong>de</strong> etiologia<br />

neoplásica ou inflamatória. A avaliação analítica realizada (hemograma,<br />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sedimentação, provas <strong>de</strong> coagulação, serologias, marcadores<br />

tumorais, ionograma, estudo da trombofilia, anticorpos antifosfolípido e<br />

anticoagulante lúpico) não mostrou alterações relevantes. Perante a maior<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se tratar <strong>de</strong> um processo inflamatório, embora sem excluir<br />

a hipótese <strong>de</strong> um linfoma, iniciou tratamento com corticoterapia sistémica<br />

(<strong>de</strong>xametasona durante uma semana seguida <strong>de</strong> prednisolona). O controlo<br />

imagiológico efectuado 3 semanas <strong>de</strong>pois do início do tratamento revelou<br />

“melhoria do processo inflamató rio/infil tra tivo”. Manteve terapêutica <strong>de</strong><br />

manutenção durante 2 semanas com <strong>de</strong>smame progressivo, no total <strong>de</strong> 2<br />

meses <strong>de</strong> tratamento. Tem sido obser vado regularmente em consulta <strong>de</strong><br />

Neuropediatria encontrando-se assintomático e com exame neurológico<br />

normal. Repetiu RMN-CE 3 meses após terminar corticoterapia que não<br />

mostrou alterações. Comentários: A Síndrome <strong>de</strong> Tolosa-Hunt apresen -<br />

S126

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