acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria
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Acta Pediatr Port 2010:41(5):S58<br />
lógica sem alterações relevantes, incluindo: ecodoppler caroti<strong>de</strong>o, EEG,<br />
ECG, Holter, ecocardio grama transtorácico, exame citoquímico e bacterio -<br />
lógico do LCR, hemo grama, bioquímica, perfil lipídico, electroforese da<br />
hemoglobina, pesquisa <strong>de</strong> vírus neurotrópicos no sangue e LCR, estudo da<br />
coagulação, auto-imunida<strong>de</strong>, metabólico e genético protrombótico. Durante<br />
os inter namentos verificou-se uma melhoria progressiva da função motora<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o segundo dia. Nos três casos com seguimento superior a um ano (14,<br />
16 e 60 meses) foi repetida Angio-RMN que <strong>de</strong>monstrou lesão nucleocapsular<br />
sequelar, com melhoria significativa da estenose da ACM. Actualmente<br />
as quatro crianças apresentam apenas sinais neurológicos minor, não se<br />
tendo verifi cado nenhuma recorrência. Mantêm terapêutica com AAS.<br />
Discussão: A arteriopatia cerebral pós-va ri cela apresenta-se tipicamente<br />
como uma hemipa résia súbita, causada por enfarte isquémico nucleocapsular<br />
secundário a estenose focal do segmento proximal da ACM. Deve ser<br />
consi<strong>de</strong>rada em crian ças previamente saudáveis, com história <strong>de</strong> varicela<br />
nos 12 meses prece<strong>de</strong>ntes e achados imagiológicos típicos. No entanto,<br />
sendo um diagnóstico <strong>de</strong> exclusão, é necessário proce<strong>de</strong>r a uma investigação<br />
etiológica cuidadosa para excluir outras causas <strong>de</strong> AVC na criança. O<br />
prognóstico é favorável na maioria dos casos, po<strong>de</strong>ndo persistir um grau<br />
variá vel <strong>de</strong> hemiparésia ou hemidistonia.<br />
Palavras-chave: Varicela, hemiparésia, arteriopatia cerebral.<br />
PAS101 - Consulta <strong>de</strong> Neuropediatria num hospital <strong>de</strong> nível II – Será<br />
pertinente a sua existência?<br />
Marta Amado 1 ; Maria José Fonseca 2 ; Helena Drago 1<br />
1- Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio; 2- Hospital Garcia <strong>de</strong> Orta<br />
Introdução: A patologia do foro neurológico é um motivo <strong>de</strong> referência frequente<br />
em <strong>Pediatria</strong> que, pela sua complexida<strong>de</strong> e diversida<strong>de</strong>, suscita, por<br />
vezes, dúvidas no diagnóstico, investigação e terapêutica. Assim, a consultadoria<br />
<strong>de</strong> Neuropediatria num hospital <strong>de</strong> nível II constitui um importante<br />
apoio na avaliação, orientação e seguimento <strong>de</strong>stes doentes. Objectivos:<br />
Caracterizar os doentes observados na consulta <strong>de</strong> Neuropediatria, do Centro<br />
Hospitalar do Barlavento Algarvio (CHBA), os principais motivos <strong>de</strong> refe -<br />
renciação e os diagnósticos mais frequentes. Material e Métodos: Estudo<br />
<strong>de</strong>scrito e retrospectivo dos processos das crianças observadas, pela primeira<br />
vez, na consulta mensal <strong>de</strong> Neuropediatria, <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2005 a Dezembro<br />
<strong>de</strong> 2009 (n=226). Resultados: Nas 226 primeiras consultas realizadas verificou-se<br />
um predomínio do sexo masculino (69,91%) e uma mediana <strong>de</strong> sete<br />
anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Analisaram-se os motivos <strong>de</strong> referência: perturbações do<br />
<strong>de</strong>senvolvimento (23,95%), episódios paroxísticos (20,91%), cefaleias<br />
(7,98%), dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem (7,60%), alterações do comporta -<br />
mento (7,22%), paralisias cerebrais (4,94%), alterações nos exames complementares<br />
<strong>de</strong> diagnóstico (3,80%) e défices <strong>de</strong> atenção e/ou hiperactivida<strong>de</strong><br />
(3,42%) e correlacionaram-se com os diagnósticos principais na consulta,<br />
<strong>de</strong>stacando-se: atraso global do <strong>de</strong>senvolvimento (14,65%), epilepsia<br />
(11,36%), paralisia cerebral (8,79%), cefaleia (8,79%), perturbação do espectro<br />
do autismo (8,06%), défice cognitivo (5,49%), crise paroxística mal escla -<br />
recida (4,76%) e défice <strong>de</strong> atenção e/ou hiperactivida<strong>de</strong> (4,40%). Comentários:<br />
O elevado recurso à consulta e a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> patologia neuroló gica<br />
observada justificam a <strong>de</strong>slocação regular do Neuropediatra a um hospital <strong>de</strong><br />
nível II, como o CHBA. A observação directa <strong>de</strong> crianças seleccionadas e a<br />
partilha do seu seguimento com os pediatras locais evita longas <strong>de</strong>slocações<br />
dos doentes, e suas famílias, a hospitais <strong>de</strong> referência <strong>de</strong>sta sub-especialida<strong>de</strong>.<br />
A gravida<strong>de</strong> ligeira <strong>de</strong> muitas das situações referenciadas po<strong>de</strong>rá reflectir a<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mais e melhor formação, nesta área, e do reforço da ligação<br />
do hospital aos diferentes serviços da comunida<strong>de</strong>.<br />
Palavras-chave: Neuropediatria, primeira consulta.<br />
PAS102 - Pós-operatório <strong>de</strong> Cirurgia <strong>de</strong> Epilepsia - experiência do Ser -<br />
viço <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> do HSFX<br />
Filipa Carlota Marques 1 ; Vivian Gonçalves 1 ; António Salgado 1 ; Mónica<br />
Marçal 1 ; Raquel Santos 1 ; Pedro Flores 1 ; José Carlos Ferreira 2 ; Pedro Cabral 2<br />
1- Hospital São Francisco Xavier; 2- Hospital São Francisco Xavier- Neuro -<br />
logia Pediátrica<br />
Introdução: Cerca <strong>de</strong> 25% das epilepsias na criança evoluem para formas<br />
refractárias ao tratamento médico. Em casos seleccionados, a Cirurgia <strong>de</strong> Epi -<br />
lep sia constitui uma opção terapêutica, com resultados favoráveis no con trolo<br />
das crises e na melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. O objectivo <strong>de</strong>ste estudo consistiu<br />
na avaliação dos cuidados pós-operatórios das Cirurgias <strong>de</strong> Epilepsia<br />
realizados no Serviço <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> do HSFX. Metodologia: Estudo <strong>de</strong>scritivo,<br />
transversal, <strong>de</strong> revisão <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> 28 Cirurgias <strong>de</strong> Epilepsia, no período entre<br />
1 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2007 e 30 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 2010. Analisaram-se dados referentes a<br />
caracterização <strong>de</strong>mográfica da amostra, antece<strong>de</strong>ntes familiares e pessoais e<br />
evolução do período pós-operatório imediato, incluindo monitori zação, atitu -<br />
<strong>de</strong>s terapêuticas e complicações durante o internamento. Resultados: Foram<br />
realizados 28 pós-operatórios <strong>de</strong> Cirurgia <strong>de</strong> Epilepsia. Dezas sete (65,4%) são<br />
do sexo masculino e a mediana <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>s à data da cirurgia foi <strong>de</strong> 7 anos. Em<br />
relação aos diagnósticos <strong>de</strong>stacamos cinco crianças com esclerose tuberosa,<br />
oito com displasia cortical, duas encefalites <strong>de</strong> Ras mussen, um DNET e um<br />
ganglioglioma. Foram realizadas 16 lesionectomias, sete ressecções do lobo<br />
temporal, três calosotomias, uma lobectomia frontal e uma cirurgia para monitorização<br />
invasiva por EEG, sem exérese. O pós-ope ratório imediato foi<br />
reali zado numa Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cuidados Especiais Pediátricos, com média <strong>de</strong><br />
duração <strong>de</strong> internamento <strong>de</strong> 3,71 dias. A taxa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> foi <strong>de</strong> 0%.<br />
Registaram-se como intercorrências mais frequentes no pós-operatório: vómitos<br />
(em catorze casos, dos quais <strong>de</strong>z necessitaram <strong>de</strong> terapêutica anti-emé -<br />
tica), febre (em catorze casos, dos quais dois foram submetidos a terapêutica<br />
antibiótica empírica, sem isolamento <strong>de</strong> agente e num diagnosticou-se infec -<br />
ção urinária), crises epilépticas (em doze casos) e hiperglicémia transitória e<br />
auto-limitada. Das restantes intercorrências <strong>de</strong>stacamos anemia aguda por<br />
perdas intra-operatórias em três casos e um quadro <strong>de</strong> Diabetes Insípida central.<br />
À data <strong>de</strong> alta, 16 crianças não tinham tido recorrência das crises, cinco<br />
tinham sequelas neurológicas (hemiparesia) e uma ficou com quadro <strong>de</strong><br />
Diabetes Insípida central. Comentários: Este estudo representa uma primeira<br />
reflexão na avaliação dos cuidados pós-operatórios <strong>de</strong> Cirurgia <strong>de</strong> Epilepsia<br />
pediátrica no nosso Serviço. No global, as intercorrências pós-operatórias<br />
foram as esperadas <strong>de</strong> acordo com o tipo <strong>de</strong> cirurgia e sobreponíveis às <strong>de</strong>s -<br />
critas na literatura.<br />
Palavras-chave: Cirurgia <strong>de</strong> Epilepsia, pós-operatório, casuística.<br />
PAS103 - Hiperargininémia: A Importância do Programa <strong>de</strong> Diagnóstico<br />
Precoce<br />
António Jorge Cabral 1 ; Paulo Rego Sousa 1 ; Ana Cristina Aveiro 1 ; Joana<br />
Oliveira 1 ; Rui Vasconcelos 1<br />
1- Hospital Central do Funchal<br />
Introdução: O Programa Nacional <strong>de</strong> Diagnóstico Precoce abrange actualmente<br />
uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> doenças do metabolismo cujo diagnóstico atempado<br />
permite a aplicação <strong>de</strong> medidas que melhoram o seu prognóstico. Os autores<br />
apresentam 2 casos clínicos <strong>de</strong> Hiperargininémia, um dos quais diagnosticado<br />
através <strong>de</strong>ste Programa. Caso 1: CST, sexo masculino, nascido a<br />
17/12/1990 com antece<strong>de</strong>ntes familiares <strong>de</strong> consanguinida<strong>de</strong> (pais primos <strong>de</strong><br />
1º grau), atraso psicomotor, hidrocefalia, perda <strong>de</strong> aquisições. Desenvolvi -<br />
mento estaturo-pon<strong>de</strong>ral (EP) e psicomotor (PM) aparentemente normais até<br />
aos 18 meses, altura em que são referidas quedas frequentes <strong>de</strong> agravamento<br />
progressivo notando-se a partir dos 2,5 anos um quadro <strong>de</strong> atraso psicomotor<br />
com regressão das aquisições e posterior diplegia espástica. Foi feito diagnóstico<br />
<strong>de</strong> Hiperargininémia com 4 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> no Hospital Distrital do<br />
Funchal, sendo iniciada uma dieta hipoproteica, benzoato <strong>de</strong> sódio e carni -<br />
tina, com avaliações periódicas <strong>de</strong> argininémia. Aos 8 anos inicia convulsões<br />
sendo necessária terapêutica com Carbamazepina. Aos 11 anos apresenta 1º<br />
episódio <strong>de</strong> <strong>de</strong>scompensação metabólica na sequência <strong>de</strong> uma infecção<br />
respira tória que conduziu a coma. Em Setembro <strong>de</strong> 2002 é referenciado à<br />
Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Doenças Metabólicas do Hospital <strong>de</strong> Santa Maria, tendo alta com<br />
manu tenção da terapêutica anterior e plano <strong>de</strong> fisioterapia. Presentemente é<br />
seguido na consulta <strong>de</strong> Neuropediatria, mantém quadro neurológico com<br />
diplegia espástica e episódios convulsivos esporádicos. Caso 2: GFM, sexo<br />
masculino, nascido a 25/5/2006, pais consanguíneos (primos em 3º grau), que<br />
apresentou rastreio positivo para Hiperargininémia. O doseamento inicial <strong>de</strong><br />
arginina sérica foi <strong>de</strong> 150uM. Foi realizado estudo genético com i<strong>de</strong>ntificação<br />
da mutação T253I em heterozigotia, com mãe portadora. Iniciou dieta<br />
hipoprotéica e benzoato <strong>de</strong> sódio com diminuição progressiva dos valores <strong>de</strong><br />
argininémia. Actualmente apresenta <strong>de</strong>senvolvimento PM e EP a<strong>de</strong>quado.<br />
Conclusão: A Hiperargininémia é uma doença metabólica hereditária do<br />
ciclo da ureia, autossómica recessiva <strong>de</strong>vida à <strong>de</strong>ficiência da arginase I.<br />
Caracteriza-se bioquimicamente por um aumento persistente da concentração<br />
sanguínea <strong>de</strong> arginina e clinicamente por convulsões, atraso PM, diplegia<br />
espástica, hiperactivida<strong>de</strong> e atraso EP. A <strong>de</strong>tecção precoce permite a instauração<br />
<strong>de</strong> uma dieta hipoproteica suplementada com aminoácidos essenciais<br />
que possibilita um <strong>de</strong>senvolvimento a<strong>de</strong>quado com melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
vida da criança.<br />
Palavras-chave: Rastreio precoce argininémia.<br />
S58