tecnologia e intera - UTFPR
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que o mercado não foi capaz de absorver. O Big Panda era um “vortal”, ou portal vertical, sobre<br />
apenas um assunto: webcomics.<br />
Com o vortal, o leitor tinha, com apenas poucos cliques, uma variedade incrível de<br />
histórias, personagens e enredos. A apropriação dos quadrinhos pelo leitor modifica-se no<br />
momento em que não se vai consultar apenas um website, e sim um portal com vários websites<br />
afins. A relação entre produção e consumo altera-se no momento em que se parece com o modelo<br />
tradicional, físico, das distribuições de quadrinhos, que Allen (2007) explica ser um modelo no<br />
qual as principais editoras norte-americanas (Marvel Comics, DC Comics, Image Comics, Dark<br />
Horse Comics e Wizard Comics) licenciam suas revistas a apenas uma distribuidora, a Diamond,<br />
que revende às lojas especializadas ou pontos de venda. As editoras menores, neste modelo de<br />
negócio, não têm acesso ao grande público consumidor, uma vez que sua distribuição não<br />
consegue capilarizar por todo o território abrangido pela Diamond.<br />
A internet poderia ser vista como uma saída para estes pequenos produtores de quadrinhos,<br />
que no período poderiam verter seus trabalhos para o mundo digital. Porém, a maneira de<br />
trabalhar do Big Panda, tal qual a Diamond, não deixava quadrinhos menores prosperarem. Então<br />
Chris Crosby fez o Keenspot.com. Com este modelo, os webcartunistas seriam remunerados<br />
pelos seus quadrinhos online. Keenspot pagava seus cartunistas com 50% dos lucros obtidos na<br />
publicidade do site, descontados os custos. Segundo Allen (2007), o website tinha cerca de 2,5<br />
milhões de leitores e 70 milhões de pageviews. Com o tempo, Keenspot virou ComicGenesis<br />
e atraiu tantos cartunistas que nem os custos de hosting os afastavam. Importante ressaltar que<br />
neste período os quadrinhos que geravam maior visita geravam também maior utilização do<br />
servidor, o que fazia com que suas hospedagens, ou hosting, fossem mais caras que daqueles<br />
que não geravam tanto tráfego.<br />
Com isso, um modelo de negócios instalava-se mais concretamente. Assim como em<br />
uma revista com maior tiragem há mais utilização de insumos, na internet o mesmo acontece.<br />
Quanto maior a “tiragem”, ou seja, quanto maior o acesso da tira online, maior seu custo de<br />
manutenção. Além disso, tal qual uma revista que tem que viajar milhares de quilômetros<br />
e pode chegar avariada em seu destino devido à distância percorrida, na internet temos os<br />
problemas relativos à superlotação de acessos do servidor. Há um limite de acessos simultâneos<br />
em qualquer servidor, em qualquer website. Quanto mais próximo deste limite, mais difícil será<br />
o tráfego, mais lento ficará, para o usuário final, a página visitada. Caso uma tira se torne muito<br />
popular sem o devido acréscimo de banda de conexão, ela se tornará, para os leitores, lenta.<br />
Este processo, principalmente no início da internet, período no qual os custos eram mais altos,<br />
chegou a inviabilizar determinados investimentos e, notadamente, alguns webcomics.<br />
Também houve a crise da internet em 2000, que fez o Keenspot entrar “no vermelho”<br />
um ano depois, fazendo com que, por dezoito meses, nenhum cartunista recebesse nada. Em<br />
2002 todas as maiores companhias de entretenimento e comunicação começaram a cobrar<br />
por alguns serviços, e assim o site Modern Tales pôde se desenvolver, com uma proposta<br />
semelhante ao Keenspot, porém limitada. Apenas 30 webcomics faziam parte do portal gerando