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tecnologia e intera - UTFPR

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220<br />

conceito de diário era diferente. Até então, uma pessoa fazia um diário para escrever apenas<br />

para si próprio, não sendo interessante, ou até mesmo sendo proibido a leitura deste por outras<br />

pessoas.<br />

Já Schittine (2004) diz que o diário originalmente era um escrito para ser lido, como<br />

os diários de comunidades ou diários de bordo das embarcações. Para a autora, o caráter<br />

privado torna-se traço forte dos diários a partir do Renascimento europeu, indo de encontro<br />

aos pensamentos de Sibilia (2008), que fala que esses escritos mantinham apenas eventuais<br />

leitores, que na realidade só tinham acesso aos textos após a morte do autor, e mesmo assim<br />

somente se este autor fosse alguém excepcional o suficiente para despertar o interesse póstumo<br />

de leitores. O oposto parece surgir na internet. Há a confusão entre público e privado. Agora, os<br />

diários íntimos são escritos para serem lidos. Esta é sua grande missão e seu grande valor, como<br />

percebemos na figura 179:<br />

Figura 179. Tira 525<br />

Fonte: acesso em 12/01/09<br />

Na tirinha, a solução, segundo o Malvado maior, seria abrir um blog, ou seja, ter um<br />

espaço de socialização gerado através de um diário online veiculado na internet. Esta “solução”<br />

encontra paralelo nas idéias de Hall (2009), quando diz que as pessoas sozinhas podem sentirse<br />

mais próximas e mais queridas graças ao conforto proporcionado pelos comentários dos<br />

visitantes em seu diário, ou seja, escrever um diário íntimo para que outros possam ler.<br />

A piada reforça a tese da perda de intimidade oriunda da utilização dos weblogs.<br />

Para Schittine (2004), a própria sociedade passou a espreitar a vida privada dos indivíduos.<br />

Ao contrário da previsão da distopia escrita por George Orwell em 1984 28 , o monitoramento<br />

das atividades humanas não é feito por um ou mais governos totalitários, e sim pela própria<br />

população, seja na forma de vizinhos curiosos, seja na forma de empresas que querem saber onde<br />

seu funcionário gasta seu tempo em frente ao computador. Esta forma de controle do indivíduo<br />

além de ser descentralizada, uma vez que qualquer pessoa, em tese, pode acompanhar um diário<br />

íntimo ou rastrear uma conta em um website de relacionamentos, também é consensual. O<br />

28 Na distopia criada por Orwell, as pessoas eram submetidas ao monitoramento de suas atividades por<br />

meio do Grande Irmão, entidade estatal e autoritária que ditava as regras e aplicava as punições aos indivíduos<br />

que não as seguissem. O Grande Irmão estava vigiando as pessoas à todo o momento por meio de “televisões”<br />

instaladas em todos os ambientes habitados por humanos.

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