03.04.2013 Views

capacitação para comitês de ética em pesquisa - BVS Ministério da ...

capacitação para comitês de ética em pesquisa - BVS Ministério da ...

capacitação para comitês de ética em pesquisa - BVS Ministério da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

diante dos muitos resultados contraditórios, é preciso<br />

conhecimento <strong>de</strong> técnicas científicas. Há pouco<br />

t<strong>em</strong>po, explicava-se a contradição na literatura<br />

pelos erros experimentais: muitos <strong>pesquisa</strong>dores<br />

não sabiam o que era casualização, estratificação,<br />

controle negativo e controle positivo, experimentos<br />

cegos e duplos cegos, estudos prospectivos e estudos<br />

retrospectivos. Mas hoje muitos esses conceitos<br />

estão absorvidos e as dúvi<strong>da</strong>s e divergências ficam,<br />

então, por conta do tamanho <strong>da</strong>s amostras.<br />

Na <strong>pesquisa</strong> médica, umas poucas pessoas<br />

representam muitas pessoas. Só que os <strong>pesquisa</strong>dores<br />

n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre consegu<strong>em</strong> recrutar um número<br />

suficiente <strong>de</strong> pacientes <strong>para</strong> ter <strong>em</strong> mãos uma amostra<br />

do tamanho necessário. Por essa razão, n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre<br />

encontram evidência estatística <strong>de</strong> diferenças que<br />

po<strong>de</strong>m ter significado clínico. A gran<strong>de</strong> maioria dos<br />

ensaios “negativos” t<strong>em</strong>, na reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, pouco po<strong>de</strong>r<br />

estatístico (probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> rejeitar a hipótese <strong>da</strong><br />

nuli<strong>da</strong><strong>de</strong>, quando ela é falsa), por conta <strong>de</strong> amostras<br />

muito pequenas.<br />

Para resolver esta questão, têm sido recomen<strong>da</strong>dos<br />

estudos multicêntricos, isto é, estudos que reún<strong>em</strong><br />

os resultados <strong>de</strong> vários experimentos feitos com o<br />

mesmo protocolo e conduzidos simultaneamente <strong>em</strong><br />

vários centros clínicos. Os resultados <strong>de</strong> experimentos<br />

multicêntricos são, <strong>em</strong> geral, mais convincentes do<br />

que os resultados <strong>de</strong> um único experimento, por<br />

diversas razões.<br />

A primeira <strong>de</strong>las é o fato <strong>da</strong> base <strong>para</strong> a generalização<br />

ser maior, <strong>da</strong><strong>da</strong> à maior variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos pacientes.<br />

Além disso, percebe-se que, como ca<strong>da</strong> centro fornece<br />

resultados praticamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, é possível<br />

examinar a consistência dos resultados, sendo este<br />

um ponto que <strong>de</strong>veria ser obrigatório. Um terceiro<br />

aspecto refere-se às populações <strong>de</strong>sses estudos, que<br />

são <strong>em</strong> geral heterogêneas, o que possibilita a análise<br />

dos subgrupos, sendo recomendável ou até mesmo<br />

indispensável. Finalmente, como ca<strong>da</strong> centro clínico<br />

conduz a <strong>pesquisa</strong> com poucos pacientes, a quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

do atendimento e as condições <strong>de</strong> monitoramento<br />

não ficam prejudica<strong>da</strong>s, apesar <strong>de</strong> o experimento ser<br />

conduzido com gran<strong>de</strong>s amostras.<br />

To<strong>da</strong>s estas vantagens, contudo, po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>saparecer<br />

CAPACITAÇÃO PARA COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA<br />

frente a uma análise ina<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>. E é <strong>de</strong> se acreditar<br />

que isso <strong>de</strong> fato ocorra com certa freqüência. Na<br />

publicação <strong>de</strong> experimentos multicêntricos, muitas<br />

vezes não existe qualquer referência às eventuais<br />

diferenças <strong>de</strong> resultados obtidos nos diferentes centros<br />

e, muito menos, é feita uma com<strong>para</strong>ção. Per<strong>de</strong>-se,<br />

assim, a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> analisar a variação entre<br />

centros, <strong>de</strong>tectar a variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> entre subpopulações<br />

e apontar discrepâncias.<br />

Por conta disso, na bula do produto comercializado<br />

não constam informações <strong>de</strong>riva<strong>da</strong>s do estudo dos<br />

subgrupos, que po<strong>de</strong>riam ser úteis ao paciente. Aliás,<br />

no registro do produto comercializado <strong>de</strong>veria ser<br />

pedi<strong>da</strong> a caracterização <strong>da</strong> amostra, pois não se po<strong>de</strong>m<br />

generalizar resultados obtidos <strong>para</strong> populações que<br />

não correspon<strong>da</strong>m à amostra estu<strong>da</strong><strong>da</strong>.<br />

Os estudos multicêntricos são, s<strong>em</strong> dúvi<strong>da</strong><br />

alguma, importante ferramenta <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong>. Mas<br />

a estrutura organizacional <strong>de</strong>sses estudos precisa<br />

ser mais b<strong>em</strong> discuti<strong>da</strong>. É preciso que os múltiplos<br />

centros trabalh<strong>em</strong> <strong>em</strong> conjunto, pois só a perfeita<br />

integração garante que os muitos <strong>pesquisa</strong>dores<br />

junt<strong>em</strong> esforços, que as discussões e a toma<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cisão sejam feitas <strong>em</strong> reuniões, que haja a<strong>de</strong>rência<br />

aos propósitos estabelecidos. S<strong>em</strong> isso, as múltiplas<br />

tendências <strong>de</strong>terminam diferentes tipos <strong>de</strong> viés e a<br />

vali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos resultados fica <strong>em</strong> risco.<br />

Na execução <strong>de</strong> estudos multicêntricos, o primeiro<br />

passo é a busca <strong>de</strong> fundos. As atitu<strong>de</strong>s difer<strong>em</strong><br />

muito, nesse aspecto, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> é o<br />

responsável pelo início <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong>, se o <strong>pesquisa</strong>dor<br />

ou o patrocinador. De qualquer forma, existe uma<br />

seqüência <strong>de</strong> passos a ser obe<strong>de</strong>ci<strong>da</strong>.<br />

Começa-se, evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente, com a proposta do<br />

trabalho e a escolha dos centros que participarão <strong>da</strong><br />

<strong>pesquisa</strong>. Depois, o projeto começa a ser organizado.<br />

São discuti<strong>da</strong>s as hipóteses que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser coloca<strong>da</strong>s<br />

<strong>em</strong> teste e é acor<strong>da</strong>do o <strong>de</strong>lineamento experimental.<br />

Estabelece-se, cui<strong>da</strong>dosamente, a metodologia <strong>da</strong><br />

<strong>pesquisa</strong> e <strong>de</strong>talham-se todos os passos. O protocolo é,<br />

então, redigido e submetido à apreciação <strong>de</strong> todos os<br />

<strong>comitês</strong> <strong>de</strong> <strong>ética</strong> envolvidos. Se aprovado, inicia-se a<br />

execução <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong> e conseqüente coleta <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos.<br />

Termina<strong>da</strong> esta fase, passa-se ao processamento dos<br />

155

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!