tecnologia e intera - UTFPR
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chiste encontra-se também aí, no reconhecimento, por parte do leitor, que este tipo de programa<br />
invariavelmente atrai spams, e que é praticamente inevitável defrontar-se com este tipo de<br />
mensagem indesejada.<br />
Somando-se a quantidade de amigos virtuais e a totalidade de spams em sua caixa<br />
postal, percebemos que a personagem é solitária, pois nenhum de seus amigos são efetivamente<br />
amigos, e que provavelmente são também spammers. Já que, como informa Carrier (2000), o<br />
leitor constrói a leitura baseado em suas experiências. E nas experiências relacionadas à internet<br />
e ao Orkut o leitor reconhece e ri da piada proposta por Dahmer. É sempre importante lembrar,<br />
como o faz Beronä (2002), que os efeitos mais potentes de uma história derivam em geral não<br />
do que é contado, não do que é explícito, mas sim daquilo que fica implícito, que é omitido.<br />
O que não é mostrado faz com que o leitor imagine. E é assim que o leitor conclui que os 122<br />
amigos não o são na realidade.<br />
O leitor, familiarizado com a “realidade” do Orkut também ri da posição da personagem<br />
Emir Saad na figura 196, onde ele mesmo afirma que sua fotografia no website de relacionamentos<br />
tem dez anos. Como no Orkut não há censura, nem mesmo exigência de veracidade, pessoas<br />
podem colocar suas fotografias quando mais novas, ao mesmo tempo que podem alterar suas<br />
fotografias por meios digitais, retocando ou melhorando sua silhueta. Também pode-se passar<br />
por outra pessoa, utilizando uma, ou várias, fotografias de outra pessoa, criando uma espécie de<br />
falsidade ideológica dentro da ferramenta. Neste caso, o próprio consumo dos demais usuários<br />
da ferramenta pode ficar comprometido, já que não há necessidade de veracidade nem na<br />
imagem postada e nem nos dados inseridos por cada um dos usuários.<br />
Figura 196. Tira 714<br />
Fonte: acesso em 12/01/09<br />
Dahmer utiliza esta faceta do Orkut colocando suas personagens ora como produtoras,<br />
como no caso de Emir Saad, ora como consumidora, como no caso da personagem na figura<br />
197, que utiliza a ferramenta para conhecer mulheres e depara-se com um homem.<br />
Interessante salientar o fato de que os dizeres do computador não aparecem como um<br />
texto escrito, mas sim como se o computador estivesse falando com a personagem. Neste caso,<br />
a <strong>intera</strong>ção entre ferramenta e usuário é tão grande para Dahmer que o computador “fala” com