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tecnologia e intera - UTFPR

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indivíduo que se expõe abre mão de sua privacidade conscientemente, ou pelo menos grande<br />

parte conscientemente, em troca de algum benefício, seja ele a exposição na mídia ou dinheiro,<br />

seja maior sensação de segurança ao saber que não apenas ele, mas todas as pessoas estão sendo<br />

monitoradas.<br />

O próprio ato de matar é ato privado, mas podemos perceber no quadrinho de Dahmer,<br />

na atual sociedade sedenta por visibilidade instantânea até isto é encarado como mais uma<br />

forma de atrativo. Há uma gradual perda da intimidade das pessoas e entidades. Para Sibilia<br />

(2008), as pessoas disponibilizam para empresas dados que, anteriormente, seriam tratados como<br />

sigilosos, guardados no universo secreto de cada indivíduo. Este material agora é publicamente<br />

disponível, utilizado tanto para o deleite de quem teve sua intimidade exposta quanto para as<br />

empresas que capitalizam e convertem este tipo de informação em dinheiro. Não há, para Sibilia<br />

(2008), instinto de proteção de privacidade na atual sociedade, majoritariamente, segundo a<br />

autora, nas camadas mais jovens. Ainda que pareça haver um certo exagero nesta posição de<br />

Schittine (2004), para a autora, quando se está na internet, longe das naturais relações frente a<br />

frente, o que mais estimula escritor e leitor é saber que seu mútuo ato de voyeurismo não está<br />

sendo avaliado, esta <strong>intera</strong>ção não está sendo avaliada.<br />

Porém, ainda segundo Schittine (2004), o escritor de blogs sabe que está sendo observado<br />

quando escreve em seu diário, ao mesmo tempo que sabe que está sendo avaliado por alguém.<br />

Na maioria dos casos, é visando este alguém, estas pessoas, esta audiência, que os escritores de<br />

blog parecem escrever, tal como Dahmer, que em geral mostra-se escrevendo para um público<br />

leitor de quadrinhos. Assim, muitos deles acabam, como a personagem da tirinha, perdendo<br />

a liberdade por ficar escrava do olhar do Outro, quando passa a entender seu leitor não mais<br />

como colaborador, como opinador, e passa a vê-lo como carcereiro, carrasco, que não mais<br />

acessará o diário se este o contrariar, tal como informa Schittine (2004). E o diarista, tal como<br />

a personagem de Dahmer, perde sua independência e privacidade.<br />

A idéia de expor a própria avó (nua ou não, morta ou não), reforça a tese de Sibilia (2008<br />

p.244) que diz que<br />

nessas ferramentas para exposição de si e a sociabilidade mediada pelos computadores<br />

interconectados não parecem vigorar as velhas inquietudes com relação à defesa da<br />

própria privacidade - e nem a dos amigos, inimigos, parentes e colegas que também<br />

costumam habitar todas essas confissões multimídia.<br />

221<br />

Schittine (2004) diz que este fenômeno, de abertura da intimidade perante o público,<br />

não é exclusivo dos diários íntimos. Para tanto a autora nos lembra da quantidade de reality<br />

shows - programas de televisão onde pessoas, famosas ou não, têm suas vidas acompanhadas<br />

por câmeras durante determinado período de tempo - existentes. Outros fenômenos também<br />

observados pela autora são o crescimento cada vez maior de webcams apontadas para pessoas<br />

durante suas vidas íntimas, além do aumento considerável de revistas de “fofocas”, alimentadas<br />

por fotógrafos especializados em registrar a intimidade alheia, os paparazzi.<br />

Dahmer enfatiza também a utilização da webcam enquanto tempo ao vivo, contrário ao

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