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conjuntos relacionais e conflitivos: classes sociais, relações étnicas,<br />
relações de gênero, dispositivos de poder e o nível do inconsciente.<br />
Deste modo, no plano de reconstrução sociológica da realidade, às<br />
relações de exploração marcadas pelas relações de classe e de<br />
fração de classe, agregam-se as relações de dominação definidas<br />
pelas relações de gênero e poder entre categorias e grupos sociais.<br />
Segundo Tavares dos Santos: "a violência seria a relação<br />
social, caracterizada pelo uso real ou virtual da coerção que impede o<br />
reconhecimento do outro – pessoa, classe, gênero ou raça – mediante<br />
o uso da força ou da coerção, provocando algum tipo de dano,<br />
configurando o oposto das possibilidades dos processos de<br />
democratização contemporâneos. Define-se como um fenômeno<br />
social, cultural e histórico, um procedimento de caráter racional, o qual<br />
envolve, em sua própria racionalidade, o arbítrio, na medida em que o<br />
desencadear da violência produz efeitos incontroláveis e<br />
imprevisíveis". (TAVARES DOS SANTOS, 1995:7) O autor estabelece<br />
uma distinção entre conflito, poder e violência: " o conflito social<br />
consiste em um processo entre classes, frações de classe e grupos<br />
sociais que implica a possibilidade de negociação entre as partes,<br />
mesmo em tensa interação. O poder também supõe alguma<br />
possibilidade de negociação de um consenso para se estabelecer<br />
com legitimidade e de modo hegemônico. Mas a violência, esta<br />
relação de alteridade que tem como característica o uso da força, o<br />
recurso à coerção e que atinge, com dano, o outro é uma relação<br />
social inegociável, posto que atinge, no limite, as condições de<br />
sobrevivência materiais e simbólicas, daquele percebido como<br />
desigual pelo agente da violência". ( TAVARES DOS SANTOS,<br />
ibidem).<br />
DIGNIDADE<br />
HUMANA<br />
As dificuldades políticas advindas dos processos de transição<br />
democrática na América Latina, nos últimos vinte anos permanecem<br />
desconhecidas face à expansão dos fenômenos de violência. Nos<br />
esforços de reconstrução institucional visando à plenitude do Estado<br />
de Direito não foram colocadas em questão várias dimensões do<br />
controle social institucional, em particular, a situação das prisões e os<br />
modos de funcionamento das polícias. Cabe salientar as dificuldades<br />
de acesso à justiça, a seletividade social da justiça penal e a perda de<br />
legitimidade das instituições de controle social.<br />
No processo de mundialização, o internacionalismo está<br />
fundado em problemas sociais globais, tais como a violência, a<br />
exclusão, as discriminações por gênero, os vários racismos, a<br />
pobreza, os problemas do meio ambiente e a questão da fome. As<br />
transformações do mundo do trabalho, mediante as mudanças<br />
tecnológicas, com novas possibilidades de emprego em determinados<br />
setores as quais vêm acompanhadas pela precarização do trabalho,<br />
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RELATÓRIO AZUL <strong>2008</strong>