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capacitação para comitês de ética em pesquisa - BVS Ministério da ...

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CAPACITAÇÃO PARA COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA<br />

A importância do Manual <strong>de</strong> Boas Práticas Clínicas<br />

é que constitui uma tentativa <strong>de</strong> harmonizar as normas<br />

<strong>ética</strong>s <strong>de</strong> vários países e <strong>de</strong> criar consenso internacional na<br />

área <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong> <strong>em</strong> seres humanos. Teve como objetivo<br />

fornecer um padrão unificado <strong>para</strong> a União Européia,<br />

Japão e os Estados Unidos. Na elaboração do texto, foram<br />

leva<strong>da</strong>s <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração as normas <strong>da</strong> Austrália, Canadá,<br />

os Países Nórdicos e a Organização Mundial <strong>da</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />

A REGULAMENTAÇÃO BRASILEIRA DE<br />

ÉTICA EM PESQUISA EM SERES HUMANOS<br />

O compromisso com <strong>ética</strong> <strong>em</strong> <strong>pesquisa</strong> se encontra não<br />

somente <strong>em</strong> nível internacional, mas também, <strong>em</strong> nível<br />

mais local. Nos Estados Unidos, por ex<strong>em</strong>plo, o Relatório<br />

<strong>de</strong> Belmont (1979) 8 representou uma gran<strong>de</strong> contribuição<br />

à discussão sobre o assunto. O Brasil, tampouco, ficou<br />

à marg<strong>em</strong> <strong>de</strong>ste processo e faz certo t<strong>em</strong>po que está se<br />

preocupando com a <strong>ética</strong> <strong>em</strong> <strong>pesquisa</strong> <strong>em</strong> seres humanos.<br />

A regulamentação brasileira <strong>da</strong> <strong>ética</strong> <strong>em</strong> <strong>pesquisa</strong> <strong>em</strong><br />

seres humanos se encontra especialmente nos seguintes<br />

textos: Conselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Medicina, Código <strong>de</strong> Ética<br />

Médica – Resolução CFM nº 1.246/88 [Brasília/Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro 1988], Artigos 122-130 (Martin, 1993); Conselho<br />

Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, Resolução nº 01/88 (sobre <strong>pesquisa</strong><br />

biomédica) (Conselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Medicina, 1995), já<br />

supera<strong>da</strong> e revoga<strong>da</strong> por <strong>de</strong>terminação do Conselho<br />

Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, Resolução nº 196/96 Sobre Pesquisa<br />

Envolvendo Seres Humanos (Conselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

Medicina, 1996; Brasil, Conep, 1998).<br />

Esta última, a Resolução 196/96, é o referencial <strong>para</strong><br />

<strong>ética</strong> <strong>em</strong> <strong>pesquisa</strong> hoje <strong>em</strong> dia no Brasil e recebeu, como<br />

compl<strong>em</strong>ento, uma série <strong>de</strong> outras resoluções do Conselho<br />

Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>para</strong> facilitar sua aplicabili<strong>da</strong><strong>de</strong>:<br />

Resolução nº 240/97 Sobre Usuários nos Comitês <strong>de</strong><br />

Ética <strong>em</strong> Pesquisa (Brasil, Conep, 1999), Resolução nº<br />

251/97 Sobre Novos Fármacos (Brasil, Conep, 1998),<br />

Resolução nº 292/99 Sobre Pesquisas coor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s do<br />

Exterior (Brasil, Conep, 2000), Resolução nº 301/00<br />

Mantendo it<strong>em</strong> II.3 <strong>da</strong> Declaração <strong>de</strong> Helsinque (Brasil,<br />

Conep, 2000), Resolução nº 303/00 Sobre Reprodução<br />

Humana (Brasil, Conep, 2000), e Resolução nº 304/00<br />

Sobre Povos Indígenas (Brasil, Conep, 2000).<br />

Uma resolução específica sobre <strong>pesquisa</strong>s na área <strong>da</strong><br />

gen<strong>ética</strong> atualmente está <strong>em</strong> estudo.<br />

138<br />

O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA DO CFM (1988)<br />

Enquanto a consciência <strong>ética</strong> <strong>em</strong> relação à <strong>pesquisa</strong> <strong>em</strong><br />

seres humanos estava <strong>em</strong>ergindo <strong>em</strong> nível internacional <strong>em</strong><br />

meados do século XX, especialmente nos Estados Unidos e<br />

na Inglaterra, nota-se o <strong>de</strong>spertar <strong>de</strong> uma nova consciência<br />

também a este respeito no Brasil, no contexto <strong>da</strong> elaboração<br />

<strong>da</strong> <strong>ética</strong> médica codifica<strong>da</strong>.<br />

Nos primeiros Códigos brasileiros <strong>de</strong> <strong>ética</strong> médica, 9<br />

on<strong>de</strong> o <strong>para</strong>digma tecnocientífico <strong>da</strong> medicina ain<strong>da</strong><br />

está na sua infância, há pouca preocupação, <strong>de</strong> fato,<br />

com a questão <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong>. É a partir do Código <strong>de</strong><br />

1953 10 que a probl<strong>em</strong>ática começa a ocupar espaço.<br />

Po<strong>de</strong>-se observar, na fase inicial, certa atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sconfiança diante <strong>da</strong> proposta <strong>de</strong> realizar <strong>pesquisa</strong>s<br />

<strong>em</strong> seres humanos. O art. 57/1953 <strong>de</strong>ixa claro seu<br />

intento <strong>de</strong> <strong>de</strong>marcar limites <strong>para</strong> este tipo <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

e <strong>de</strong>clara inaceitável <strong>pesquisa</strong>s <strong>em</strong> seres humanos com<br />

fins puramente científicos, mesmo com o consentimento<br />

<strong>da</strong> pessoa, somente admitindo <strong>pesquisa</strong>s com finali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

terapêutica ou diagnóstica, 11 sendo essas tolera<strong>da</strong>s<br />

apenas quando não há riscos graves <strong>para</strong> o paciente.<br />

Mais ain<strong>da</strong>, seguindo o espírito <strong>da</strong> “Declaração <strong>de</strong><br />

Nur<strong>em</strong>berg”, o artigo insiste sobre a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

consentimento “espontâneo e expresso” <strong>da</strong>do por<br />

uma pessoa perfeitamente capaz e informa<strong>da</strong> sobre<br />

os perigos e possíveis <strong>da</strong>nos. Está claro que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

início <strong>da</strong> tradição brasileira <strong>de</strong> <strong>ética</strong> médica, <strong>em</strong> relação<br />

à <strong>pesquisa</strong>, os direitos do ser humano são colocados<br />

acima <strong>de</strong> qualquer interesse científico. Neste mesmo<br />

espírito, o art. 58/1953 afirma que: “São absolutamente<br />

interditas quaisquer experiências no hom<strong>em</strong>, com fins<br />

bélicos, políticos, raciais ou eugênicos”. 12<br />

O Código <strong>de</strong> 1984 continua <strong>de</strong>sconfiado <strong>em</strong> relação<br />

à <strong>pesquisa</strong>, mas adota um tom mais mo<strong>de</strong>rado nas suas<br />

provisões no sentido <strong>de</strong> admitir <strong>pesquisa</strong> <strong>em</strong> seres<br />

humanos, mas com a <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> supervisão. O art. 30/1984,<br />

por ex<strong>em</strong>plo, afirma que:<br />

“É ve<strong>da</strong>do ao Médico no exercício <strong>de</strong> sua<br />

Profissão:…Realizar <strong>pesquisa</strong> in anima nobili, s<strong>em</strong><br />

estar <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente autorizado e s<strong>em</strong> o necessário<br />

acompanhamento <strong>de</strong> Comissão Ética”.<br />

Esta referência à “Comissão <strong>de</strong> Ética” é importante<br />

historicamente porque incorpora na <strong>ética</strong> médica<br />

codifica<strong>da</strong> brasileira a exigência <strong>da</strong> Declaração <strong>de</strong>

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