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Relatório Azul 2008 - DHnet

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eferindo? O Estatuto é afirmativo quanto a condição sustentável das<br />

cidades brasileiras, como direito do cidadão, estando dirigido "para as<br />

presentes e futuras gerações". Existe, pois, urgência de que o quadro<br />

revelado pelas diretrizes da lei seja objeto de ações concretas, e as<br />

"gerações presentes" devem assumir o imediato papel que lhes cabe<br />

nesse processo de mudança.<br />

É importante aqui recordar que, de fato, o artigo 182 da<br />

Constituição Federal de 1988 já estabelecera que o Plano Diretor<br />

fosse, por natureza, o instrumento básico para a execução das<br />

políticas de desenvolvimento urbano, ressaltando as funções sociais<br />

da cidade e da propriedade. O Estatuto da Cidade, ao regulamentar o<br />

capítulo da Constituição referente à Política Urbana, definida através<br />

dos artigos 182 e 183, redesenha, de certa maneira, a noção<br />

tradicional do muito conhecido instrumento plano diretor, ao<br />

reconhecer o caráter dinâmico da cidade e ao estabelecer a exigência<br />

da participação ampla da população, apontando para uma construção<br />

pactuada e legitimada socialmente.<br />

Em meu ponto de vista, pensar este quadro estrutural implica<br />

buscar perspectivas capazes de ultrapassar o paradigma tradicional<br />

do planejamento urbano – ainda marcadamente atrelado a modelos<br />

de usos do solo e à noção de zoneamento – que, em certa medida,<br />

sobrevive técnica e ideologicamente, mesmo no Estatuto da Cidade, o<br />

que se revela na interpretação mais atenta de vários dos mecanismos<br />

operativos incluídos na lei. Antes, no entanto, de examinar alguns<br />

desses instrumentos e dispositivos, quero brevemente refletir sobre<br />

uma outra cidade, aquela que talvez nos seja invisível em uma<br />

primeira mirada, mas que, penso, revela a insustentabilidade do<br />

desenvolvimento urbano atual, aquilo que o Estatuto busca<br />

justamente enfrentar.<br />

DIGNIDADE<br />

HUMANA<br />

3. Cidades (in)visíveis como quadro de conhecimento<br />

Assim, emprestando as palavras de Sérgio Los, quero afirmar,<br />

ao modo de provocação:<br />

Arquiteturizar a cidade sustentável não é difícil, basta<br />

simplesmente deixar de sustentar aquela<br />

insustentável, deixar de alimentar o fogo de sua<br />

ideologia, para aspirar, em troca, os saberes<br />

incorporados nas cidades históricas. (Los,2000)<br />

Da forma que as interpreto, as palavras de Los, importante<br />

309<br />

RELATÓRIO AZUL <strong>2008</strong>

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