03.04.2013 Views

capacitação para comitês de ética em pesquisa - BVS Ministério da ...

capacitação para comitês de ética em pesquisa - BVS Ministério da ...

capacitação para comitês de ética em pesquisa - BVS Ministério da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Helsinque que a <strong>pesquisa</strong> seja instituí<strong>da</strong> num protocolo<br />

que será submetido à consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> um comitê<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. 13<br />

A preocupação com o controle <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong>s <strong>em</strong> seres<br />

humanos se torna um el<strong>em</strong>ento constante, como se po<strong>de</strong><br />

verificar no art. 31/1984, que ve<strong>da</strong> ao médico:<br />

“Empregar ou usar experimentalmente qualquer<br />

tipo <strong>de</strong> terapêutica ain<strong>da</strong> não libera<strong>da</strong> <strong>para</strong> uso no País,<br />

s<strong>em</strong> a <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> autorização dos órgãos competentes,<br />

do consentimento do paciente ou <strong>de</strong> seu responsável,<br />

<strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente informado <strong>da</strong> situação e <strong>da</strong>s possíveis<br />

conseqüências”.<br />

El<strong>em</strong>ento constante, também, é a insistência sobre<br />

a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> do consentimento livre e esclarecido <strong>da</strong><br />

pessoa que vai participar <strong>de</strong> qualquer <strong>pesquisa</strong>. 14<br />

Quando chegamos ao Código <strong>de</strong> 1988, a <strong>pesquisa</strong><br />

<strong>em</strong> seres humanos, sob a rubrica <strong>de</strong> “Pesquisa Médica”,<br />

ganha importância suficiente <strong>para</strong> merecer um capítulo<br />

específico com nove artigos. 15<br />

O capítulo começa reiterando a proibição, presente<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Código <strong>de</strong> 1953, que ve<strong>da</strong> ao médico:<br />

“Participar <strong>de</strong> qualquer tipo <strong>de</strong> experiência no ser<br />

humano com fins bélicos, políticos, raciais ou eugênicos”,<br />

art. 122/1988.<br />

Os graves abusos dos nazistas marcaram profun<strong>da</strong>mente<br />

a consciência <strong>da</strong> <strong>ética</strong> médica codifica<strong>da</strong> no Brasil como<br />

também a convicção do valor fun<strong>da</strong>mental do ser humano<br />

com seus direitos universais e inalienáveis que repudia a<br />

instrumentalização <strong>da</strong> pessoa e sua <strong>de</strong>spersonalização a<br />

serviço <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologias bélicas, políticas, racistas ou outras.<br />

Já no segundo artigo do Código a questão do<br />

consentimento ganha <strong>de</strong>staque. Neste contexto, apelase<br />

<strong>para</strong> dois princípios importantes: o princípio <strong>da</strong><br />

autonomia – o indivíduo <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>cidir livr<strong>em</strong>ente sobre<br />

sua participação ou não, e o princípio <strong>da</strong> beneficência<br />

– o b<strong>em</strong> do sujeito, especialmente quando incapaz <strong>de</strong><br />

respon<strong>de</strong>r pessoalmente por si mesmo. O art. 123/1988<br />

ve<strong>da</strong> ao médico:<br />

“Realizar <strong>pesquisa</strong> <strong>em</strong> ser humano, s<strong>em</strong> que este<br />

tenha <strong>da</strong>do consentimento por escrito, após <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente<br />

esclarecido, sobre a natureza e conseqüências <strong>da</strong><br />

<strong>pesquisa</strong>.<br />

Parágrafo único: Caso o paciente não tenha condições<br />

<strong>de</strong> <strong>da</strong>r seu livre consentimento, a <strong>pesquisa</strong> somente po<strong>de</strong>rá<br />

CAPACITAÇÃO PARA COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA<br />

ser realiza<strong>da</strong>, <strong>em</strong> seu próprio benefício, após expressa<br />

autorização <strong>de</strong> seu responsável legal”.<br />

No primeiro momento, a ênfase está sobre a<br />

autonomia. Só se po<strong>de</strong> realizar a <strong>pesquisa</strong> se a pessoa<br />

<strong>de</strong>r, por escrito, seu consentimento. O fato <strong>de</strong> o Código<br />

exigir que o consentimento seja <strong>da</strong>do por escrito é<br />

justamente <strong>para</strong> insistir que se crie condições objetivas<br />

<strong>para</strong> facilitar o exercício <strong>da</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> pessoa e <strong>para</strong><br />

dificultar manipulações in<strong>de</strong>vi<strong>da</strong>s. O pressuposto, <strong>em</strong>bora<br />

n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre b<strong>em</strong> fun<strong>da</strong>mentado, é que o fato <strong>de</strong> a pessoa<br />

ter <strong>de</strong> assinar um termo <strong>de</strong> consentimento o levará a ler<br />

com atenção o que está assinando e compreen<strong>de</strong>r as<br />

conseqüências <strong>da</strong> sua opção. A inclusão <strong>da</strong> expressão<br />

“após <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente esclarecido” preten<strong>de</strong> reforçar esta<br />

dinâmica <strong>de</strong> comunicação indispensável <strong>para</strong> o exercício<br />

a<strong>de</strong>quado <strong>da</strong> autonomia.<br />

No “parágrafo único”, po<strong>de</strong>mos sentir a forte presença<br />

do princípio <strong>da</strong> beneficência e o impacto do <strong>para</strong>digma<br />

benigno-humanitário <strong>da</strong> medicina, que perpassa o Código<br />

todo, limitando a atuação do mundo tecnocientífico.<br />

Para o Código, o consentimento livre e esclarecido é<br />

tão importante que uma pessoa s<strong>em</strong> condições <strong>de</strong> <strong>da</strong>r<br />

seu parecer não <strong>de</strong>ve ser incluí<strong>da</strong> numa <strong>pesquisa</strong>, a não<br />

ser quando é no seu próprio benefício e mesmo assim,<br />

somente “após expressa autorização <strong>de</strong> seu responsável<br />

legal”. A idéia <strong>de</strong> usar uma pessoa incapaz numa <strong>pesquisa</strong><br />

que beneficie meramente a ciência é completamente<br />

inaceitável <strong>para</strong> o Código.<br />

Mais uma vez, no art. 124/1988, a autonomia e a<br />

beneficência são os dois princípios que predominam. A<br />

proibição, neste caso, é <strong>de</strong>:<br />

“Usar experimentalmente qualquer tipo <strong>de</strong> terapêutica<br />

ain<strong>da</strong> não libera<strong>da</strong> <strong>para</strong> uso no País, s<strong>em</strong> a <strong>de</strong>vi<strong>da</strong><br />

autorização dos órgãos competentes e s<strong>em</strong> consentimento<br />

do paciente ou <strong>de</strong> seu responsável legal, <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente<br />

informados <strong>da</strong> situação e <strong>da</strong>s possíveis conseqüências”.<br />

A proteção do doente exige o exercício do controle<br />

social na forma <strong>da</strong> autorização dos órgãos competentes:<br />

<strong>comitês</strong> <strong>de</strong> <strong>ética</strong> <strong>em</strong> <strong>pesquisa</strong>, vigilância sanitária, e o<br />

consentimento, ou por parte do paciente ou por parte do<br />

responsável legal, uma vez esclareci<strong>da</strong>s a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>mente<br />

as conseqüências previsíveis e possíveis perigos.<br />

A consciência social do <strong>para</strong>digma benignohumanitário<br />

<strong>da</strong> medicina, que predomina no Código, se<br />

139

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!