tecnologia e intera - UTFPR
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diários virtuais. Assim, a disparidade entre leitor e escritor fica cada vez mais fluida, como já<br />
estudado por Santaella (2004). A autora explica que o usuário leitor aproxima-se do usuário<br />
escritor de uma forma nunca antes vista, ao mesmo tempo que há uma facilidade muito grande<br />
em tornar-se produtor de textos. Muitas das barreiras entre os saberes formais também vão se<br />
desmanchando, uma vez que a legitimação formal não faz parte das premissas da internet, onde<br />
cada pessoa tem o direito de expressar-se, entendendo ou não sobre o que escreve, tal qual a<br />
personagem no segundo quadrinho, que escreve sobre coisas que não entende, uma vez que os<br />
leitores também não serão capazes de compreender.<br />
O principal serviço de geração de blogs é o chamado Blogger, criado, segundo Battelle<br />
(2006) em 1999, porém sua grande influência começou a dar-se quando a empresa Google<br />
o comprou, em fevereiro de 2003. A idéia por trás da ferramenta era oferecer uma maneira<br />
simples de usuários exprimirem seus pensamentos em palavras, que eram imediatamente<br />
postadas, ou publicadas, na grande rede. Assim, não era necessário nenhum conhecimento<br />
de programação HTML ou CSS para desenvolver um diário online. Qualquer pessoa com o<br />
mínimo de conhecimento acerca da internet poderia servir-se das facilidades implementadas<br />
pela ferramenta da Google e colocar seus escritos para que outras pessoas pudessem ler.<br />
Esta facilidade apresenta-se evidente na crítica de Dahmer, que no primeiro quadrinho<br />
diz em seu enunciado que qualquer retardado tem direito de publicar na internet e, nos dizeres<br />
da personagem deixa claro o quão fácil é apropriar-se desta ferramenta para desenvolver suas<br />
idéias textuais.<br />
Com esta facilidade, e isto é apontado por Dahmer em toda a tira, o uso irresponsável<br />
acaba por se alastrar, tornando, como vemos no último quadro, um blogueiro comunicador capaz<br />
de chegar a um dos mais assistidos programas da televisão brasileira, o Domingão do Faustão,<br />
da Rede Globo. Dahmer aproxima na mesma relação de valor, o programa de televisão, o blog<br />
e seu escritor, questionando a utilidade dos mesmos.<br />
Há, porém, uma espécie de metalinguagem quando esta possibilidade de expressão,<br />
criticada por Dahmer na tira, também é utilizada pelo autor, que em seu blog www.malvados.<br />
blogger.com nada mais faz do que colocar seus textos (correlatos ou não aos seus quadrinhos)<br />
para que a comunidade existente na internet leia.<br />
Assim, o autor além de fazer graça com pessoas que usam e lêem blogs também faz uma<br />
auto-crítica, mostrando como tais ferramentas influenciam e são influenciadas pela sociedade.<br />
Ele, autor, é também leitor e é produtor de significados em ambos estes sentidos, bem como<br />
seus leitores. A própria idéia do blog foi incorporada na lista de atividades de Dahmer algum<br />
tempo depois das tiras, uma vez que as tiras, como já foi dito, iniciaram-se em 2001 e o blog<br />
apenas em 2004.<br />
O diário de Dahmer, então, não faz ou faz muito pouca menção à sua vida pessoal,<br />
preferindo o autor colocar textos sobre colegas artistas ou fatos de seu quotidiano. Neste<br />
quesito, podemos destacar, como faz Carvalho (2001), a diferença existente nos diários online.<br />
Até 1994, quando os primeiros diários (ainda programados em HTML) começaram a surgir, o