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izquierdas

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Marcelo Marchesini da Costa<br />

Considerações finais<br />

Brasil e Venezuela vivenciaram, nos anos noventa, ciclos muito semelhantes,<br />

principalmente devido à implementação de políticas neoliberais.<br />

nesse momento, porém, já havia ocorrido uma diferenciação<br />

fundamental entre esses países, relacionada com a reforma do sistema<br />

político, que ocorreu no Brasil com a constituição de 1988 e só<br />

ocorreu na Venezuela com o governo chávez, uma década depois.<br />

seria um grande reducionismo atribuir apenas ao processo constituinte<br />

do Brasil e da Venezuela as diferenças entre esses países, porém<br />

é necessário reconhecer que nesses momentos se define uma série<br />

de questões importantes para a formação da agenda governamental.<br />

os recursos que cada ator possui, suas formas de interação, problemas<br />

prioritários e alternativas de ação governamental são apontados<br />

no processo constituinte. trata-se, além disso, de um momento privilegiado<br />

para medir a disposição da população para aceitar determinadas<br />

ações, variável do fluxo político de extrema importância e difícil<br />

mensuração.<br />

a teoria sobre formação da agenda governamental não dá grande<br />

atenção para os processos constituintes, o que deve ser compreendido<br />

pelo fato de serem teorias formuladas em sua maioria nos Estados<br />

unidos, onde o tempo de existência da constituição e seu reflexo no<br />

sistema político não se comparam com o que se encontra na maioria<br />

dos países latino-americanos. na américa latina tem sido muito mais<br />

freqüente a elaboração de novas constituições.<br />

Posto isso, deve-se considerar que, no final dos anos noventa, havia<br />

uma percepção de diversos problemas sociais no Brasil e na Venezuela.<br />

a condição de pobreza e exclusão social na Venezuela passou<br />

a ser vista como um problema prioritário, para o qual havia uma alternativa<br />

no fluxo político, representada pela candidatura de chávez,<br />

que se diferenciava claramente do restante dos atores político-partidários<br />

venezuelanos. Já no caso brasileiro, a condição do mercado de<br />

trabalho, com alto desemprego, foi o problema que mais centralizou<br />

a atenção dos atores no fluxo político que representavam uma alternativa<br />

ao governo vigente. é importante considerar, no entanto, que<br />

havia coincidência de vários desses problemas nos dois países, o que<br />

poderia levar à construção de alternativas semelhantes. Entretanto,<br />

no Brasil optou-se por preservar o marco institucional construído no<br />

final dos anos 1980, enquanto, na Venezuela, a primeira medida tomada<br />

foi justamente a elaboração da nova constituição. ou seja, havia<br />

clareza de que, para solucionar os problemas, seria necessário primeiro<br />

resolver o problema de uma estrutura institucional inadequada. o<br />

curioso no Brasil foi o Partido dos trabalhadores não ter optado por<br />

uma mudança institucional, quando foi justamente esse partido que<br />

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