tecnologia e intera - UTFPR
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Considerações finais<br />
Estudar os webcomics pode ser uma grande contribuição dentro do campo das ciências<br />
humanas, pois aponta para novas manifestações artísticas e sociais e suas implicações.<br />
Ambientados no ciberespaço, estes quadrinhos e suas temáticas nos revelam formas de pensar<br />
da sociedade em relação à <strong>tecnologia</strong> que a permeia. Os Malvados, de André Dahmer, ainda<br />
que não exclusivamente, tratam muito da relação entre pessoas e <strong>tecnologia</strong>, buscando um olhar<br />
crítico, propondo questionamentos, ironizando os problemas, os erros, os usos convencionais e/<br />
ou inesperados.<br />
Com os webcomics podemos estudar representações de <strong>tecnologia</strong> e sociedade,<br />
demonstrados pelos autores para determinados públicos, localizados não mais em nichos<br />
geográficos, mas em nichos de interesses e escolhas. Ao utilizar a internet, globalizada e<br />
mundial, autores de webcomics refletem e fazem refletir sobre questões simbólicas do uso do<br />
aparato tecnológico, ao mesmo tempo que ajudam a construir um imaginário tanto acerca destes<br />
aparatos quanto da sociedade em que vivem, também globalizada e plural. Valores culturais<br />
e sociais são transportados também por estes meios, reforçando ou criticando determinadas<br />
relações de poder e comunicação.<br />
Tais relações também se estabelecem ao compreendermos que com a rede mundial de<br />
computadores, cujo conteúdo torna-se barato, simples e de capilarização global, a facilidade de<br />
inserir quadrinhos no meio digital é tão alta quanto a possibilidade deste cair no esquecimento,<br />
demonstrando a força do binômio produção/consumo.<br />
Oriundos de um processo que iniciou-se com Töpffer no século XIX, a produção e o<br />
consumo das histórias em quadrinhos ganharam novo capítulo ao adicionarmos a internet e<br />
sua abrangência mundial no contexto e no quotidiano de artistas e leitores. Agora novos meios<br />
e novas <strong>intera</strong>ções promovem-se em um emaranhado de novas idéias e novas perspectivas<br />
criativas e de negócios. Os quadrinhos podem ampliar-se tanto no quesito base de leitores<br />
quanto no quesito liberdade no processo criativo, proporcionando ao leitor novas e diferentes<br />
<strong>intera</strong>ções, não pensadas, tampouco possíveis, no suporte impresso.<br />
Percebemos que no presente momento muitos dos quadrinhos originários da internet<br />
estão migrando para outros suportes, como o jornal diário ou os livros de compilações. Tal<br />
fenômeno acontece com André Dahmer, que atualmente além da internet publica suas tiras em<br />
jornais de circulação nacional, como o Jornal do Brasil ou Folha de São Paulo, além de revistas<br />
como a Caros Amigos. Os livros de compilação também estão presentes no rol de maneiras de<br />
consumo de seus quadrinhos. Ao findar esta dissertação, havia quatro livros de Dahmer nas<br />
prateleiras das livrarias: Malvados (produção independente), O Livro Negro de André Dahmer,<br />
Malvados e A Cabeça é a Ilha, sendo os três últimos editados pela editora Desiderata.<br />
Parece haver, então, uma intenção do artista em disponibilizar seu trabalho no maior<br />
número de suportes possível, buscando atingir uma gama cada vez maior de leitores. Portanto,<br />
suas tiras são construídas de forma a não abusar dos recursos multimidiáticos existentes na