tecnologia e intera - UTFPR
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videoclips, gênero intrinsicamente pós-moderno, mescla de música, imagem e texto. Reúne<br />
melodias e imagens de várias épocas, cita coisas fora do contexto, e é despreocupado. O videoclip<br />
abusa das referências, mesmo sem a contextualização. Essa estética do videoclip não funciona<br />
apenas para músicas da MTV 13 . O videoclip é a estética, não o conteúdo. Atualmente temos<br />
clips empresariais, políticos, publicitários, didáticos, que substituem o manual de negócios, o<br />
panfleto, o espetáculo teatral, os comícios eleitorais.<br />
Videoclips são como a arte em fast food. Ainda que sua utilização seja menor do que se<br />
havia previsto em décadas passadas, o consumidor está cada vez mais exigindo produtos rápidos<br />
e facilmente digeríveis, que podemos exemplificar com a duração dos programas da MTV, que<br />
possuem em torno de 15 minutos, ou dos programas de entrevistas, onde cada entrevista também<br />
tem esta média de tempo. Além disso, como salienta Martín-Barbero(2004), há a prática do<br />
zapping, ou seja, a troca de canais compulsiva proporcionada pela invenção do controle remoto,<br />
que leva à mudança dos excessivos canais existentes atualmente principalmente nas televisões<br />
por assinaturas, que possuem de 100 a 350 canais para o assinante.<br />
Este novo leitor, em meio a tantas explosões e fusões de idéias, comporta-se mais como<br />
um agregador de material do que propriamente aquilo que Chartier (1999) chama de leitor<br />
fiel. Há inclusive uma certa dificuldade em prever o que fará este leitor. Para Chartier (1999)<br />
esta que aí está é a primeira geração composta pelo texto eletrônico, e ela precisa se adaptar<br />
à aprendizagens novas. O autor inclusive explica que, diferente de alguns anos atrás, quando<br />
um leitor profissional perambulava por uma biblioteca, junto aos livros, procurando o que lhe<br />
importava, atualmente o leitor só precisa se dirigir ao seu computador. Pela primeira vez, livros<br />
e leitor podem estar em locais separados.<br />
O leitor de quadrinhos online ainda tem a particularidade da participação. Benjamin<br />
(1996) percebeu esta possível participação do leitor enquanto fenômeno da cultura de massa já<br />
em sua gênese. Para o filósofo, havia no início dos jornais uma separação clara que foi ficando<br />
cada vez mais tênue entre escritor e leitor. De início com as “cartas dos leitores” ou “sessão de<br />
cartas”, os leitores começaram a opinar mais acerca do que liam, diminuindo a dicotomia entre<br />
leitor e escritor, chegando, hoje, ao ápice dos blogs 14 de internet, onde todos são leitores e todos<br />
são escritores.<br />
Plaza (2009), diz que as interfaces também afetam o leitor, e que este possui diversas<br />
formas de incluir-se na obra. Para o autor, há a participação passiva, onde o leitor contempla,<br />
percebe, imagina, entre outros. Além desta, há a participação ativa, onde há a exploração,<br />
manipulação do objeto e também a intervenção, onde o espectador/leitor pode também modificar<br />
a obra. Uma quarta forma seria a participação perceptiva, existente basicamente na arte cinética.<br />
Por fim, o autor coloca a <strong>intera</strong>tividade. Para ele, esta é uma relação recíproca entre usuário<br />
13 Principal canal de música jovem na televisão mundial<br />
14 Blogs ou weblogs têm seu início com a idéia de serem diários online, onde o escritor colocaria seus<br />
textos à apreciação na internet. O blog, porém tem como principal característica a facilidade de inserção de<br />
comentários, tornando-se assim um canal direto e imediato entre leitor e escritor. Como todo escritor em blogs<br />
também é leitor de outros blogs, pode-se afirmar que virtualmente todos lêem todos e todos escrevem para todos.<br />
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