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conseguiam rivalizar com os super-heróis em vendagem. Segundo Luchetti (1991), em 1947<br />
a editora lançou Weird Fantasy. Revista que mostrava ao mesmo tempo histórias de romance<br />
e ficção científica. No seu número 13, mudou de nome para Weird Science e trazia apenas<br />
histórias futuristas. Para Luchetti (1991 p.64), as histórias em quadrinhos de ficção científica<br />
“igualaram-se à ficção científica literária”. E a tendência otimista norte-americana oriunda da<br />
vitória na Segunda Guerra aumentou ainda mais a vendagem deste tipo de história, onde havia<br />
ao mesmo tempo a aventura e o ideal pacifista, como nas obras literárias de Isaac Asimov, Arthur<br />
C. Clarke ou Ray Bradbury, reconhecidamente autores que faziam literatura de ficção científica<br />
capaz de abarcar tanto os entusiastas por literatura quanto entusiastas por ficção científica.<br />
Ainda que estes autores não fizessem histórias em quadrinhos, seu estilo narrativo ecoou pelos<br />
quadrinhos, e a vendagem de suas obras também foi importante para a consolidação do gênero<br />
no período.<br />
Nas histórias de terror, a EC publicava, segundo Silva (2006), Crypt of Terror, The Haunt<br />
of Fear, The vault of Terror entre outras. As revistas traziam em suas histórias terror, horror e<br />
suspense, causando polêmica por suas temáticas carregadas de crime e violência. Tornaramse<br />
febre nos Estados Unidos, com vendagens altíssimas e uma produção acelerada capaz de<br />
gerar vários títulos deste gênero de quadrinhos para aplacar a necessidade dos consumidores,<br />
ao mesmo tempo gerando discussões inflamadas a respeito da nocividade desses títulos em<br />
relação às crianças estadunidenses. Segundo Jones (2006), o Federal Bureau of Investigation<br />
(FBI) durante a era McCarthy chegou a abrir ficha para anotar e investigar as atividades de Bill<br />
Gaines, dono da EC e da empresa. Isso porque, ainda de acordo com Jones (2006), a tentativa de<br />
chocar os leitores com histórias contendo cada vez mais violência e crueldade acabou por forçar<br />
o governo americano a tomar uma atitude em relação às preocupações de pais e professores.<br />
Esta atitude chegou com o livro Seduction of the Innocent, do Dr. Frederic Wertham.<br />
Jones (2006, p. 332) informa que o livro, lançado em 1954, expunha todos os argumentos do<br />
autor contra os quadrinhos, “ilustrado pelas imagens mais horrendas que conseguira encontrar”.<br />
Os capítulos tinham títulos como “Eu quero ser um maníaco sexual” ou “Homicídio em casa”.<br />
Para Jones (2006), o livro é cheio de exageros, e causalidades forçadas, como o caso da menina<br />
de 10 anos que se prostituia em um cais norte-americano e que, segundo Wertham, fora ter essa<br />
vida graças à influência dos quadrinhos de crime editados pela EC e outras.<br />
Importante salientar, como faz Gordon (2002), que o ataque de Wertham aos quadrinhos<br />
é uma reação cíclica à nova forma de cultura de massa aparentemente além do controle das<br />
elites culturais. Já no início de seu livro, Wertham deixa claro que seu ataque é contra as revistas<br />
em quadrinhos, não às tiras em jornais. Os motivos desta discriminação vêm dos fato de que<br />
o leitor de jornais é um adulto, portanto consciente, e o leitor das revistas é uma criança ou<br />
adolescente, portanto ainda suscetível aos malefícios de uma literatura de baixa qualidade. Outro<br />
motivo alegado pelo psicólogo é que nos jornais havia um escrutínio por parte dos editores, que<br />
controlavam a publicação. Com isso Wertham deixa claro que as revistas não tinham qualquer<br />
controle, e que também por isso eram nocivas.