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capacitação para comitês de ética em pesquisa - BVS Ministério da ...

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CAPACITAÇÃO PARA COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA<br />

o grau <strong>de</strong> severi<strong>da</strong><strong>de</strong> dos potenciais riscos, maior <strong>de</strong>ve ser a<br />

possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e/ou magnitu<strong>de</strong> dos benefícios antecipados. Por<br />

outro lado, a <strong>pesquisa</strong> que implique <strong>em</strong> menor probabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

e/ou severi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>em</strong> riscos potenciais, po<strong>de</strong> ter benefícios<br />

potenciais mais incertos e/ou circunscritos.<br />

Obviamente, o conceito <strong>de</strong> “proporcionali<strong>da</strong><strong>de</strong>” e<br />

“<strong>de</strong>limitação” dos riscos e benefícios é metafórico. As<br />

pessoas habitualmente com<strong>para</strong>m os possíveis riscos e<br />

benefícios por si mesmas antes <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir se um exce<strong>de</strong><br />

ao outro. A ausência <strong>de</strong> uma fórmula mat<strong>em</strong>ática <strong>para</strong><br />

<strong>de</strong>terminar quando o balanço entre riscos e benefícios é<br />

proporcional não assume a conotação <strong>de</strong> que tais juízos sejam<br />

intrinsecamente fortuitos ou subjetivos. As avaliações sobre<br />

a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos livros ou dos filmes não são quantificáveis,<br />

mas tão pouco se trata somente <strong>de</strong> gostos pessoais; estas<br />

acarretam juízos baseados <strong>em</strong> padrões compartilhados.<br />

Assim mesmo, o requisito <strong>de</strong> que o castigo <strong>de</strong>ve concor<strong>da</strong>r<br />

com o crime ou as recompensas refletir a contribuição, gerou<br />

normas compartilha<strong>da</strong>s s<strong>em</strong> algoritmos quantificáveis. Da<br />

mesma forma, as avaliações sobre riscos e benefícios <strong>da</strong><br />

<strong>pesquisa</strong> são julgamentos que po<strong>de</strong>m implicar <strong>em</strong> normas<br />

explícitas, basea<strong>da</strong>s <strong>em</strong> um <strong>de</strong>lineamento sist<strong>em</strong>ático sobre<br />

a base <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos existente, sobre os tipos potenciais <strong>de</strong><br />

<strong>da</strong>nos e <strong>de</strong> benefícios, sua probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrer e suas<br />

conseqüências <strong>em</strong> longo prazo.<br />

A <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> quando os riscos <strong>em</strong> potencial <strong>para</strong> os<br />

sujeitos individualmente exce<strong>de</strong>m o potencial dos benefícios<br />

dirigidos à socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, acarreta com<strong>para</strong>ções interpessoais que,<br />

tanto conceitualmente como na prática, são muito difíceis e se<br />

aproximam muito <strong>da</strong> exploração. Ain<strong>da</strong> que tal com<strong>para</strong>ção<br />

seja inerente à to<strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong> clínica, é particularmente<br />

exacerba<strong>da</strong> na Fase I <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong>, durante a qual não se espera<br />

nenhum benefício <strong>para</strong> o indivíduo. Embora os indivíduos <strong>em</strong><br />

geral não avali<strong>em</strong> quando os riscos que corr<strong>em</strong> se traduz<strong>em</strong><br />

<strong>em</strong> benefícios <strong>para</strong> a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, os responsáveis pelas<br />

políticas habitualmente faz<strong>em</strong> tais com<strong>para</strong>ções. A indução<br />

a aproximações utilitaristas na direção <strong>da</strong> maximização é<br />

muito polêmica; não existe um marco <strong>de</strong>terminado sobre<br />

como se <strong>de</strong>veria “balancear” os benefícios sociais versus<br />

os riscos vivenciados pelos indivíduos. Entretanto, estas<br />

<strong>de</strong>cisões são toma<strong>da</strong>s pelos <strong>pesquisa</strong>dores e os Comitês <strong>de</strong><br />

Ética <strong>em</strong> Pesquisa acabam assumindo a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cidir sobre essa questão.<br />

Este requisito incorpora os princípios <strong>da</strong> não-<br />

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maleficência e <strong>da</strong> beneficência, reconhecidos por longo<br />

t<strong>em</strong>po como princípios fun<strong>da</strong>mentais <strong>da</strong> medicina e <strong>da</strong><br />

<strong>pesquisa</strong> clínica (Beauchamp, 1994; Levine, 1988). O<br />

princípio <strong>da</strong> não-maleficência sustenta que não se <strong>de</strong>ve<br />

causar <strong>da</strong>no a uma pessoa. Isto justifica a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> se reduzir ao mínimo os riscos <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong>. O<br />

princípio <strong>da</strong> beneficência “se refere à obrigação moral<br />

<strong>de</strong> atuar <strong>em</strong> benefício <strong>de</strong> outros” (Beauchamp, 1994).<br />

Na <strong>pesquisa</strong> clínica, isto se traduz na necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

maximizar os benefícios <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong> tanto <strong>para</strong> o sujeito<br />

individualmente como <strong>para</strong> a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. É fun<strong>da</strong>mental<br />

ter a segurança <strong>de</strong> que os benefícios exce<strong>da</strong>m aos riscos<br />

pela necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> evitar a exploração <strong>da</strong>s pessoas.<br />

5. Avaliação in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

Os <strong>pesquisa</strong>dores se <strong>de</strong><strong>para</strong>m com potenciais conflitos<br />

<strong>de</strong> interesses. Mesmo os <strong>pesquisa</strong>dores b<strong>em</strong> intencionados<br />

têm múltiplos interesses que são legítimos – interesse<br />

<strong>em</strong> realizar uma boa <strong>pesquisa</strong>, completar a <strong>pesquisa</strong><br />

rapi<strong>da</strong>mente, proteger os participantes, obter financiamento<br />

e projetar-se <strong>em</strong> suas carreiras, entre tantos outros. Esses<br />

interesses diversos po<strong>de</strong>m involuntariamente distorcer<br />

e minar seus julgamentos no que se refere ao <strong>de</strong>senho, à<br />

condução <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong>, à análise dos <strong>da</strong>dos, b<strong>em</strong> como sua<br />

a<strong>de</strong>são aos requisitos éticos (Thompson, 1993). Seu <strong>de</strong>sejo<br />

<strong>de</strong> finalizar um estudo rapi<strong>da</strong>mente po<strong>de</strong> levá-los a utilizar<br />

métodos científicos duvidosos e <strong>de</strong>ste modo comprometer<br />

a vali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong>; po<strong>de</strong> ain<strong>da</strong> levar à utilização <strong>de</strong><br />

sujeitos facilmente disponíveis <strong>em</strong> vez <strong>de</strong> aplicar critérios<br />

mais justos na seleção dos participantes; seu compromisso<br />

com o projeto <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong> po<strong>de</strong> conduzi-los a enfatizar<br />

<strong>de</strong>mais os benefícios potenciais e <strong>de</strong>sprezar o potencial <strong>da</strong>no<br />

<strong>para</strong> os sujeitos. Uma forma comum <strong>de</strong> reduzir ao mínimo o<br />

impacto <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> prejuízo é a avaliação in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do<br />

protocolo, fazendo com que a <strong>pesquisa</strong> clínica seja revisa<strong>da</strong><br />

por peritos apropriados, que não estejam filiados ao estudo e<br />

que tenham autori<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>para</strong> aprovar, <strong>em</strong>en<strong>da</strong>r ou, <strong>em</strong> casos<br />

extr<strong>em</strong>os, cancelar a <strong>pesquisa</strong>.<br />

Uma segun<strong>da</strong> razão <strong>para</strong> a avaliação in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong><br />

<strong>pesquisa</strong> clínica é a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> social. A <strong>pesquisa</strong> clínica<br />

impõe riscos aos sujeitos <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong> <strong>em</strong> nome do possível<br />

benefício <strong>para</strong> a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. E mais, os possíveis sujeitos <strong>de</strong><br />

futuros projetos <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong> são m<strong>em</strong>bros <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. A<br />

avaliação in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte sobre o cumprimento dos requisitos

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