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acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria

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Acta Pediatr Port 2010:41(5):S56<br />

evolução para falência hepática aguda (FHA) em 1 a 2% dos infectados.<br />

Caso Clínico: Adolescente <strong>de</strong> 12 anos, sexo feminino, previamente saudá -<br />

vel, observada no Centro Hospitalar do Alto Ave por apresentar vómitos <strong>de</strong><br />

contéudo alimentar, icterícia das escleróticas e dor abdominal em cólica <strong>de</strong><br />

localização epigás trica e no hipocôndrio direito com 24 horas <strong>de</strong> evolução,<br />

associados a colúria e astenia com 2 semanas <strong>de</strong> evolução. Epi<strong>de</strong>miolo -<br />

gicamente salienta-se o consumo <strong>de</strong> água <strong>de</strong> poço. Analiticamente apresentava<br />

citólise hepática e coagulopatia, tendo sido transferida ao fim <strong>de</strong> 24h<br />

para o hospital S. João, para continuação <strong>de</strong> investigação etiológica.<br />

Manteve-se clinicamente estável durante as primeiras 48 horas, após o que<br />

iniciou sintomatologia sugestiva <strong>de</strong> encefalopatia (grau III). Analiticamente<br />

foi observado agravamento da citólise, da colestase e da coagulopatia,<br />

refractária ao tratamento com vitamina K. Foi admitida na Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Cuidados Intensivos e após estabilização foi transfe rida para o Hospital<br />

Pediátrico <strong>de</strong> Coimbra, centro <strong>de</strong> referência no transplante hepático<br />

pediátrico. Submetida a transplante no mesmo dia da admissão, com su -<br />

cesso. Na extensa pesquisa etiológica efectuada foi <strong>de</strong>tectada serologia IgM<br />

positiva para o VHE. Comentários: Apesar da baixa inci dência <strong>de</strong> FHA por<br />

infecção pelo VHE, a sua pesquisa nos casos <strong>de</strong> FHA ou hepatites agudas<br />

<strong>de</strong> etiologia não esclarecida <strong>de</strong>ve ser contemplada, mesmo na ausência <strong>de</strong><br />

história <strong>de</strong> viagens para áreas endémicas. Realçamos, ainda, a importância<br />

do seguimento dos doentes com insuficiência hepática aguda em serviços<br />

com apoio multidisciplinar, nomeadamente <strong>de</strong> cuidados intensivos, bem<br />

como da fácil referenciação ao centro <strong>de</strong> transplante, dada a possibi lida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> rápida evolução para encefalopatia e situação neurológica irreversível<br />

nestas circunstâncias.<br />

Palavras-chave: Falência hepática aguda; hepatite E.<br />

PAS94 - Doença Celíaca em Familiares Directos <strong>de</strong> Crianças Celíacas<br />

Andreia Oliveira 1 ; Rosa Lima 1 ; Sandra Costa 1 ; Isabel Soro 1 ; Rita Regadas 1 ;<br />

Hél<strong>de</strong>r Cardoso 2 ; Ana Luísa Cunha 3 ; Mariana Terra 4 ; Fátima Carneiro 3 ;<br />

Eunice Trinda<strong>de</strong> 1 ; Jorge Amil Dias 1<br />

1- Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Gastrenterologia Pediátrica, Serviço <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong>, Hospital São<br />

João; 2- Serviço <strong>de</strong> Gastrenterologia, Hospital São João; 3- Serviço <strong>de</strong><br />

Anatomia Patológica, Hospital São João; 4- Investigadora <strong>de</strong> Bioquímica,<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Gastrenterologia Pediátrica, Hospital São João<br />

Introdução: A Doença Celíaca (DC) é uma enteropatia imuno-mediada<br />

<strong>de</strong>sen ca<strong>de</strong>ada pela presença <strong>de</strong> glúten em indivíduos susceptíveis. Os fami -<br />

lia res directos <strong>de</strong> doentes celíacos representam um grupo <strong>de</strong> alto risco para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta patologia, pelo que o seu rastreio po<strong>de</strong>rá ser <strong>de</strong>terminante<br />

na prevenção das complicações a longo prazo da DC. Objectivo.<br />

Determinar a prevalência da doença celíaca em familiares directos <strong>de</strong> crian -<br />

ças com DC. Metodologia. Estudo prospectivo que consistiu na realização <strong>de</strong><br />

rastreio da DC a familiares directos <strong>de</strong> crianças celíacas, durante um período<br />

<strong>de</strong> 19 meses (01/01/2009 a 31/07/2010), através <strong>de</strong> um teste rápido capilar<br />

imunocromatográfico para a <strong>de</strong>tecção qualitativa <strong>de</strong> anticorpos IgA antitrans<br />

glutaminase (anti-tTG). Nos casos em que este teste <strong>de</strong> rastreio foi posi -<br />

tivo, aconselhou-se a investigação adicional com o doseamento serológico<br />

dos anticorpos anti-tTG e biopsia endoscópica duo<strong>de</strong>nal. A classificação histológica<br />

das biopsias intestinais foi realizada por Anatomopatologista segundo<br />

a classificação <strong>de</strong> Marsh-Oberhuber. Este projecto foi financiado pelo<br />

Centro <strong>de</strong> Investigação do Hospital São João. Resultados: Realizou-se o rastreio<br />

a 268 familiares directos (232 pais, 36 irmãos) correspon<strong>de</strong>ntes a 163<br />

crianças com DC. Dos familiares testados, doze (4.5%) tiveram resultado<br />

positivo. Um familiar com teste <strong>de</strong> rastreio positivo recusou prosseguir a<br />

investigação. Nos restantes familiares com teste positivo (n=11) realizou-se a<br />

investigação adicional, e diagnosticou-se DC em sete familiares directos<br />

(2.6%). Estes doentes (5 mães, 2 pais) tinham uma ida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 40 anos<br />

(27 - 56), sintomas digestivos ligeiros na maioria (diarreia recorrente = 2,<br />

obsti pação = 1, pirose = 1, epigastralgia = 1), associado a título elevado <strong>de</strong><br />

anticorpos anti-TG e biópsia duo<strong>de</strong>nal com alterações histológicas diagnós -<br />

ticas. Todos os familiares diagnosticados estão sob dieta isenta <strong>de</strong> glúten e<br />

seguimento especializado. Conclusões: A prevalência da DC nos familiares<br />

directos (2.6%) foi cinco vezes superior à verificada na população em geral.<br />

Embora as recomendações para o rastreio <strong>de</strong> indivíduos assintomáticos dos<br />

grupos <strong>de</strong> alto risco, como os familiares directos, não sejam unânimes, o<br />

diagnóstico é importante na i<strong>de</strong>ntificação da doença e redução das complicações,<br />

nomeadamente os défices nutricionais e neoplasia.<br />

Palavras-chave: Doença celíaca, prevalência, rastreio, familiares.<br />

PAS95 - Megacólon secundário a obstipação crónica – quando necessária<br />

a abordagem cirúrgica?<br />

Filipa Vilarinho 1 ; Joana Regala 2 ; Cristina Borges 2 ; Paolo Casella 2<br />

1- Hospital Distrital <strong>de</strong> Santarém; 2- Hospital Dona Estefania<br />

Introdução: A prevalência da obstipação nas crianças é elevada, contri buindo<br />

para 3 a 5% das consultas <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong>. O tratamento é simples. Porém, nalguns<br />

casos, po<strong>de</strong> ser insuficiente, po<strong>de</strong>ndo surgir complicações com necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

uma abordagem mais agressiva. Caso Clínico: Adolescente, sexo feminino,<br />

inserida em família classe IV <strong>de</strong> Graffard. Antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> obstipação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os<br />

5 anos, com posterior associação <strong>de</strong> incontinência urinária. Aos 8 anos inicia<br />

soiling, e aos 15 anos, ocorreu agravamento do quadro, com períodos <strong>de</strong> até 15<br />

dias sem <strong>de</strong>jecções e encoprese, recorrendo frequentemente á utilização <strong>de</strong> laxantes.<br />

Gravi<strong>de</strong>z aos 16 anos, com necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cesariana <strong>de</strong> emergência ás<br />

39s por fecaloma gigante imp<strong>acta</strong>do. Posteriormente referenciada ao Hospital<br />

Dona Estefânia para remoção do fecaloma. Apresentava distensão abdominal<br />

com massa palpável. Radiografia simples do abdómen confirmou a presença <strong>de</strong><br />

fecaloma. Fez <strong>de</strong>simp<strong>acta</strong>ção sob anestesia geral. Clister Opaco revelou<br />

Megarectasigma; Biopsia intesti nal e Manometria excluíram Doença<br />

Hirschsprung. Um mês <strong>de</strong>pois, teve necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> re-internamento para nova<br />

<strong>de</strong>simp<strong>acta</strong>ção, apesar <strong>de</strong> terapêutica oral <strong>de</strong> manutenção. Discussão: A adolescente<br />

apresenta uma obstipação funcional complicada <strong>de</strong> Megarectasimga.<br />

Apesar da terapêutica <strong>de</strong> manutenção, teve vários episódios <strong>de</strong> imp<strong>acta</strong>ção.<br />

Pon<strong>de</strong>ra-se abordagem cirurgia inovadora – ressecção rectasigmoi<strong>de</strong> via<br />

transanal. Esta técnica já utilizada no tratamento da Doença <strong>de</strong> Hirschsprung e<br />

prolapso rectal, sendo uma alternativa cirúrgica menos invasiva para a obstipação<br />

idiopática refractária ao tratamento médico, com dilatação do cólon, sigmói<strong>de</strong><br />

e recto. Permite uma melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, com manutenção da<br />

continência fecal e redução dramática da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> laxantes.<br />

Palavras-chave: Megacólon, Obstipaçao crónica, cirurgia.<br />

PAS96 - Factores condicionantes do Aleitamento Materno: importância<br />

<strong>de</strong> uma intervenção médica na 2ª semana após nascimento<br />

Gustavo Queirós 1 ; Marta Correia 2 ; Cândida Men<strong>de</strong>s 2 ; Florbela Cunha 2 ; Mário<br />

Paiva 2 ; Mário Paiva 2<br />

1- Hospital Dona Estefânia - CHLC EPE; 2- Hospital Reynaldo dos Santos<br />

Introdução: A OMS recomenda o aleitamento materno (AM) exclusivo até<br />

aos 6 meses. No entanto, em muitos países industrializados, o abandono precoce<br />

continua a ser elevado. Em Portugal, estudos recentes indicaram taxas<br />

<strong>de</strong> prevalência <strong>de</strong> AM <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 55% e 35% aos 3 e 6 meses, respectivamente.<br />

Reconhece-se actualmente que o AM <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> múltiplos factores<br />

socio-culturais e da intervenção dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Objectivo:<br />

Estudar a influência <strong>de</strong> uma consulta médica, na 2ª semana após o nasci -<br />

mento, na taxa <strong>de</strong> abandono do AM. Analisar os factores que condicionaram<br />

o AM nos primeiros 6 meses <strong>de</strong> vida. Material e Métodos: Estudo prospectivo<br />

aleatorizado, tipo caso-controlo, através <strong>de</strong> um questionário base e seguimento<br />

<strong>de</strong> RN nascidos no Hospital <strong>de</strong> Reynaldo dos Santos num período <strong>de</strong><br />

4 meses. Proce<strong>de</strong>u-se à aleatorização <strong>de</strong> 2 grupos através do MSExcel<br />

2007®. Os dados foram colhidos telefonicamente aos 1, 3 e 6 meses. No<br />

grupo <strong>de</strong> intervenção foi realizada na 2ª semana <strong>de</strong> vida, uma consulta mé -<br />

dica padronizada para esclarecimento e promoção do AM. Análise estatística<br />

realizada através do SPSS v17®(teste do qui-quadrado e T stu<strong>de</strong>nt;<br />

p&lt;0,05). Resultados: Foram estudados 262 RN (22,5% total partos anual),<br />

161 do grupo controlo, 101 do grupo <strong>de</strong> intervenção. As taxas <strong>de</strong> AM globais<br />

foram 79,5%, 56,7% e 31,6% aos 1, 3 e 6 meses, respectivamente. Não houve<br />

diferença estatisticamente significativa nas taxas <strong>de</strong> abandono nos dois grupos<br />

estudados. O factor socio-<strong>de</strong>mográfico estatisticamente relacionado com<br />

o sucesso foi a experiência <strong>de</strong> AM prévio. Os principais condicionantes clínicos<br />

associados ao abandono foram o parto por cesariana e a suplementação<br />

com leite adaptado (LA) na maternida<strong>de</strong> ou nos primeiros 15 dias <strong>de</strong> vida. As<br />

razões mais frequentemente invocadas para introdução <strong>de</strong> LA foram hipo ga -<br />

láctia (33,9%), choro do RN (29,4%) e má progressão pon<strong>de</strong>ral (18,6%).<br />

Conclusões: As taxas <strong>de</strong> AM encontradas são sobreponíveis aos estudos<br />

nacionais. Uma consulta médica adicional na 2ª semana <strong>de</strong> vida não revelou<br />

influenciar positivamente o AM. Os principais factores relacionados com o<br />

sucesso foram os culturais. A introdução precoce <strong>de</strong> LA conduziu frequentemente<br />

ao abandono, sendo a estadia na maternida<strong>de</strong> e os primeiros 15 dias <strong>de</strong><br />

vida períodos-chave para o sucesso da amamentação. Medidas como uma<br />

consulta pré-natal, rooming-in imediato nos partos distócicos e a introdução<br />

criteriosa <strong>de</strong> LA po<strong>de</strong>rão ter impacto na melhoria das taxas <strong>de</strong> AM.<br />

Palavras-chave: Aleitamento materno estudo prospectivo.<br />

S56

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