tecnologia e intera - UTFPR
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e sistema inteligente. Há, portanto, diversas formas de participação do leitor imaginado por<br />
Benjamin (1996).<br />
Para Mendo (2008), o leitor de quadrinhos impressos <strong>intera</strong>ge de forma muito mais<br />
limitada com suas leituras do que um leitor conectado à rede de computadores. Na internet o<br />
usuário pode até mesmo apropriar-se da história, em muitos casos interferindo ou modificando<br />
seu andamento. Além disso, no hipertexto, como observa Plaza (2009), o leitor também faz uso<br />
de sua parcela escritor ao estabelecer ligações e elos navegando entre uma página e outra, um<br />
quadrinho e outro. E este leitor ainda comunica-se com outros leitores de forma mais franca<br />
e aberta, normalmente sem indivíduos mediadores. Ele comunica-se com leitores da mesma<br />
história em “tempo real” e, em alguns casos, pode inclusive agir como personagem. Plaza<br />
(2009, p. 25) diz que “em pleno cyberspace, todo mundo é autor, ninguém é autor. Todos somos<br />
produtores-consumidores: ou seja, esta indo solenemente por água abaixo a velha e renitente<br />
distinção entre quem faz e quem frui”.<br />
Para Campbell (2006), desde 1998 os autores de webcomics passaram a compreender a<br />
importância do feedback dos leitores. Mesmo antes do termo “blog” ser cunhado, os primeiros<br />
escritores de webcomics já o faziam. Já aceitavam sugestões e críticas de seus leitores, ao<br />
mesmo tempo que deixavam seus e-mails disponíveis para possíveis questionamentos e<br />
elocubrações por parte dos leitores. É comum que os autores cedam a algumas pressões por<br />
parte de seus leitores, que desejam que determinado personagem faça isto ou aquilo. Violência,<br />
nudez gratuita e romances inesperados são algumas das coisas que, de acordo com Campbell<br />
(2006), os escritores acatam para deixar sua audiência feliz. Outra característica interessante,<br />
e que aparece por demanda dos leitores/fãs, são os crossovers 15 entre personagens de diversos<br />
autores diferentes. Por mais que estas características sejam inerentes às mais diversas formas<br />
de comunicação, graças à rapidez e à própria natureza de compartilhamento da internet, estas<br />
ficam mais evidenciadas no suporte online.<br />
Estas medidas acabam por dar certo pois os cartunistas web, ao mesmo tempo que<br />
desejam o sucesso, desejam também o senso de comunidade e de participação com seus leitores.<br />
Campbell (2006) comenta que em alguns casos os fóruns online têm mais visitação que os<br />
próprios quadrinhos.<br />
Guigar et al. (2008) dizem que uma das melhores características dos webcomics é<br />
justamente esta capacidade de comunicação com o leitor. Para eles, este contato é facilitado<br />
pela ausência de intermediários, jornalistas ou entrevistas. O contato direto com o leitor pode<br />
ser feito de diversas maneiras, porém, não pode deixar de ser feito jamais.<br />
O grau de <strong>intera</strong>ção social proporcionado pelos webcomics é fator determinante, como<br />
afirma Mendo (2008, p.98) para diferenciá-los das histórias em quadrinhos impressas. O próprio<br />
ambiente de comunicação gerado pela internet “propicia maior <strong>intera</strong>tividade, em escala global,<br />
e inter-relação entre pessoas.” Com isto, forma-se novo leitor, mais inserido na comunidade que<br />
o cerca, e menos isolado em seus alfarrábios. O leitor de histórias em quadrinhos digitais não é<br />
15 Passagem de um personagem, de determinada história, de determinado autor, para outra história, outro<br />
autor.<br />
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