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Relatório Azul 2008 - DHnet

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da Revolução Federalista de 1893-1895. Esse crime, a despeito de<br />

sua rápida solução, impregnou o imaginário da população de Porto<br />

Alegre, quebrando a letargia modorrenta da cidade. O crime da<br />

Azenha abalou profundamente a população de Porto Alegre e não foi<br />

apenas mais um crime na fria estatística da crescente criminalidade e<br />

violência que a cidade começava a conviver, mas dentro do breve<br />

mistério que o cercou e o próprio perfil das vítimas, que pertenciam a<br />

duas famílias ilustres de Portugal despertou comoção, espanto e<br />

raiva, mas também sentimento de desconforto e uma certa vergonha<br />

2<br />

nessa cidade-aldeia com pretensões de ser civilizada . Nenhum crime<br />

provocou tanta comoção popular e teve tanta repercussão em seu<br />

tempo como esse que foi denominado de o bárbaro e monstruoso<br />

crime da Azenha. Certamente, esse foi o crime de maior repercussão<br />

na história de Porto Alegre.<br />

Esse crime foi amplamente noticiado e batido pelos jornais de<br />

Porto Alegre dos meses de agosto e setembro de 1897,<br />

especialmente, pelo jornal Gazetinha, que dedicou a edição de 5 de<br />

setembro, quase que inteiramente no esclarecimento do crime da<br />

Azenha. A Gazetinha que a par desse crime publicou, ao longo da<br />

maior parte do ano de 1897, uma série de artigos intitulados O' da<br />

Polícia onde atacava, especialmente, o governo municipal pela falta<br />

de policiamento nas ruas da Capital e outras tantas a incompetência<br />

da polícia em combater os criminosos e algumas vezes a própria<br />

violência da polícia. Mas para a Gazetinha a ausência de policiamento<br />

é que estava na origem da "crescente onda de banditismo e<br />

criminalidade que se alastrava" em Porto Alegre que culminou no<br />

crime da Azenha. Outros dois jornais importantes, para a pesquisa<br />

desse artigo, foram o Correio do Povo e o Mercantil – Folha da Tarde.<br />

A fonte mais direta da nossa pesquisa é o próprio processo do<br />

crime da Azenha de número 35A, Estante 29, Maço 2, que tivemos<br />

acesso no Arquivo Público, mas às informações sobre a sociedade e<br />

acontecimentos da capital, conseguimos nos jornais que citamos<br />

acima, principalmente conhecer os fatos e acontecimentos que<br />

envolveram esse crime, que abalou profundamente a cidade de Porto<br />

Alegre no final do século XIX. Por essa razão, nos valeremos<br />

amplamente da linguagem desses jornais, viajando através das suas<br />

páginas, inclusive empregando textos inteiros tal como foram escritos<br />

à época, para assim termos uma melhor compreensão da atmosfera<br />

2 Aqui estamos parafraseando a historiadora Claudia Mauch, do seu clássico livro Ordem Pública<br />

e Moralidade que faz um estudo, entre outras abordagens, do policiamento na década de 1890<br />

em Porto Alegre.<br />

RELATÓRIO AZUL <strong>2008</strong> 24

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