tecnologia e intera - UTFPR
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quanto as possibilidades de comercialização e processo de criação.<br />
O grau de <strong>intera</strong>ção social proporcionado pelos webcomics também é fator determinante,<br />
para diferenciá-los das histórias em quadrinhos impressas. O próprio ambiente de comunicação<br />
gerado pela internet é evidenciado por Mendo (2008, p.98) que informa que o ambiente de<br />
rede “propicia maior <strong>intera</strong>tividade, em escala global, e inter-relação entre pessoas.” Com<br />
isto, forma-se novo leitor, mais inserido na comunidade que o cerca, e menos isolado em seus<br />
alfarrábios. O leitor de histórias em quadrinhos digitais não é apenas mais um leitor, é, como<br />
explica Flusser (1985) um interventor.<br />
Webcomics, portanto, são histórias em quadrinhos criadas e distribuídas por meio da<br />
internet. Independente da apresentação, do layout utilizado para contar a trama ou suas temáticas,<br />
é a intenção de criar e veicular online sua principal diferença em relação aos quadrinhos<br />
veiculados em papel. Há autores, como Mendo (2008) ou Franco (2008) que não utilizam este<br />
rótulo, Franco (2008) inclusive utiliza o termo HQtrônicas, mas explica que este termo adaptase<br />
apenas às produções que utilizam-se de recursos impossíveis no papel, tais como uma tela<br />
que se estende infinitamente no navegador, ou animações e sons.<br />
Outros autores que estudam os recursos midiáticos existentes apenas nos quadrinhos na<br />
internet, como McCloud (2006) ou Wolk (2007), não utilizam nenhum tipo de nomenclatura<br />
especial, referindo-se à estas histórias como histórias produzidas para internet ou histórias online.<br />
Estas contradições e diferentes nomes estabelecem-se na medida em que diversos artistas estão<br />
utilizando a internet e os quadrinhos de diferentes formas e com diferentes resultados.<br />
A produção e o consumo também possuem diferentes configurações quando se trata<br />
de quadrinhos produzidos especialmente para a internet. Historicamente, as histórias em<br />
quadrinhos estão inseridas na indústria cultural e o binômio produção/consumo é fundamental<br />
para a compreensão do processo de criação. As formas de produção e as formas de consumo são<br />
modificadas nos webcomics.<br />
As formas de <strong>intera</strong>ção proporcionadas pelos webcomics também parecem ser diferentes<br />
daquelas dos quadrinhos impressos. A presença física do papel, seu formato e tipo, a diagramação,<br />
a proposta gráfica, o ambiente de leitura, a postura corporal, os gestos, apresentam algumas<br />
diferenças em relação aos webcomics. A internet possibilita uma <strong>intera</strong>ção maior entre leitor e<br />
história, leitor e escritor, leitor e outros leitores, como já evidenciou Chartier (1999) ao estudar<br />
os hábitos de leitura das pessoas.<br />
Para os webcomics, existem além das forças culturais, outras formas de <strong>intera</strong>ção<br />
entre leitor e história, entre leitor e escritor e também entre leitores. Sendo que muitas destas<br />
<strong>intera</strong>ções funcionam apenas graças à intervenção da internet, que acaba fazendo com que a<br />
<strong>intera</strong>ção dos webcomics possa ser encarada como diferente da <strong>intera</strong>ção proporcionada pelos<br />
quadrinhos em papel. A construção do significado parece ser diferente nestas diferentes mídias,<br />
como pretendemos demonstrar ao longo deste trabalho.<br />
Os quadrinhos online pertencem, em sua maioria, a uma nova geração de quadrinistas,<br />
que pretende demonstrar seu trabalho por meio digital, onde o encontro com o leitor pode ser