tecnologia e intera - UTFPR
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outro sentido, variando conforme o contexto da história. Mesmo sem trocar o tipo da letra, seu<br />
incremento ou decremento dentro do balão pode ter significado, como na história de Uderzo e<br />
Goscinny, onde primeiramente vemos o incremento da letra, fazendo com o que o leitor ouça<br />
este som mais alto do que os demais. Logo a seguir, vemos a letra diminuindo, ao mesmo tempo<br />
que as linhas cinéticas indicam que a personagem foi arremessada para cima, assim o leitor<br />
ouve o som se afastando.<br />
Figura 91. Letra diminuíndo.<br />
Fonte: GOSCINNY, René & UDERZO, Albert. O Caldeirão. Rio de Janeiro: Record, 2001. p.07<br />
Eisner (2001) nos lembra que várias vezes artistas tentaram “conferir dignidade”<br />
aos quadrinhos utilizando tipos mecânicos ao invés de uma letreiragem feita pelo artista, à<br />
mão. Nenhuma dessas tentativas, até a intervenção informática, lograram êxito, pois o efeito<br />
mecânico da tipografia tirava da história a personalidade do artista. Segundo Saraceni (2003),<br />
nos quadrinhos o valor gráfico das palavras pode ser melhor explorado porque graças ao desenho<br />
das letras, há mais liberdade para os artistas. A letra desenhada também é mais efetiva porque<br />
tendemos a associar escrita manual ao ser humano. Os tipos irregulares das letras lembram as<br />
maneiras irregulares que as pessoas falam, com variação de tonalidade e volume.<br />
A partir da década de 1990, como já mencionamos, esta capacidade de criação de<br />
tipos irregulares também ficou, na maioria das vezes, à cargo de pessoas que se utilizavam<br />
do computador para esta tarefa, produzindo quantidade grande de fontes para que o artista<br />
utilize. Atualmente há tipos próprios para o letreiramento de histórias em quadrinhos, onde<br />
pode-se encontrar, inclusive, diferentes formas para a mesma letra. Tudo para imprimir o<br />
efeito de escrita manual do artista. Há até um estilo próprio de letra intitulado cartoon, ou<br />
comic, que serve justamente para este fim. Uma simples busca em um website especializado<br />
em fontes tipográficas gratuitas na internet revela a existência de 630 tipos especializados em<br />
quadrinhos e diferentes entre si, livres para uso comercial. A liberdade do artista, comentada<br />
por Sarraceni (2003) continua efetiva graças à miríade de fontes facilmente encontradas. Além<br />
disso, se o artista efetivamente desejar, pode ele próprio criar sua fonte personalizada, por meio<br />
de softwares de relativo fácil manuseio.<br />
Há também outros elementos que podem ser colocados dentro dos balões, que não são