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Relatório Azul 2008 - DHnet

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VOCÊ CONTRATARIA UM "ADOLESCENTE INFRATOR"?<br />

Montserrat Martins 73<br />

"O ser humano é o que ele produz em atos.”<br />

Jean-Paul Sartre<br />

Educação tem sido a palavra-chave apontada como o principal<br />

investimento a ser feito para uma sociedade menos violenta.<br />

Centenas de ONGs e instituições públicas e privadas têm promovido<br />

ações culturais e educativas diversificadas. Bem menos se ouve falar,<br />

no entanto, em iniciativas de inclusão social pelo trabalho, ou em<br />

cursos profissionalizantes.<br />

CRIANÇA E<br />

ADOLESCENTE<br />

A Fase (ex-Febem) gaúcha, uma das melhores do Brasil, tem<br />

proporcionado o estudo que os jovens internados negligenciavam na<br />

rua. Mesmo assim, quando saem da Fase com o Ensino Fundamental<br />

(ou até o Ensino Médio) completo, eles com freqüência recaem em<br />

vínculos com o crime organizado que lhes dá "empregos"<br />

relativamente bem pagos, no tráfico. A Fase, em contraste, encontra<br />

dificuldades para ajudar a inserir os adolescentes maiores de 16 anos<br />

em estágios em empresas.<br />

Vivemos numa cultura de "dependência do Estado":<br />

acreditamos que o Estado é responsável por tudo. Falta-nos a noção<br />

clara de "sociedade civil", de que todos nós criamos e mantemos o<br />

mundo em que vivemos. Nem a Fase, nem o governo – seja qual for –<br />

tem condições de responder a todos os problemas sociais, a própria<br />

sociedade como um todo tem de assumir suas responsabilidades. A<br />

falta de oportunidades práticas de trabalho para nossos jovens,<br />

portanto, deve ser encarada como um desafio para todos nós.<br />

Ações criativas de inclusão social podem acontecer mesmo<br />

num contexto adverso, como já ocorreu, por exemplo, com a<br />

instalação de uma confecção de roupas pelas moradoras do Morro da<br />

Cruz, em Porto Alegre, ou com a atividade de pintura artesanal de<br />

sapatos numa indústria, por presidiárias de Minas Gerais. O estudo, a<br />

aprendizagem teórica, é importante, mas quando não leva a uma<br />

perspectiva de sustento pode resultar em frustração. É através do<br />

73<br />

Psiquiatra do Juizado da Infância e da Juventude<br />

199<br />

RELATÓRIO AZUL <strong>2008</strong>

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