tecnologia e intera - UTFPR
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meio de imagens digitais também pode ser encarado como preservação da memória, ainda<br />
que suprimida, de certa época que não mais existe. Há uma recriação virtual de elementos e<br />
condições que o usuário não pode, seja pelo tempo, seja pelo espaço, ter contato físico. Neste<br />
caso, o virtual parece ser paliativo.<br />
Há também uma identificação com o leitor que apenas fica em seu quarto. E esta pode<br />
ser uma autocrítica, já que o autor também passa algum tempo na frente do computador.<br />
Este tempo “perdido” na frente do computador, na frente da internet, como podemos<br />
perceber na figura 158 está presente em várias das tiras do autor.<br />
Figura 158. Tira 247<br />
Fonte: acesso em 12/01/09<br />
Dahmer diz ao seu leitor, por meio do diálogo metalinguístico que este está gastando seu<br />
tempo na internet. Como o leitor está, neste momento, lendo as tirinhas dos Malvados, a piada<br />
se torna uma autocrítica, levando à indução de que a tira por si só é inútil. E é esta conclusão<br />
que a torna engraçada.<br />
Aspecto também relevante é o fato das personagens falarem com o leitor diretamente,<br />
algo não muito usual na obra de Dahmer. E, graças a esta característica, a noção de tempo<br />
dos quadrinhos, já estudado anteriormente neste trabalho, se reforça. Do primeiro ao último<br />
quadrinho naturalmente passa-se algum tempo. No último dos quadrinhos a personagem fala<br />
isso claramente: “Viu leitor? Passa rapidinho...” A elipse temporal entre os requadros então<br />
parece maior, uma vez que, como já evidenciado por Cirne (1975), este tempo é psicológico e<br />
forjado na mente leitora.<br />
Além deste aspecto podemos destacar que a personagem fala com o leitor sobre o próprio<br />
veículo onde ela é exposta. A personagem fala acerca da vida e de sua passagem, mas também<br />
fala sobre a própria internet. Aqui, Dahmer idealiza um leitor que está lendo na internet a tira.<br />
Apesar de existir possibilidade técnica e mesmo temática para inserir esta tira em um livro ou<br />
mesmo em um jornal de circulação diária, ela parece fazer muito mais sentido quando lida no<br />
próprio suporte onde a personagem conversa com o leitor. A piada se reforça quando o leitor<br />
percebe que está fazendo aquilo que a personagem questiona, construindo-se uma cumplicidade<br />
na produção de significados.<br />
O autor inclusive coloca, na figura 159, na forma do narrador onisciente, o motivo pelo