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tecnologia e intera - UTFPR

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nas pessoas em relação às demais. Para Schittine (2004), um dos principais fatores que<br />

contribuíram para este individualismo foi a ascensão do amor romântico, cuja expressão deu-se<br />

no romance burguês do século XIX. A autora ainda afirma que o início do individualismo está<br />

atrelado ao início da noção de intimidade. Schittine (2004, p.50) afirma que no século XIX<br />

A intimidade passou a ser preservada e uma importante cisão foi feita entre a vida<br />

pública e a vida privada. Cada vez mais, as pessoas passaram a desempenhar papéis<br />

na vida pública, guardando a sinceridade para o meio privado. Em parte, o fator<br />

que mais contribuiu para essa mudança foi o crescimento das grandes cidades. O<br />

número de estranhos e a convivência com eles aumentavam e as conversas sobre<br />

a própria personalidade num primeiro contato eram consideradas cada vez mais<br />

inconvenientes, até serem banidas. A espontaneidade dos sentimentos ficou limitada à<br />

convivência privada. O homem social aprendeu a usar a ambivalência e os sentimentos<br />

fragmentários.<br />

Bauman (2001) postula que graças às mudanças no modo capitalista, atualmente há<br />

a percepção de que a responsabilidade pelo sucesso ou fracasso do indivíduo não pode ser<br />

atrelada à sociedade. A redenção e a condenação são produzidas pelo indivíduo e somente por<br />

ele. O autor continua dizendo que nos dias atuais há um fenômeno relativo aos livros chamados<br />

de auto-ajuda. Estes livros em geral tentam oferecer fórmulas prontas para que o indivíduo se<br />

prevaleça na sociedade. Para Bauman (2001), o mote principal destes livros é fazer com que o<br />

indivíduo cuide apenas de seus interesses, apenas de seus problemas. Compreender ou tentar<br />

ajudar os problemas dos outros faria com que necessariamente o indivíduo tivesse um desvio<br />

em seu caminho para seu sucesso. Dahmer expõe isto no primeiro quadrinho, com o medo de<br />

ser preso por ter se prevalecido individualmente de um bem social e também no último, tanto<br />

nos dizeres escritos no cartaz, que remetem à obra de Outcault, quanto no enquadramento que<br />

deixa a personagem só, mostrando o indivíduo que não se preocupa com o dinheiro roubado da<br />

sociedade (que é, em última análise, seu também) e sim com a popularidade de seu blog.<br />

O que parece, para Dahmer, ser o motivo de tantas pessoas escreverem em blogs,<br />

inclusive o próprio criador dos Malvados, é sua audiência. São as pessoas que, além de lerem os<br />

conteúdos, comentam. A figura 1888 mostra, no último quadrinho, uma das visões de Dahmer<br />

acerca dos blogs. Nesta tira, diferente da figura 187, os escritores virtuais possuem seguidores<br />

fiéis e, portanto, não precisam de artifícios para arrebatar mais leitores. A crítica então recai<br />

para o outro lado do sistema blogueiro: o leitor/comentarista.

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