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Relatório Azul 2008 - DHnet

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urbanas e de justiça e igualdade de oportunidades.<br />

Neste sentido, penso, uma lei construída para regular tão<br />

complexo rol de relações entre sociedade e espaço, genérica em sua<br />

amplitude mas extraordinariamente específica quando se mira a<br />

cidade com os olhos na pequena periferia, precisa ser compreendida<br />

em um quadro sistêmico onde estão agenciadas não apenas as<br />

oportunidades (a lei compreendida como sistema gerador de<br />

possibilidades), mas também as fragilidades, dificuldades e<br />

resistências impostas pela realidade.<br />

Entendo, nesta perspectiva, que construir o que venha a ser a<br />

cidade sustentável para todos os brasileiros implica em fazer e<br />

compreender, em uma perspectiva dialética, cidade no sentido de uma<br />

cultura de lugar, exigindo recuperar do ambiente, natural e construído,<br />

as lições que fazem do homem parte dessa natureza; natureza<br />

necessariamente entendida integralmente, no vínculo profundo entre<br />

sociedade, forma urbana e contexto ambiental. Toando este ponto de<br />

vista, o direito à cidade sustentável desdobra-se não somente em<br />

direito à moradia e aos serviços públicos e infra-estrutura urbana de<br />

qualidade, ao trabalho digno e ao lazer, mas também direito à cultura,<br />

à saúde física e mental e - por que não? - direito à arquitetura, como<br />

dimensão da beleza sendo, tomando as palavras de Bruno Munari<br />

(<strong>2008</strong>), o belo como medida do justo.<br />

Fazemos, assim, parte do lugar em que vivemos, construído na<br />

adaptação as nossas necessidades, mas também como obra de um<br />

conhecimento que, todavia, talvez jamais possamos alcançar. Sendo<br />

parte, somos, sobretudo, sistema e, porque sistema - existindo em<br />

uma existência sistêmica - somos um todo, bem maior que as partes, e<br />

que não se explica e não se sustenta nos limites da parte.<br />

Mas, desde então, construir a noção de sustentabilidade desde<br />

uma perspectiva de sentido de lugar revela-se - na possibilidade de<br />

pensar sistemicamente todas essas implicações, em sua<br />

complexidade natural – como questão central que é preciso enfrentar,<br />

no vislumbre, como antes busquei assinalar, de um novo e superador<br />

paradigma de nação. Penso que é, no sentido de uma cultura de lugar,<br />

no forte entrelaço que une comunidade e território, que as mudanças<br />

podem, de fato, ocorrer. E ao encontro desse projeto, recordo,<br />

especialmente, o pensamento do arquiteto austro-americano<br />

Christopher Alexander, quando ele afirma a necessidade de uma<br />

RELATÓRIO AZUL <strong>2008</strong> 318

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