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tecnologia e intera - UTFPR

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211<br />

Há também uma crítica à sociedade em geral, bem como uma crítica aos discursos<br />

sobre a importância e força da <strong>tecnologia</strong>. Ainda há a preocupação de Dahmer em criticar a<br />

conjuntura social e a economia. O que ele nos aponta é que o “chato tecnológico” representado<br />

pela personagem que diz-se webdesigner é apenas mais uma face visível do individualismo<br />

característico da sociedade capitalista.<br />

Nesta tira, já no primeiro quadrinho fica evidenciada a qualidade amadorística<br />

salientada por Memória (2005). Como a personagem diz: “Assim como todo mundo, também<br />

sou webdesigner”, ou seja, qualquer pessoa poderia converter-se neste tipo de profissional.<br />

Esta característica é deveras interessante, e a crítica de Dahmer também, uma vez que<br />

é também uma auto-crítica, já que em seu blog o autor explica que foi ele mesmo quem fez<br />

seu website. Assim, como a personagem, e como “todo mundo”, Dahmer também atua como<br />

webdesigner de seu próprio espaço virtual. O artista inclusive utiliza sua falta de conhecimento<br />

mais específico para gerar novas formas de <strong>intera</strong>ção entre leitor e tirinha, dando ao leitor<br />

múltiplas formas de navegação no website.<br />

Mas há outra característica, além do amadorismo, muito presente nos webdesigners<br />

olhados por Dahmer. Para o artista, parece haver uma classe de profissionais pobres e que,<br />

portanto, maculam seu trabalho e esforço pedindo uma quantidade mínima de dinheiro. Isso<br />

porque, como percebemos na figura 172, este profissional está competindo com o amador,<br />

gerando uma disputa injusta do ponto de vista capitalista.<br />

Figura 172. Tira 389<br />

Fonte: acesso em 12/01/09<br />

Há uma clara referência também à mão-de-obra que é substituída pela máquina. Como<br />

diz o autor da tira na voz de sua personagem, “todos vivem de apertar botões”. E o artista acaba<br />

por morrer de fome, em uma sociedade onde a hierarquia é determinada não pelas características<br />

criativas ou técnicas dos indivíduos, mas sim pela capacidade de saber qual botão apertar nas<br />

máquinas.<br />

Há também o questionamento do papel da arte neste novo momento que estamos<br />

vivendo, colocado pelo autor como “modernidade”. A facilidade de se produzir imagens pode<br />

ser confundida com a facilidade de se produzir arte. A imagem técnica parece ser o tipo de arte<br />

dominante na “modernidade” de Dahmer. Como afirma Machado (1997), as “imagens técnicas”

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