acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria
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Acta Pediatr Port 2010:41(5):S128<br />
PD244 - Encefalomielite Aguda Disseminada: apresentação atípica<br />
Helena M Silva 1 ; Telma Barbosa 1 ; Inês Carrilho 1 ; Manuela Santos 1 ; Virgílio<br />
Senra 1<br />
1- Centro Hospitalar do Porto – Hospital Maria Pia<br />
Introdução: A Encefalomielite Aguda Disseminada (EMAD) é uma doença<br />
rara, associada a <strong>de</strong>smielinização do Sistema Nervoso Central imuno-me -<br />
diada. Na gran<strong>de</strong> maioria dos casos é precedida por uma infecção ou vacina -<br />
ção. O quadro clínico inicial é inespecífico, mas cefaleias, vómitos e sinais<br />
meníngeos estão frequentemente presentes. Caso clínico: Rapaz <strong>de</strong> 4 anos <strong>de</strong><br />
ida<strong>de</strong>, com diagnóstico prévio <strong>de</strong> otite complicada <strong>de</strong> mastoidite medicada<br />
com antibioterapia, iniciou quadro <strong>de</strong> cefaleias frontais com um mês <strong>de</strong><br />
evolução, com fono e fotofobia, agravamento progressivo, associadas a ano -<br />
rexia, perda pon<strong>de</strong>ral e <strong>de</strong>sinteresse pelas activida<strong>de</strong>s próprias para a ida<strong>de</strong>.<br />
Sem febre, vómitos ou outros sintomas. No dia prévio à admissão apresentou<br />
<strong>de</strong>sequilíbrio na marcha com episódios <strong>de</strong> queda associada. Sem história <strong>de</strong><br />
traumatismo, ingestão <strong>de</strong> tóxicos ou fármacos. Ao exame objectivo salientava-se<br />
rigi<strong>de</strong>z terminal da nuca, brudzinski positivo, e marcha com base<br />
alargada. AngioTAC venosa e TAC cranioencefálica sem alterações. O exame<br />
do LCR revelou pleocitose (13 células); bacteriológico e virulógico foram<br />
estéreis. Durante o internamento houve melhoria progressiva do quadro, e<br />
após 48-72 horas apresentou recuperação espontânea da marcha. Quatro dias<br />
após a alta re-iniciou marcha atáxica <strong>de</strong> instalação aguda, e períodos <strong>de</strong><br />
sonolência e discurso incoerente, alternados com períodos <strong>de</strong> agitação. No<br />
exame neurológico salientava-se: sinais meníngeos, reflexos vivos e com área<br />
alargada nos membros inferiores, Babinski bilateral. Do estudo realizado<br />
<strong>de</strong>staca-se: punção lombar traumática, com 10 células; serologias para EBV,<br />
Herpes simplex 1 e 2, Citomegalovirus e Mycoplasma pneumoniae não<br />
compa tíveis com infecção activa. A RM crânio-encefálica revelou múltiplas<br />
lesões com hipersinal em T2 no encéfalo (supra e infratentorial) e na medula,<br />
atingindo sobretudo a substância branca. A pesquisa <strong>de</strong> Vírus Epstein-Barr<br />
(EBV) no líquor foi positiva. Iniciou tratamento com prednisolona com boa<br />
evolução clínica. Conclusão: Na EMAD a presença <strong>de</strong> encefalopatia é um<br />
sintoma característico, que se <strong>de</strong>senvolve em associação com défices neuro -<br />
lógicos focais, com um curso clínico rapidamente progressivo. No caso<br />
<strong>de</strong>scrito a apresentação foi atípica, com uma longa duração <strong>de</strong> sintomas e sem<br />
a <strong>de</strong>terioração clínica que frequentemente ocorre após a admissão hospitalar.<br />
Deste modo, torna-se importante um elevado índice <strong>de</strong> suspeição, associado<br />
à realização da RM, exame essencial no diagnóstico da EMAD.<br />
Palavras-chave: EBV; Encefalomielite aguda disseminada.<br />
PD245 - Neurocisticercose - um diagnóstico a consi<strong>de</strong>rar<br />
Nélia Ferraria 1 ; Raquel Marta 1 ; Teresa Correia 1 ; António Figueira 1 ; Elisabete<br />
Gonçalves 1<br />
1- Hospital Nossa Senhora do Rosário<br />
A neurocisticercose é uma doença parasitária do sistema nervoso central causada<br />
pela infecção pelo estadio intermediário da Taenia solium. Apresenta<br />
gran<strong>de</strong> variabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manifestações clínicas, sendo a convulsão a mais<br />
comum em ida<strong>de</strong> pediátrica. É pouco prevalente em Portugal mas endémica<br />
em África, Índia, Ásia, América Central e do Sul. Apresentam-se dois casos<br />
clínicos <strong>de</strong> neurocisticercose, ambos com convulsão como apresentação inicial.<br />
Caso clínico 1: Adolescente <strong>de</strong> 13 anos, sexo masculino, natural da<br />
Guiné e resi<strong>de</strong>nte em Portugal há 2 anos. Antece<strong>de</strong>ntes pessoais e familiares<br />
irrelevantes. Admitido na Urgência por convulsão tónico-clónica generali -<br />
zada <strong>de</strong> curta duração e regressão espontânea. Na Urgência repetiu convulsão<br />
<strong>de</strong> características semelhantes controlada com diazepam rectal. O exame<br />
objec tivo, neurológico e fundoscopia eram normais. Analiticamente sem<br />
parâ metros <strong>de</strong> infecção, <strong>de</strong>stacando-se eosinofilia <strong>de</strong> 12,1%. EEG sem alte -<br />
rações. A TC CE mostrou área <strong>de</strong> e<strong>de</strong>ma vasogénico cortical e subcortical<br />
fronto opercular direito com captação anelar, sugestiva <strong>de</strong> neurocisticercose.<br />
A RM CE confirmou lesão <strong>de</strong> neurocisticercose com foco <strong>de</strong> cerebrite frontal<br />
direito. A serologia para Taenia solium no sangue e líquor foi positiva.<br />
Cumpriu terapêutica com albendazol e carbamazepina com boa evolução e<br />
sem recorrência <strong>de</strong> convulsões. Caso clínico 2: Adolescente <strong>de</strong> 11 anos, sexo<br />
feminino, natural <strong>de</strong> Cabo Ver<strong>de</strong> e resi<strong>de</strong>nte em Portugal há 7 meses. História<br />
prévia <strong>de</strong> convulsões com início há 8 meses em investigação e história fami -<br />
liar <strong>de</strong> epilepsia. Admitida na Urgência por convulsão tónico-clónica genera -<br />
lizada <strong>de</strong> curta duração e regressão espontânea. O exame objectivo, neuro -<br />
lógico e fundoscopia eram normais. Analiticamente sem alterações. A TC CE<br />
mostrou calcificação única na região frontal direita com e<strong>de</strong>ma vasogénico,<br />
sugestiva <strong>de</strong> neurocisticercose. A RM CE confirmou lesão <strong>de</strong> neurocisticercose<br />
frontal direita em fase inflamatória. Radiologicamente apresentava três<br />
quistos calcificados nos membros inferiores. A serologia para Taenia solium<br />
no líquor e sangue foi negativa. Cumpriu terapêutica com albendazol e <strong>de</strong>xa -<br />
metasona com boa evolução clínica. A RM CE realizada 6 meses <strong>de</strong>pois<br />
mostrou evolução favorável da lesão parasitária frontal anterior direita, com<br />
regressão do e<strong>de</strong>ma perilesional. Estes casos clínicos ilustram a importância<br />
<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar a neurocisticercose na abordagem diagnóstica das convulsões,<br />
principalmente em crianças naturais <strong>de</strong> países endémicos.<br />
Palavras-chave: Convulsão; neurocisticercose.<br />
PD246 - Urgência Pediátrica do Hospital <strong>de</strong> Dona Estefânia - Doenças do<br />
Sistema Nervoso – Resultados Preliminares: 2000/02/04/06/08<br />
Marília José Marques Galinha 1 ; Costa M 2 ; Gouveia S 2 ; Crujo M 3 ; Fitas A 3 ;<br />
Franscisco T 3 ; Lopes P 3 ; Marques F 3 ; Nóbrega S 3 ; Queiroz G 3 ; Santos S 3 ; Simão<br />
S 3 ; Salvador M 3 ; Brissos J 3 ; Casimiro A 3 ; Cordovil C 3 ; Neves C 3 ; Coelho M 3<br />
1- Hospital Rainha Santa Isabel - Centro hospitalar Medio Tejo; 2- H. <strong>de</strong><br />
Santa Marta - Centro Hospitalar Lisboa Central; 3- Hospital Dona Estefânia<br />
- Centro Hospitalar Lisboa Central<br />
Introdução: A urgência pediátrica (UP) po<strong>de</strong> ser um observatório epi<strong>de</strong>mio -<br />
lógico da patologia e da sua evolução na comunida<strong>de</strong>. A patologia do Sistema<br />
Nervoso (SN), nomeadamente, os episódios convulsivos e as cefaleias são<br />
motivo frequente <strong>de</strong> vinda à UP do Hospital <strong>de</strong> Dona Estefânia (HDE).<br />
Objectivo: Caracterizar os casos que recorreram à UP nos anos<br />
2000/02/04/06/08 cujo diagnóstico principal se encontrava englobado no<br />
grupo nosológico “Doenças do SN” (ICD-9ª- MC mod.). Material e Méto -<br />
dos: Análise retrospectiva aleatorizada das 362.768 fichas <strong>de</strong> atendimento no<br />
período em referência – Amostragem <strong>de</strong> 46.768 fichas <strong>de</strong> atendimento.<br />
Foram seleccionadas as fichas cujo diagnóstico principal estava incluído no<br />
grupo doenças do SN. Foram tratados informaticamente dados <strong>de</strong>mográficos,<br />
nosológicos, meios complementares, terapêuticas e resultados. Realizou-se<br />
análise <strong>de</strong>scritiva (frequências) e estudo associação entre variáveis (teste Quiquadrado)<br />
recorrendo ao SPSS 18.0. Resultados:I<strong>de</strong>ntificaram-se 603 casos<br />
(1,28% da amostra), 51,5% do sexo feminino e 38,3% com ida<strong>de</strong> entre 5 e 11<br />
anos. Sessenta por cento proveniente da região <strong>de</strong> Lisboa.Cinquenta e sete<br />
por cento recorreu à UP entre as 8 e as 18 horas, 84% não foram referenciados,56,6%%<br />
triados como urgentes (Nível 2 <strong>de</strong> 0-3). As entida<strong>de</strong>s nosológicas<br />
mais frequentes foram: Enxaqueca/ cefaleia <strong>de</strong> tensão (52,1%), convulsões<br />
(C.não-febril/Epilepsia - 19,7% e convulsões febris - 13,4%). Sessenta<br />
por cento das crianças admitidas por convulsão (febril ou não febril/epilepsia)<br />
eram do sexo masculino. Verificou-se uma maior incidência <strong>de</strong> convulsões<br />
febris no 2º ano <strong>de</strong> vida (41%) enquanto que as convulsões não febris e<br />
epilepsia foram mais frequentes em crianças acima dos 5 anos. As cefaleias<br />
<strong>de</strong> tensão/enxaquecas e cefaleias não-caracterizadas foram igualmente mais<br />
comuns acima dos 5 anos (81,1% e 82,4% respectivamente) com 60% das<br />
cefaleias não-caracterizadas em doentes do sexo feminino. Na maioria dos<br />
doentes (75,5%) não foram realizados MCDs. Dos doentes com patologia do<br />
SN, 72% foram observados por Neuropediatria, em particular 88% dos casos<br />
<strong>de</strong> cefaleias <strong>de</strong> tensão/enxaqueca e 90% das convulsões não febris (contra<br />
29,6% das convulsões febris). A maioria teve alta sem referenciação (39,6%)<br />
ou orientada para o médico assistente (32,4%). Conclusões: As convulsões e<br />
cefaleias foram motivos frequentes <strong>de</strong> vinda à UP no período das 8-18h tendo<br />
sido a gran<strong>de</strong> maioria classificados como casos urgentes ou muito urgentes.<br />
Palavras-chave: Cefaleias convulsões urgência neurologia.<br />
PD247 - Enxaqueca confusional-caso clínico<br />
Joana Grenha 1 ; Dalila Rocha 1 ; Cristina Costa 1 ; Fátima Santos 1<br />
1- Centro Hospitalar <strong>de</strong> Vila Nova <strong>de</strong> Gaia e Espinho<br />
Introdução: A enxaqueca confusional é uma variante da enxaqueca em ida<strong>de</strong><br />
pediátrica. Apresenta-se como um estado agudo <strong>de</strong> confusão, habitualmente<br />
com agitação, disartria, distúrbios <strong>de</strong> memória, alterações visuais e cefaleias.<br />
O electroencefalograma (EEG) tipicamente mostra lentificação generalizada<br />
no período crítico, sendo os restantes exames normais. Caso clínico: É apresentado<br />
o caso <strong>de</strong> um adolescente <strong>de</strong> 12 anos, saudável, que recorreu ao<br />
Serviço <strong>de</strong> Urgência por episódio que se iniciou com alterações visuais (luzes<br />
brancas) duas horas antes da admissão, durante exercício físico, ao que se<br />
seguiu cefaleia em aperto frontal e biparietal intensa, progressiva, com fotofobia<br />
e fonofobia. Sem náuseas ou vómitos. No pico da cefaleia surge afasia<br />
<strong>de</strong> expressão durante alguns minutos e posteriormente, disfasia e estado confusional.<br />
Negava consumo <strong>de</strong> substâncias tóxicas ou traumatismo. A mãe<br />
tinha história positiva <strong>de</strong> enxaqueca. À admissão apresentava-se sonolento,<br />
pálido, sem febre. Cumpria or<strong>de</strong>ns simples mas com dificulda<strong>de</strong> na sua com-<br />
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