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Relatório Azul 2008 - DHnet

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Antes do pedido de livramento condicional de Ozório Cazuza,<br />

ser examinado, na referida sessão do Conselho Penitenciário, várias<br />

pedidos de livramento condicional, foram encaminhados em favor do<br />

condenado, como a solicitação feita pelo eminente advogado Álvaro<br />

Sergio Masera no início de 1925, ou mesmo, quando o réu completou<br />

vinte anos de pena em 1917, mas todos foram rejeitados devido ao<br />

grande "alarma social" e a grande comoção do crime da Azenha<br />

provocou no final do século XIX. Passados tantos anos, a imagem do<br />

assassinato brutal do casal Capote, ainda continuava a latejar na<br />

memória dos porto-alegrenses. Portanto, não foi surpresa o<br />

adiamento do pedido de livramento condicional de Ozório, através do<br />

pedido de vistas do conselheiro Godoy Gomes. Mas na décima nona<br />

sessão ordinária, realizada no dia 2 de março, por seis votos a favor e<br />

um contrário foi, finalmente, deferido o livramento condicional de<br />

Ozório Cazuza, com base no art. 13, nº 3 do Decreto Federal nº<br />

16.665, de 6 de novembro de 1924.<br />

No dia 30 de março, Ozório Cazuza assinou o Termo de<br />

Compromisso, onde constava que ele deveria obedecer quatro<br />

mandamentos: continuar com bom procedimento; abster-se de<br />

bebidas alcoólicas; residir em Soledade e dedicar-se aos serviços<br />

36<br />

agrícolas .<br />

Assim, depois de quase trinta anos, esse foi o epílogo do crime<br />

da Azenha, onde o casal Capote foi assassinado pelo então jovem<br />

Ozório Cazuza, quando o seu livramento condicional, em março de<br />

1926, praticamente, encerrou para os órgãos oficiais o terrível<br />

acontecimento da Azenha. Encerrou para o Estado, mas não para o<br />

próprio Ozório, pois a sombra do crime da Azenha somente terminaria<br />

com sua própria morte no silêncio de Soledade. A partir de 1930, a<br />

memória e os efeitos do crime da rua da Azenha, foi se apagando<br />

rapidamente com as grandes transformações que ocorriam na cidade.<br />

Hoje no local onde ocorreu a tragédia, não existe mais a menor sombra<br />

da casa e nem mesmo a rua tem o mesmo nome, pois esse trecho da<br />

antiga rua da Azenha, recebeu o nome de Av. João Pessoa. Mas uma<br />

similaridade permanece, atualmente, na cidade de Porto Alegre,<br />

semelhante à tragédia dos assassinatos do casal Capote por Ozório<br />

Cazuza: o crescimento e a banalização da violência. Ao mesmo tempo<br />

em que o crime da Azenha provocou uma comoção sem precedentes<br />

35 Ata da 17ª sessão ordinária do Conselho Penitenciário do dia 11 de janeiro de 1926, in Processo<br />

nº 35A, Estante nº 29, Maço 2, de 1897, Arquivo Histórico do Estado em Porto Alegre.<br />

36 Processo nº 35A, Estante nº 29, Maço 2, de 1897, Arquivo Público do Estado em Porto Alegre.<br />

RELATÓRIO AZUL <strong>2008</strong> 58

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