03.04.2013 Views

capacitação para comitês de ética em pesquisa - BVS Ministério da ...

capacitação para comitês de ética em pesquisa - BVS Ministério da ...

capacitação para comitês de ética em pesquisa - BVS Ministério da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

proíbe é fazer <strong>pesquisa</strong> <strong>em</strong> doente crônico ou terminal<br />

quando não há pelo menos esperança razoável <strong>de</strong> beneficiálo<br />

e, principalmente, se isso implica aumentar o sofrimento<br />

que já está pa<strong>de</strong>cendo. A ciência é um gran<strong>de</strong> b<strong>em</strong>, mas<br />

um médico capaz <strong>de</strong> se sensibilizar diante do sofrimento<br />

do seu paciente e partilhar este momento, s<strong>em</strong> per<strong>de</strong>r sua<br />

objetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> terapêutica, é um b<strong>em</strong> maior ain<strong>da</strong>.<br />

Resumindo, po<strong>de</strong>mos dizer claramente que, <strong>em</strong><br />

relação à questão <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong> <strong>em</strong> seres humanos, a<br />

mentali<strong>da</strong><strong>de</strong> que predomina é a do <strong>para</strong>digma benignohumanitário<br />

e que são rejeita<strong>da</strong>s pelos artigos do Código<br />

<strong>de</strong> 1988 as pretensões exagera<strong>da</strong>s dos <strong>para</strong>digmas<br />

tecnocientífico e comercial-<strong>em</strong>presarial. Esta rejeição dos<br />

exageros, porém, não significa que os valores <strong>da</strong> ciência,<br />

especialmente, não são prezados, quando colocados no<br />

seu <strong>de</strong>vido lugar na hierarquia <strong>de</strong> valores. Isso aparece<br />

com certa evidência quando o Código fala <strong>da</strong> publicação<br />

<strong>de</strong> trabalhos científicos.<br />

Na perspectiva do Código, o conhecimento médico<br />

é um b<strong>em</strong> que <strong>de</strong>veria estar a serviço <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> do ser<br />

humano. Por isso, o art. 131/1988 não admite <strong>em</strong> relação<br />

ao médico:<br />

“Permitir que sua participação, na divulgação <strong>de</strong><br />

assuntos médicos, <strong>em</strong> qualquer veículo <strong>de</strong> comunicação<br />

<strong>de</strong> massa, <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> ter caráter exclusivamente <strong>de</strong><br />

esclarecimento e educação <strong>da</strong> coletivi<strong>da</strong><strong>de</strong>”.<br />

É um b<strong>em</strong> que merece respeito, por isso o médico não<br />

<strong>de</strong>ve:<br />

“Divulgar informação sobre assunto médico <strong>de</strong> forma<br />

sensacionalista, promocional ou <strong>de</strong> conteúdo inverídico”<br />

(art. 132/1988).<br />

A rejeição <strong>da</strong> mentali<strong>da</strong><strong>de</strong> comercial-<strong>em</strong>presarial aqui<br />

é forte, como também a <strong>de</strong>sconfiança diante dos meios <strong>de</strong><br />

comunicação <strong>de</strong> massa nos arts. 133-136/1988.<br />

Em relação à questão específica <strong>da</strong> publicação <strong>de</strong><br />

trabalhos científicos, a <strong>ética</strong> que se propõe é a <strong>ética</strong> que se<br />

aplica a qualquer acadêmico que se preza. É proibido:<br />

“Publicar <strong>em</strong> seu nome trabalho científico do qual não<br />

tenha participado; atribuir-se autoria exclusiva <strong>de</strong> trabalho<br />

realizado por seus subordinados ou outros profissionais,<br />

mesmo quando executados sob sua orientação” (art.<br />

137/1988);<br />

“Utilizar-se, s<strong>em</strong> referência ao autor ou s<strong>em</strong> a sua<br />

autorização expressa, <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos, informações, ou opiniões<br />

CAPACITAÇÃO PARA COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA<br />

ain<strong>da</strong> não publicados” (art. 138/1988);<br />

“Apresentar como originais quaisquer idéias,<br />

<strong>de</strong>scobertas ou ilustrações que na reali<strong>da</strong><strong>de</strong> não o sejam”<br />

(art. 139/1988);<br />

“Falsear <strong>da</strong>dos estatísticos ou <strong>de</strong>turpar sua interpretação<br />

científica” (art. 140/1988).<br />

A <strong>pesquisa</strong> <strong>em</strong> seres humanos talvez seja a área on<strong>de</strong><br />

o <strong>para</strong>digma tecnocientífico e o <strong>para</strong>digma benignohumanitário<br />

mais se confrontam. Por mais que se respeit<strong>em</strong>,<br />

porém, os valores científicos no Código, estão s<strong>em</strong>pre<br />

subordinados à digni<strong>da</strong><strong>de</strong> do ser humano, e a benigni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

humanitária e solidária forma o ethos que predomina.<br />

DIRETRIZES E NORMAS BRASILEIRAS – A<br />

RESOLUÇÃO 196/96 DO CONSELHO NACIONAL<br />

DE SAÚDE<br />

No mesmo ano <strong>em</strong> que foi promulgado o Código <strong>de</strong><br />

Ética Médica (1988), o Conselho Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

publicou sua Resolução nº 01/88 (Conselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

Medicina, 1995), É mais uma tentativa <strong>em</strong> nível oficial<br />

<strong>de</strong> regulamentar a <strong>ética</strong> <strong>em</strong> <strong>pesquisa</strong> no Brasil e <strong>de</strong><br />

consoli<strong>da</strong>r o que o Conselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Medicina já tinha<br />

feito quando adotou, por meio <strong>da</strong> Resolução nº 671/75 <strong>em</strong><br />

1975 a Declaração <strong>de</strong> Helsinque I, <strong>de</strong> 1964, e a Declaração<br />

<strong>de</strong> Helsinque II <strong>em</strong> 1983, com a Resolução nº 1.098/83.<br />

Como nos outros documentos citados até agora, exige-se<br />

respeito pela digni<strong>da</strong><strong>de</strong> do ser humano e a proteção dos<br />

seus direitos e b<strong>em</strong>-estar (art. 4). Duas coisas que receb<strong>em</strong><br />

certa ênfase são o consentimento pós-informação (arts.<br />

10-16) e <strong>comitês</strong> <strong>de</strong> <strong>ética</strong> com pelo menos um m<strong>em</strong>bro<br />

não pertencente ao quadro <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong>dores <strong>da</strong> instituição<br />

on<strong>de</strong> se realiza a <strong>pesquisa</strong> (arts. 83-93).<br />

Esta Resolução teve um impacto relativamente fraco<br />

sobre a atuação dos <strong>pesquisa</strong>dores brasileiros, como<br />

<strong>de</strong>monstra um estudo publicado <strong>em</strong> 1995.16 Na época, n<strong>em</strong><br />

todos os Hospitais tinham comitê <strong>de</strong> <strong>ética</strong> <strong>em</strong> <strong>pesquisa</strong> e uma<br />

porcentag<strong>em</strong> baixa <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong>dores (38,5%) informou que<br />

submetia suas <strong>pesquisa</strong>s a tais <strong>comitês</strong>.<br />

Diante <strong>de</strong>sta situação, o Conselho Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, <strong>em</strong><br />

1995, criou um Grupo Executivo <strong>de</strong> Trabalho <strong>para</strong> revisar a<br />

Resolução nº 01/88 e propor o texto <strong>de</strong> uma nova resolução.<br />

Após um período <strong>de</strong> ampla consulta à comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> científica<br />

e à socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e a realização <strong>de</strong> oficinas e s<strong>em</strong>inários <strong>para</strong><br />

discussão e aprofun<strong>da</strong>mento do assunto, houve uma<br />

141

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!