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Relatório Azul 2008 - DHnet

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tantos que conheci, que podem ser especialmente ricos para a compreensão<br />

do leitor.<br />

O primeiro caso é o de um aluno de uma das turmas que acompanhei.<br />

O rapaz, então com 16 anos, morava em uma residência humilde de dois<br />

cômodos e ajudava a mãe a sustentar cinco pessoas. Apenas para<br />

esclarecer, a bolsa ganha pelo "pescariano" não dispõe uma quantia<br />

volumosa. É, na verdade, uma ajuda de custo para facilitar ao(à) garoto(a)<br />

gastos como alimentação e compra de material escolar. Pois bem, para este<br />

jovem, o dinheiro tinha um destino totalmente diferente. Era usado para<br />

auxiliar a família na compra da cesta básica e no pagamento de contas como<br />

água e eletricidade. Enquanto muitos meninos da mesma faixa etária<br />

desperdiçam seus ganhos em bens de consumo da moda e festas, este aluno<br />

dividia a responsabilidade de criar irmãos e agregados. Este exemplo é<br />

valioso, pois reflete não uma exceção ou um ato de heroísmo isolado, mas um<br />

feito que se aplica à realidade de muitos dos participantes. Aquele valor<br />

mensal, modesto para o tamanho de suas necessidades, torna-se um<br />

balizador de sua conduta e de seu planejamento pessoal. Este dinheiro<br />

recebido como fruto de seu trabalho e de seu estudo é uma semente que<br />

germina no pensamento dos jovens inculcando a idéia de que o esforço gera<br />

recompensas. Uma ação correta determina uma reação favorável.<br />

CRIANÇA E<br />

ADOLESCENTE<br />

Um segundo caso é referente a outro rapaz que, através de sua<br />

inclusão no Pescar, teve despertada uma vocação jamais imaginada antes do<br />

curso. Tendo composto outro grupo com que estive relacionado, tratava-se de<br />

um dos estudantes mais velhos que conheci naquela unidade. Recém<br />

tornara-se maior de idade e era um dos expoentes de sua classe. Suas notas,<br />

sua freqüência e seu desempenho geral eram de tal forma diferenciados que<br />

parecia nunca ter feito outra coisa na vida. Sua postura era uma referência<br />

para os colegas, e a empresa já buscava em suas próprias equipes uma<br />

chance de efetivá-lo. Para o leitor sem familiaridade com sua situação, devese<br />

salientar que este jovem morava em uma das áreas mais violentas da<br />

região metropolitana, lugar famoso pela atuação de traficantes e de<br />

diferentes tipos de criminosos. Sua entrada no Pescar só ocorreu porque um<br />

amigo de uma turma anterior sugeriu que se inscrevesse e tentasse sair<br />

daquela condição de tamanho risco. Dito e feito. Poucos meses depois, já<br />

dominava os conteúdos das aulas e se via apaixonado pela carreira que<br />

aprendia a cada dia. Assim como no exemplo anterior, não se trata de um<br />

modelo único, mas de um fato que se repete muitas vezes nas diversas<br />

unidades do Projeto.<br />

Cabe, ainda, mostrar um terceiro caso que ilustra o efeito perene e a<br />

profundidade do impacto deste sonho. Durante meu período como voluntário,<br />

tive contato com inúmeros ex-alunos que, de tempos em tempos, visitavam a<br />

unidade para relembrar de sua trajetória ou para palestrar às novas classes.<br />

Muitas vezes, estas visitações eram espontâneas, e o visitante arriscava nem<br />

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RELATÓRIO AZUL <strong>2008</strong>

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