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entre discurso e ação. O artista plástico Andy Warhol percebeu esta dicotomia e aplicou nas<br />
artes o conceito de consumo, ajudando a criar a pop art. Assim, o artista fez quadros de latas<br />
de produtos alimentícios, e foi mais além quando pintou os dois maiores ícones de consumo<br />
da juventude norte-americana dos anos 1950: Elvis Presley e Marilyn Monroe.As revistas do<br />
grupo de Crumb estavam de acordo com estas ideologias, e portanto pareciam estranhas às<br />
camadas mais conservadoras da população.<br />
No entanto, por mais estranhas que fossem estas revistas, elas possuíam as mesmas<br />
qualidades dos quadrinhos norte-americanos originais. Elas eram fáceis de fazer, usavam papel<br />
ruim, eram baratas, não ligavam para as convenções ou para a aceitação do público, trazendo<br />
ao quadrinista uma liberdade há muito não vista no ramo.<br />
Esta liberdade acabou gerando um círculo de artistas em volta da figura de Crumb.<br />
Segundo Patati e Braga (2006, p.106), “o elenco de quadrinistas que se juntou em torno de<br />
Crumb era um time de exceção, e, mais do que isso, constituía um rico painel das mentalidades<br />
alternativas presentes no mundo de então”. Entre os nomes que estavam no círculo de Crumb e<br />
naturalmente acabaram por entrar no rol de escritores da Zap Comix estavam Rick Griffin, que<br />
vinha de vários trabalhos com pôsteres para surfistas e eventos do esporte e que posteriormente<br />
criou a primeira história em quadrinhos sobre surf, na revista Surfer; Spain Rodriguez, que vinha<br />
de militância sindical e transferia para as páginas da Zap essa preocupação; Victor Moscoso,<br />
espanhol com formação em artes plásticas, que se tornou o principal autor de pôsteres de<br />
concertos de rock do período; Robert Williams, pintor pop que queria fazer seu nome conhecido<br />
junto ao público jovem; Gilbert Sheldon, professor de segundo grau que veio a criar alguns<br />
dos mais característicos personagens do underground, como Wonder Wart-dog e The Freak<br />
Brothers; C. Clay Wilson, que fazia Belas-Artes, mas realizava as histórias mais depravadas de<br />
todo underground e por último o artista Jaxon, pseudônimo de Jack Jackson, texano que gostava<br />
de faroeste e usando seu conhecimento sobre história acabou realizando grandes histórias sobre<br />
o ponto de vista dos índios norte-americanos.<br />
Com este elenco, como informam Patati e Braga (2006), a Zap reinventou a maneira de<br />
fazer quadrinhos nos EUA:<br />
O trabalho em especial de Crumb e de S. Clay Wilson, os criadores mais malcriados<br />
e sujos da revista, explodiu como uma bomba e trouxe tanto ofertas prontamente<br />
recusadas de dinheiro como problemas como a censura mal assumida das comunidades<br />
conservadoras. O fato é que Crumb mostrava que mesmo as imagens mais simpáticas<br />
e aparentemente infantis podem esconder dentes afiados teve seu peso. (PATATI &<br />
BRAGA, 2006, p.107)<br />
A contracultura teve papel importantíssimo nos quadrinhos, tanto que mesmo<br />
fora da revista Zap, temos nomes como Greg Irons, que criou pôsteres para as principais<br />
bandas contraculturais nos EUA; Art Spiegelman, que chegou a ganhar um prêmio Pulitzer<br />
pelo seu quadrinho autobiográfico Maus, onde retratava o holocausto nazista com figuras<br />
antropormofizadas: judeus como ratos, nazistas como gatos, norte-americanos como cachorros