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acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria

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Acta Pediatr Port 2010:41(5):S129<br />

preensão; apresentava um discurso incoerente pouco fluente e alterações na<br />

memória <strong>de</strong> evocação. O restante exame físico e neurológico era normal. O<br />

estudo analítico sumário com hemoleucograma, bioquímica, estudo da<br />

coagu lação e protrombótico foi normal. A tomografia computorizada cerebral<br />

não mostrou alterações relevantes. O EEG revelou lentificação difusa do<br />

traçado, sem outras alterações. Realizou angio-ressonância magnética cerebral<br />

que afastou a hipótese <strong>de</strong> lesão vascular. Durante o internamento e sob<br />

analgesia com paracetamol, verificou-se a resolução da cefaleia cerca <strong>de</strong><br />

cinco horas após a admissão, com posterior recuperação <strong>de</strong> forma lenta e progressiva<br />

da linguagem e da memória. Teve alta 24 horas <strong>de</strong>pois, sem queixas<br />

álgicas ou défices neurológicos, orientado para consulta. Manteve-se assintomático<br />

durante sete meses, após os quais teve novo episódio confusional<br />

idêntico ao anterior em contexto <strong>de</strong> cefaleia, com duração <strong>de</strong> cinco horas.<br />

Realizou ressonância magnética cerebral <strong>de</strong> cortes finos que não apresentava<br />

alterações <strong>de</strong> relevo. Discussão: A enxaqueca confusional é uma manifestação<br />

muito rara e pouco conhecida da enxaqueca em crianças e adolescentes,<br />

com manifestações dramáticas mas recuperação completa ao fim <strong>de</strong> algumas<br />

horas. Dada a clínica sobreponível com outras patologias emergentes do sistema<br />

nervoso central, é fundamental a exclusão <strong>de</strong> outros distúrbios sobre -<br />

tudo num primeiro episódio.<br />

Palavras-chave: Enxaqueca; confusão; adolescente.<br />

PD248 - Paresia do VI par Craniano como Manifestação Inicial <strong>de</strong><br />

Infecção A EBV<br />

Nélia Ferraria 1 ; Isis Monteiro 1 ; Susana Rocha 1 ; Teresa Correia 1 ; Dulce<br />

Machado 1<br />

1- Hospital Nossa Senhora do Rosário<br />

Introdução: A paresia adquirida do VI par craniano na infância tem como<br />

etio logias comuns a traumática, neoplásica, infecciosa e a hipertensão intra -<br />

craniana. Menos frequentemente po<strong>de</strong> ocorrer após uma infecção viral ou<br />

imunização, tratando-se nesse caso <strong>de</strong> uma situação benigna e autolimitada,<br />

<strong>de</strong>signada como paresia benigna do VI par. Descreve-se um caso clínico ilustrativo<br />

<strong>de</strong>sta situação. Caso clínico: Criança <strong>de</strong> 3 anos, sexo feminino, com<br />

antece<strong>de</strong>ntes pessoais e familiares irrelevantes. Recorre à Urgência por estrabismo<br />

convergente do olho direito, intermitente, com 5 dias <strong>de</strong> evolução,<br />

associado a instabilida<strong>de</strong> da marcha. Sem história <strong>de</strong> traumatismo, infecção<br />

ou vacinação recentes, cefaleia, vómitos ou ingestão <strong>de</strong> tóxicos. Contexto<br />

familiar <strong>de</strong> infecção respiratória viral. O exame objectivo revelava estra bismo<br />

convergente à direita com diplopia e consequente instabilida<strong>de</strong> da marcha;<br />

restante exame neurológico e objectivo sem alterações. O exame oftalmoló -<br />

gico confirmou paresia VI par à direita com fundoscopia normal. A TC CE<br />

não revelou alterações. Cerca <strong>de</strong> 3 horas após admissão inicia febre (TT<br />

38ºC). Analiticamente sem alterações relevantes e pesquisa <strong>de</strong> tóxicos negativa.<br />

Punção lombar com exame citobioquímico do líquor normal. Não se<br />

po<strong>de</strong>ndo excluir hipótese diagnostica <strong>de</strong> encefalite herpética iniciou aciclovir.<br />

Paralelamente iniciou marcha diagnóstica com pesquisa <strong>de</strong> PCR no líquor e<br />

serologias para múltiplos agentes virais bem como exame microbiológico do<br />

líquor e sangue. Fez teste <strong>de</strong> Mantoux que se revelou negativo. Realizou RM<br />

CE e das órbitas que não mostrou alterações. Ao 3º dia <strong>de</strong> internamento<br />

obteve-se serologia compatível com infecção aguda a EBV sendo as restantes<br />

serologias virais, PCR para vírus no líquor e culturas do líquor e sangue nega -<br />

tivas. Clinicamente manteve febre durante 48 horas, iniciando durante o<br />

internamento sintomatologia respiratória que regrediu após 4 dias. Neurolo -<br />

gicamente houve normalização da marcha no 1º dia <strong>de</strong> internamento, persistindo,<br />

à data da alta, estrabismo <strong>de</strong> carácter intermitente, motivo pelo que<br />

ficou referenciada para seguimento em Oftalmologia. Comentário: A paresia<br />

benigna do VI par ocorre geralmente alguns dias após uma infecção viral,<br />

sendo os vírus mais frequentemente implicados os do grupo herpes (EBV,<br />

CMV, Herpes simplex e zoster). Po<strong>de</strong>, em alguns casos menos frequentes,<br />

como o acima <strong>de</strong>scrito, ocorrer como manifestação inicial da infecção viral,<br />

levantando assim algumas dificulda<strong>de</strong>s no diagnóstico.<br />

Palavras-chave: Paresia VI par; EBV.<br />

PD249 - Esclerose Tuberosa: 2 casos <strong>de</strong> uma doença rara<br />

Maria Inês Mascarenhas 1 ; Maria Carlos Janeiro 1 ; Bárbara Salgueiro 1 ; Teresa<br />

Campos 1 ; Sofia Nunes 1 ; Rita Lopes da Silva 1 ; Helena Carreiro 1<br />

1- Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca E.P.E<br />

Introdução: A Esclerose Tuberosa (ET) é uma doença neurocutânea rara<br />

(inci dência 1:5000-10000), caracterizada pelo crescimento <strong>de</strong> hamartomas<br />

em vários orgãos. O diagnóstico é clínico e ocorre geralmente aos 2-6 anos.<br />

Apenas 1/3 dos casos são hereditários, resultando os restantes <strong>de</strong> mutações<br />

espontâneas ou mosaicismo. A expressão clínica é heterogénea e a tría<strong>de</strong><br />

diag nóstica característica (convulsões, défice cognitivo, angiofibromas fa -<br />

ciais) ocorre em menos <strong>de</strong> 50% dos casos. A gravida<strong>de</strong> e prognóstico<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m dos órgãos afectados e da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimento dos hamartomas.<br />

Caso Clinico1: Adolescente <strong>de</strong> 15 anos, com antece<strong>de</strong>ntes pessoais<br />

e fami liares irrelevantes, sem alterações do <strong>de</strong>senvolvimento psicomotor<br />

(DPM), admitida por quadro súbito <strong>de</strong> dor lombar e abdominal após esforço<br />

físico. Ao exame objectivo salientava-se lesões faciais papulares, mácula<br />

hipopigmentada lombar e dor abdominal à palpação do hipogastro e flanco<br />

direito. A eco grafia abdominal revelou lesões hipoecogénicas hepáticas e<br />

renais, a <strong>de</strong> maiores dimensões com componente hemorrágico intra-luminal.<br />

A TAC abdo minal foi compatível com angiomiolipomas coexistentes<br />

com lesões quís ticas renais. A RM-CE revelou túberos subcorticais, lesões<br />

subependi márias e astrocitoma <strong>de</strong> células gigantes. O EEG não revelou<br />

activida<strong>de</strong> paroxística. Teve alta sem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medicação, orientada<br />

para con sulta <strong>de</strong> Neurocirurgia. Caso Clínico 2: Lactente <strong>de</strong> 2 meses <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> ante ce <strong>de</strong>ntes obstétricos, neonatais e familiares irrelevantes, DPM<br />

a<strong>de</strong>quado, admitido por mioclonias oculares e dos membros. À observação<br />

salienta va-se hipotonia axial ligeira e múltiplas máculas hipopigmentadas.<br />

O EEG revelou activida<strong>de</strong> paroxística focal. A TAC e RM crânio-encefálica<br />

mostraram nódulos subependimários e túberos corticais. A ecografia<br />

abdominal revelou múltiplos quistos renais bilateralmente. Teve alta com<br />

terapêutica anticon vulsivante dupla, após estabilização clínica. Actual -<br />

mente mantêm crises e aguarda realização <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o-EEG. Comentários: A<br />

ET é uma patologia com um espectro clínico alargado, permanecendo assin -<br />

tomática por vários anos em alguns casos e noutros revelando-se preco -<br />

cemente por vezes sob a forma <strong>de</strong> doença grave e <strong>de</strong> mau prognóstico com<br />

epilepsia refractária, atraso do <strong>de</strong>senvolvimento psicomotor e perturbação<br />

do comportamento. É necessária a sua i<strong>de</strong>ntificação para seguimento, tratamento<br />

e vigilância das complica ções, nomeadamente transformação<br />

maligna dos hamartomas<br />

Palavras-chave: Esclerose tuberosa.<br />

PD250 - Mielite Transversa em Contexto <strong>de</strong> Zona<br />

Joana Rodrigues 1 ; Sara Oliveira 1 ; Dalila Rocha 1 ; Fátima Santos 1<br />

1- Centro Hospitalar <strong>de</strong> Vila Nova <strong>de</strong> Gaia/Espinho<br />

Introdução: A mielite transversa <strong>de</strong>fine-se como uma doença inflamatória<br />

medular aguda caracterizada por disfunção motora, sensitiva e autonómica. É<br />

rara em ida<strong>de</strong> pediátrica e a sua etiopatogenia não está ainda bem esclare cida.<br />

Os dois processos fisiopatológicos actualmente aceites são a reacção autoimu<br />

ne e a lesão directa por agentes infecciosos. Caso Clínico: Adolescente<br />

do sexo feminino, com 12 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, previamente saudável, que recorreu<br />

ao serviço <strong>de</strong> urgência com queixas <strong>de</strong> dor abdominal localizada aos qua -<br />

drantes direitos, tipo pontada, associada a mialgias dos membros inferiores e<br />

dificulda<strong>de</strong> na marcha, com início <strong>de</strong>z dias antes e agravamento progressivo.<br />

Objectivamente apresentava um conglomerado <strong>de</strong> lesões cutâneas em crosta<br />

na região infra-mamária esquerda e sub-escapular homolateral, <strong>de</strong> aparecimento<br />

duas semanas antes, sugestivas <strong>de</strong> zona. Ao exame neurológico apresentava<br />

dor tipo queimor e hiperestesia com nível em T8, ROTs vivos,<br />

simétricos, sem área alargada, reflexo cutâneo-plantar indiferente à direita e<br />

dificulda<strong>de</strong> na marcha, mas possível em pontas e calcanhares. O exame<br />

citológico do líquido cefalorraquidiano foi normal, bem como a ressonância<br />

magnética medular. A electromiografia confirmou o diagnóstico <strong>de</strong> mielite<br />

transversa, clinicamente sugestiva <strong>de</strong> ter ocorrido em contexto <strong>de</strong> re-activação<br />

do vírus varicela-zoster (VZV). As serologias realizadas no líquido<br />

cefalorraquidiano (Campylobacter jejuni, Mycoplasma pneumoniae) foram<br />

negativas. No soro a serologia (IgG) do VZV foi positiva, sendo as restantes<br />

(vírus Epstein-Barr, citomegalovírus, vírus herpes simplex I e II) negativas.<br />

A pesquisa <strong>de</strong> DNA do VZV por Polimerase chain reaction em tempo real<br />

(PCR-RT) revelou-se negativa. A nossa paciente foi internada e realizou tera -<br />

pêutica com Aciclovir e Gabapentina. Ao longo do internamento recuperou<br />

progressivamente a marcha, melhorando das queixas álgicas. Teve alta ao 8º<br />

dia <strong>de</strong> internamento. Um mês <strong>de</strong>pois encontrava-se assintomática e com<br />

exame neurológico normal, tendo tido alta da consulta <strong>de</strong> Neuropediatria ao<br />

fim <strong>de</strong> cinco meses <strong>de</strong> vigilância. Discussão: Na nossa paciente, optou-se<br />

pela terapêutica com Aciclovir <strong>de</strong>vido à presença <strong>de</strong> lesões cutâneas sugestivas<br />

<strong>de</strong> zona em fase activa. No entanto, o resultado negativo da pesquisa <strong>de</strong><br />

DNA do VZV por PCR-RT leva-nos a crer que este se tratou provavelmente<br />

<strong>de</strong> um caso <strong>de</strong> reacção auto-imune pós-infecciosa.<br />

Palavras-chave: Mielite transversa, zona.<br />

S129

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