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Relatório Azul 2008 - DHnet

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Alegre, ele assumiu proporções como nunca a cidade tinha vivido<br />

antes e por muito tempo não viveria. Por outro lado, esse crime estava<br />

inserido em uma realidade que já era uma preocupação, não só das<br />

autoridades, mas principalmente, da população da Capital: o grande<br />

aumento da violência e da criminalidade nos últimos anos.<br />

SEGURANÇA<br />

PÚBLICA<br />

Essa preocupação com o avanço da violência e da<br />

criminalidade que passou a tomar conta da cidade é manifestada pela<br />

Gazetinha em um significativo artigo do dia 12 de janeiro de 1896:<br />

A Vida na Capital<br />

A vida de Porto Alegre vai se tornando diariamente<br />

uma viva surpresa para seus habitantes. Os<br />

acontecimentos o provam com toda evidência e<br />

clareza. Depois dos distúrbios lamentáveis<br />

provocados por duas facções partidárias e sujeitas<br />

as predileções, ficou a surpresa, o medo e a violência<br />

na Capital. Repetidas agressões, assaltos,<br />

assassinatos, etc., etc., tem ocupado a atenção<br />

popular, tomada de muita justa surpresa.<br />

Esse incremento da violência e da criminalidade, em muitos<br />

aspectos, estava também relacionado á rápida expansão urbana que<br />

Porto Alegre experimentou desde o início da República. A cidade<br />

passou por grandes transformações ao longo da década de 1890.<br />

Uma das mais importantes foi a modificação da sua geografia<br />

provocada por um eclosão populacional significativa que fez a cidade<br />

passar de 52.186 habitantes em 1890 para 73.672 habitantes em<br />

1900, um aumento demográfico de 41% em menos de dez anos.<br />

Devemos notar que Porto Alegre era até a última década do século<br />

XIX, uma cidade pequena, um pouco mais que uma aldeia, mas com<br />

graves problemas de infraestrutura e salubridade, provocando várias<br />

epidemias de cólera-morbus, varíola e peste bubônica que castigaram<br />

a cidade ao longo de boa parte do século XIX, ainda até o início do<br />

25<br />

século Xx . Essa situação impressionava boa parte da<br />

intelectualidade gaúcha ainda bem dentro do século XX, como<br />

podemos ver na observação de Coelho de Souza no seu prefácio ao<br />

livro A Revolução de 1923 de Arthur Ferreira Filho, de que em Porto<br />

Alegre predominava dois domínios: da Brigada Militar e das epidemias<br />

de pestes.<br />

25<br />

Claudia Mauch. Ordem Pública e Moralidade. EDUNISC, 2004, p. 70.<br />

41<br />

RELATÓRIO AZUL <strong>2008</strong>

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