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tecnologia e intera - UTFPR

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204<br />

Figura 165. Tira 747<br />

Fonte: acesso em 12/01/09<br />

Aqui, valendo-se da idéia de máscaras também já utilizada por Spiegelman, Dahmer<br />

especula, graficamente, que uma pessoa franzina não pode ser um astronauta, ao mesmo<br />

tempo que uma gorda não pode ser atleta. Dahmer aqui brinca com o suporte, fazendo o<br />

leitor compreender que na internet se pode assumir ou inventar outros papéis sociais, outras<br />

personalidades, atravessando fronteiras da fantasia e da realidade. Aparentemente estas máscaras<br />

são utilizadas pelas personagens em programas de comunicação instantânea, ou websites de<br />

redes sociais, ou seja, locais virtuais para se conhecer pessoas. Ao mesmo tempo que há o<br />

desenho e o diálogo, há novamente o narrador onisciente, explicando ao leitor que nada é o que<br />

parece ser em uma relação mediada pela internet.<br />

Explorando a linguagem das histórias em quadrinhos, no segundo e terceiro requadros o<br />

autor mostra indivíduos em relações sexuais não convencionais. Para o leitor mais acostumado<br />

à internet, ao mesmo tempo que também é acostumado com a gramática dos quadrinhos,<br />

Dahmer explica que o que se vê é uma coisa e o que se lê nos balões das personagens é outra.<br />

Temos um diálogo mediado pelo computador, logo, as pessoas no segundo quadrinho não estão<br />

fisicamente juntas, apenas virtualmente. É a linguagem dos quadrinhos que possibilita esta<br />

diferença entre diálogo das personagens, texto do narrador onisciente e imagens no requadro<br />

serem diferentes e, em alguns casos, opostas. Os desenhos representam o ambiente virtual e os<br />

diálogos representam as pessoas na frente de seus computadores.<br />

A própria idéia da utilização do quadro Lição de anatomia, que o artista Rembrandt<br />

pintou em 1632, já dá noção ao leitor de que Dahmer está disposto a “dissecar” a internet, tal<br />

como o quadro barroco faz com um corpo de um ser humano. Sugere-se observar o que os<br />

olhos comuns não observam, perceber o que é impossível à olho nu, revelar o que as pessoas<br />

anteriormente eram impedidas de saber. Dahmer parece querer dizer ao seu leitor que irá abrir<br />

a internet e descobrir cada um de seus pedaços internos.<br />

O leitor aqui, como na obra barroca, torna-se cúmplice da dissecação, vindo a saber<br />

coisas que pessoas normais não saberiam se não lessem a tira. O leitor é levado ao mais íntimo<br />

da internet, aquilo que Benjamin (1994) já havia destacado em sua obra no que tange a relação<br />

entre pintor e cinegrafista. Benjamin (1994) faz a comparação entre um cirurgião, que mexe

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