acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria
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Acta Pediatr Port 2010:41(5):S123<br />
crianças com diagnóstico <strong>de</strong> varicela neste período, predomínio do sexo masculino(60%),<br />
ida<strong>de</strong> mediana <strong>de</strong> 22 meses (mín 1m; máx 148m). Foram<br />
encontrados factores <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> doença grave/complicada em 43% das crian -<br />
ças, sendo o mais frequente ida<strong>de</strong> ≤ 12 m ou ≥ 13 anos (36%), seguido <strong>de</strong><br />
doença crónica (10%), varicela no agregado familiar/instituição(10%), e<br />
imuno<strong>de</strong>ficiência (6%).<br />
À apresentação, 69% apresentavam febre, 17% exantema exuberante e 11%<br />
envolvimento das mucosas. Das 70 crianças, 77% apresentaram varicela<br />
complicada. As complicações cutâneas (44,3%), foram as mais frequentes,<br />
com impetigo em 93,5% <strong>de</strong>sses casos. Complicações gastrointestinais ocorreram<br />
em 24,3%, mais frequentemente quadro <strong>de</strong> gastroenterite aguda,<br />
47,0%; complicações respiratórias em 21,4%, dos quais 47% com pneumonia<br />
bacteriana. Registaram-se complicações neurológicas em 2 doentes e outras<br />
em 20% dos casos. As restantes 23% sem varicela complicada foram internadas<br />
com compromisso do estado geral (isoladamente em 38% <strong>de</strong>las), e<br />
risco <strong>de</strong> doença grave, questões sociais ou outras nas restantes 62%. A<br />
duração média do internamento foi <strong>de</strong> 5,2 dias(DP±3,2). Foi realizada tera -<br />
pêutica antibiótica EV em 70% e aciclovir em 44%. Registaram-se 4/22<br />
hemoculturas positivas e isolamento positivo <strong>de</strong> exsudado cutâneo em 5<br />
casos. O Staphylococcus aureus meticilina-sensivel foi o agente mais encontrado.Conclusões:<br />
Paralelamente a outras séries, infecções cutâneas foram as<br />
complicações mais frequentemente relatadas em internamento. Quase 1 /4 das<br />
crianças internadas não apresentava complicações específicas, revelando<br />
atingimento marcado do estado geral ou necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seguimento por<br />
quadro <strong>de</strong> evolução presumivelmente <strong>de</strong>sfavorável.<br />
Verificámos que, apesar da habitual benignida<strong>de</strong>, a varicela po<strong>de</strong> ser responsável<br />
por internamentos hospitalares, com situações clínicas potencialmente<br />
graves, pelo que se impõe vigilância clínica precoce, visando <strong>de</strong>tecção e tratamento<br />
atempados <strong>de</strong> complicações.<br />
Palavras-chave: Varicela internamento.<br />
PD226 - Internamentos por Mononucleose Infecciosa: Experiência <strong>de</strong> 10<br />
anos<br />
Sara Roque Pinto 1 ; Inês Vaz Silva 1 ; Inês Girbal 1 ; Telma Francisco 1 ; Catarina<br />
Dâmaso 1 ; Florbela Cunha 1<br />
1- Hospital Reynaldo Santos<br />
A mononucleose infecciosa (MNI) é uma síndrome clínica frequente em<br />
Pedia tria, habitualmente benigna, causada maioritariamente pelo vírus<br />
Epstein-Barr (EBV). Por vezes, o diagnóstico é difícil, a doença apresenta um<br />
curso prolongado e po<strong>de</strong> estar associada a complicações que condicionam<br />
internamento. Objectivos: Revisão casuística dos casos <strong>de</strong> MNI internados no<br />
Serviço <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> dum hospital <strong>de</strong> nível II nos anos 2000-2009. Métodos:<br />
Estudo retrospectivo através da colheita e análise dos dados <strong>de</strong>mográ ficos e<br />
clínicos dos processos <strong>de</strong> crianças internadas no Serviço nos anos 2000-2009<br />
com diagnóstico <strong>de</strong> saída, clínico e/ou laboratorial, <strong>de</strong> MNI. Resultados:<br />
Foram internados 51 doentes com ida<strong>de</strong> mediana <strong>de</strong> 4 anos (min.8 meses,<br />
max.16 anos) e predomínio do sexo masculino (60,7%). De entre as manifestações<br />
clínicas, a febre estava presente em 90,2% dos doentes, a<strong>de</strong>nomegálias<br />
em 74,5%, amigdalite em 68,6%, mal-estar geral/pros tração e recusa alimentar<br />
em 19,6% e exantema em 15,7%. Nas análises laboratoriais <strong>de</strong> admissão,<br />
70,1% dos doentes apresentava linfocitose e/ou monocitose, 21,6% apresen -<br />
tava linfócitos atípicos e em 54,9% verifi cava-se aumento das transaminases.<br />
A pesquisa <strong>de</strong> anticorpos heterófilos foi positiva em 29,4% dos doentes testados.<br />
Em média, as crianças tinham sido observadas num serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> 2,2<br />
vezes antes do internamento e 62,7% tinham sido previamente medicadas com<br />
antibiótico. O principal motivo <strong>de</strong> internamento foi febre arrastada (47%),<br />
seguido <strong>de</strong> obstrução da via aérea superior (11,7%), dificulda<strong>de</strong> alimentar<br />
(9,8%) e mal-estar geral/prostração (7,8%). Três quartos dos doentes foram<br />
inicialmente internados sem diagnóstico <strong>de</strong>finitivo <strong>de</strong> MNI. Verificaram-se<br />
complicações em 37,2% dos doentes, sendo a mais frequente a obstrução da<br />
via aérea superior, responsável por um quinto <strong>de</strong>stas. Outras complicações<br />
observadas foram trombocitopénia grave, a<strong>de</strong>nofleimão cervical, pneumonia<br />
bacteriana e paralisia facial periférica, entre outras. Todos os doentes recupe -<br />
raram sem sequelas. A duração total média da febre foi <strong>de</strong> 10,9 dias e o tempo<br />
médio <strong>de</strong> internamento foi <strong>de</strong> 4,3 dias. No total, três quartos dos doentes apresentaram<br />
confirmação diagnós tica laboratorial <strong>de</strong> MNI, por pesquisa positiva<br />
<strong>de</strong> anticorpos heterófilos e/ou serologia compatível com infecção aguda por<br />
EBV e/ou CMV. Conclusões: Os dados encontrados reflectem a dificulda<strong>de</strong><br />
diagnóstica e alertam para a existência <strong>de</strong> complicações associadas à MNI, que<br />
condicionam o internamento <strong>de</strong>stes doentes.<br />
Palavras-chave: Mononucleose internamento.<br />
PD227 - Casuística <strong>de</strong> Meningite Bacteriana no Hospital Central do Funchal<br />
Joana Oliveira 1 ; Eulália Viveiros 1 ; Vítor Miranda 1 ; António Jorge Cabral 1 ;<br />
Rute Gonçalves 1 ; Conceição Freitas 1<br />
1- Hospital Central do Funchal<br />
Introdução: A meningite bacteriana (MB) é uma patologia <strong>de</strong> elevada gravida<strong>de</strong><br />
associada a alta taxa <strong>de</strong> complicações e morbilida<strong>de</strong>. Des<strong>de</strong> a introdução<br />
<strong>de</strong> novas vacinas, os agentes mais comuns incluem Streptococcus (S.)<br />
pneumoniae e Neisseria (N.) meningitidis (no grupo etário até aos 5 anos), e<br />
o Streptococcus grupo B (na população neonatal). Objectivos: Caracteri za -<br />
ção clínica e epi<strong>de</strong>miológica das meningites bacterianas admitidas no Serviço<br />
<strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> do Hospital Central do Funchal (HCF) entre 1 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 2004<br />
e 31 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2010. Material e Métodos: Análise retrospectiva dos processos<br />
clínicos relativos a casos <strong>de</strong> meningite bacteriana internados no serviço<br />
<strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> do HCF, no período referido. Resultados: Durante o período<br />
acima citado, foram estudados 28 casos. A incidência anual média foi <strong>de</strong> 4,3<br />
casos/ano, com o maior número <strong>de</strong> casos em 2006 e 2008. A distribuição<br />
sazonal evi<strong>de</strong>nciou dois picos, nos meses <strong>de</strong> Inverno e <strong>de</strong> Primavera. Houve<br />
um ligeiro predomínio no sexo feminino (59%) e uma média etária <strong>de</strong> 2,3<br />
anos. No momento da admissão, 46% dos doentes haviam iniciado cobertura<br />
vacinal para S. Pneumoniae e todos cumpriam o esquema nacional <strong>de</strong> vacinação.<br />
Relativamente à apresentação clínica, os sintomas e sinais mais<br />
comuns foram a febre, prostração, vómitos e gemido. Os agentes etiológicos<br />
mais frequentes neste estudo foram a N. meningitidis (50%), seguido <strong>de</strong> S.<br />
pneumoniae (25%), isolados maioritariamente pelo exame cultural do líquido<br />
cefalo-raquitidiano (n=8). Nos casos positivos para N. Meningitidis foi<br />
possível i<strong>de</strong>ntificar o serogrupo B em 13 casos e nos casos <strong>de</strong> S. Pneumoniae,<br />
foram isolados os serótipos 19A, 7F, 15C e 22F. O tempo médio <strong>de</strong> internamento<br />
foi <strong>de</strong> 11,6 dias. Necessitaram <strong>de</strong> internamento em Cuidados Inten si -<br />
vos 19 doentes, não se tendo no entanto registado óbitos. Constataram-se,<br />
durante o seguimento, lesões sequelares em 35% dos doentes. Conclusão: No<br />
estudo apresentado, a taxa <strong>de</strong> incidência anual <strong>de</strong> MB foi <strong>de</strong> aproximadamente<br />
9,9:100.000. O agente etiológico mais comum foi N. meningitidis<br />
serogrupo B, o que se justifica pela ausência <strong>de</strong> cobertura vacinal. É fulcral o<br />
seguimento <strong>de</strong>stas crianças, pela gravida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sequelas associadas, <strong>de</strong> forma<br />
a intervir atempadamente e diminuir o seu impacto no futuro.<br />
Palavras-chave: Meningite bacteriana, Streptococcus pneumoniae, Neisseria<br />
meningitidis.<br />
PD228 - Pan<strong>de</strong>mia por influenza A (H1N1) 2009: Espectro na população<br />
pediátrica<br />
Alexandra Luz 1 ; Fernanda Rodrigues 1 ; Gustavo Januário 1 ; Lia Gata 2 ; Vítor<br />
Duque 3 ; Maria Helena Estêvão 4 ; Farela Neves 5 ; Luís Januario 6<br />
1- Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Infecciologia Hospital Pediátrico <strong>de</strong> Coimbra; 2- Serviço <strong>de</strong><br />
Urgência Hospital Pediátrico <strong>de</strong> Coimbra; 3- Serviço <strong>de</strong> Infecciologia Hos pi -<br />
tais da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra; 4- Serviço <strong>de</strong> Medicina Hospital Pediátrico<br />
<strong>de</strong> Coimbra; 5- Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cuidados Intensivos Hospital Pediátrico <strong>de</strong><br />
Coimbra; 6- Serviço <strong>de</strong> Urgência do Hospital Pediátrico <strong>de</strong> Coimbra<br />
Introdução: A pan<strong>de</strong>mia por influenza A (H1N1) 2009 foi a primeira em<br />
mais <strong>de</strong> 40 anos. O objectivo <strong>de</strong>ste trabalho foi a caracterização dos casos <strong>de</strong><br />
infecção por este vírus na população pediátrica. Material e métodos: Análise<br />
retrospectiva dos processos clínicos <strong>de</strong> todas as crianças com infecção por<br />
influenza A (H1N1) 2009, diagnosticada entre Julho e Dezembro <strong>de</strong> 2009. A<br />
confirmação do diagnóstico foi efectuada sempre por PCR nos exsudatos<br />
naso e orofaríngeos. Resultados: Durante os 6 meses ocorreram 290 casos <strong>de</strong><br />
infecção por influenza A (H1N1) 2009, tendo 265 (91%) diagnósticos ocorridos<br />
entre Outubro e Dezembro. A mediana <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>s foi <strong>de</strong> 6 anos (16 dias-<br />
17 anos) sendo 153 (53%) do sexo masculino. As manifestações clínicas mais<br />
comuns foram: febre (96%), tosse (86%), obstrução nasal (64%) e cefaleia<br />
(38%). Foram <strong>de</strong>scritos sintomas gastrointestinais em 31%. Efectuaram<br />
exames complementares <strong>de</strong> diagnóstico 52 (18%) crianças. A mediana dos<br />
valores analíticos foi: leucócitos 7120μ/L (1100-32780), neutrófilos/linfó -<br />
citos 4250/1700 μ/L, proteína C reactiva 2.2 mg/dL (0.2-37). Das 86 (30%)<br />
radiografias torácicas efectuadas, 30% apresentavam infiltrados intersticiais<br />
bilaterais e 19% con<strong>de</strong>nsação lobar/<strong>de</strong>rrame pleural. Quando comparados<br />
com o grupo com consolidação lobar, os casos com pneumonia intersticial<br />
correspon<strong>de</strong>ram a crianças mais novas, que recorreram mais cedo ao SU no<br />
<strong>de</strong>curso da doença e tiveram alta mais precocemente. 174 (60%) crianças<br />
apresentavam factores <strong>de</strong> risco: 43 tinham menos <strong>de</strong> 1 ano <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e 131<br />
apre sentavam patologia médica subjacente, na sua maioria asma. Foi prescrito<br />
oseltamivir em 87 casos (30%). Foram internadas 54 (19%) crianças<br />
(das quais 44% apresentavam factores <strong>de</strong> risco) e <strong>de</strong>stas, 3 (6% dos interna-<br />
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