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cultura norte-americana criticada pelo exemplo acima, Fort Navajo apresenta o Tenente Blueberry<br />
e é uma história de faroeste diferente, onde o personagem principal não é necessariamente um<br />
herói, e não raro alia-se aos índios contra as tropas norte-americanas. Segundo Patati e Braga<br />
(2006), Charlier e Giraud criaram um anti-herói, uma figura que tinha uma leitura crítica sobre<br />
seu próprio momento, refletindo a crítica de seu escritor acerca do período colonialista norteamericano.<br />
Patati e Braga (2006, p.130) afirmam que Tenente Blueberry,<br />
não é uma série panfletária ou declaradamente politizada. Mas a trama caminha por<br />
caminhos nunca antes trilhados pelo western. Primeiro que a demanda do herói é,<br />
desde o início, impedir as perdas de vidas humanas em geral e não apenas dos colonos<br />
ou soldados. Depois os interesses políticos e empresariais envolvidos na conquista do<br />
oeste são mostradas de modo muito mais realista do que jamais havia sido realizado<br />
antes. O contato de Blueberry com os índios, de alguns dos quais se torna amigo, é<br />
tratado num nível bem mais realista do que nas aventuras de Tex Willer.<br />
O desenho de Tenente Blueberry também se sobressai, apresentando ao mundo Jean<br />
Geraud, ou como preferiu chamar-se depois, Moebius. Seu traço característico, fez com que<br />
Moebius se tornasse desenhista referência no mundo editorial francês, ao mesmo tempo que foi<br />
pretendido por várias editoras tanto nos Estados Unidos quanto em outros países da Europa.<br />
Moebius, então, sem deixar de desenhar Blueberry, junta-se a Phillipe Druillet, Jean-<br />
Pierre Dionnet e Bernard Farkas para a criação da Les Humanoides Associés, editora que lança<br />
em 15 de janeiro de 1975 a seminal revista Métal Hurlant. A revista, segundo Luchetti (1991)<br />
servia para que seus autores pudessem dar livre curso à imaginação, sem ficarem presos às<br />
imposições editorais ou às exigências dos leitores. Estes artistas estavam comprometidos com<br />
sua criatividade, mas também com o consumo de suas histórias, Dionnet define Métal Hurlant<br />
como “uma revista de histórias em quadrinhos e de antecipação, sem heróis musculosos nem<br />
mísseis cromados... Uma revista de fantasmas utilizando a técnica dos quadrinhos de aventuras...”<br />
(DIONNET apud LUCHETTI, 1991, p.124)