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capacitação para comitês de ética em pesquisa - BVS Ministério da ...

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programa um <strong>de</strong>dicado à <strong>ética</strong> biomédica) <strong>de</strong>stinados a<br />

professores europeus, que reflitam a especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

pensamento europeu na sua diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> internacional.<br />

Po<strong>de</strong>ríamos ain<strong>da</strong> mencionar a realização anual, e<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> há vários anos, do European Bioethics S<strong>em</strong>inar,<br />

<strong>em</strong> Nijmegen (Holan<strong>da</strong>) e, mais recent<strong>em</strong>ente, a<br />

edição <strong>de</strong> algumas revistas <strong>da</strong> especiali<strong>da</strong><strong>de</strong> (Journals)<br />

que explicitam sua orientação européia.<br />

No que se refere especificamente aos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />

reflexão teórica, verifica-se uma reação generaliza<strong>da</strong><br />

contra a sobrevalorização <strong>da</strong> autonomia e <strong>em</strong> geral<br />

contra o principalismo e o libertarianismo s<strong>em</strong>,<br />

to<strong>da</strong>via, se erguer um qualquer outro mo<strong>de</strong>lo com<br />

<strong>para</strong>lelo grau <strong>de</strong> estruturação e <strong>de</strong> sist<strong>em</strong>atização.<br />

Freqüent<strong>em</strong>ente, vão-se propondo e <strong>de</strong>finindo outros<br />

princípios como <strong>de</strong>terminantes na reflexão bio<strong>ética</strong>,<br />

e que se <strong>de</strong>stacam <strong>em</strong> <strong>de</strong>bates específicos (Rendtorff,<br />

1998), como sejam: o <strong>da</strong> digni<strong>da</strong><strong>de</strong>, ou <strong>da</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

moral que assiste a todos os seres humanos e a respeitar<br />

<strong>em</strong> to<strong>da</strong>s as ações que sobre eles reflet<strong>em</strong>, como nas<br />

relações dos homens entre si, com os <strong>de</strong>mais seres<br />

vivos e com a natureza; o do valor intrínseco <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>,<br />

na afirmação do caráter inviolável <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> humana e no<br />

respeito por to<strong>da</strong>s as formas <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>; o <strong>da</strong> integri<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

na necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> proteção <strong>da</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> gen<strong>ética</strong> do<br />

hom<strong>em</strong>; o <strong>da</strong> vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, na proteção do hom<strong>em</strong><br />

e dos seres vivos <strong>em</strong> geral no seu caráter finito e frágil;<br />

o <strong>da</strong> soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong>, na obrigatorie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> promoção<br />

dos mais <strong>de</strong>sfavorecidos; o <strong>da</strong> eqüi<strong>da</strong><strong>de</strong>, na prática<br />

<strong>de</strong> uma justiça distributiva; o <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, na<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> proteção do in<strong>de</strong>feso e perecível; o do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento sustentado, na proteção <strong>da</strong> natureza,<br />

suas espécies animais e plantas como meios <strong>de</strong><br />

subsistência do hom<strong>em</strong>; etc. Esses princípios e tantos<br />

outros que estão a ser estruturados test<strong>em</strong>unham não<br />

só a insatisfação mas também a <strong>de</strong>sa<strong>da</strong>ptação dos<br />

mo<strong>de</strong>los anglo-americanos à reali<strong>da</strong><strong>de</strong> européia,<br />

e ain<strong>da</strong> o <strong>em</strong>penho na formulação <strong>de</strong> alternativas.<br />

Simultaneamente, indiciam já a recuperação <strong>da</strong><br />

bio<strong>ética</strong> do seu sentido mais originário <strong>de</strong> uma <strong>ética</strong><br />

<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> não apenas no nível do humano<br />

mas extensiva a todos os seres vivos e à natureza no<br />

seu conjunto – processo cuja evolução <strong>da</strong> bio<strong>ética</strong><br />

acentuará.<br />

CAPACITAÇÃO PARA COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA<br />

Consi<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os segui<strong>da</strong>mente o questionar <strong>da</strong><br />

finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> ciência e dos processos que <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia<br />

<strong>para</strong> sua prossecução, resultante <strong>de</strong> uma crescente<br />

toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> consciência coletiva <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

como tal. Nesse âmbito, <strong>de</strong>stacamos já não apenas a<br />

participação <strong>de</strong> um indivíduo singular, do doente, nas<br />

<strong>de</strong>cisões relativas ao seu processo terapêutico, mas a<br />

participação <strong>de</strong> uma comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, como um todo, nas<br />

<strong>de</strong>cisões relativas às linhas <strong>de</strong> investigação científica<br />

a impl<strong>em</strong>entar ou aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> a ser<strong>em</strong> tidos<br />

como prioritários – o que facilmente se <strong>de</strong>ixa traduzir<br />

pela afirmação <strong>da</strong> <strong>de</strong>mocratização <strong>da</strong> ciência.<br />

Esse processo correspon<strong>de</strong>, afinal, ao <strong>da</strong> própria<br />

estruturação <strong>da</strong> bio<strong>ética</strong> na sua especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Sab<strong>em</strong>os que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a constituição do que muitos<br />

consi<strong>de</strong>ram o primeiro comitê <strong>de</strong> <strong>ética</strong> – o God’s<br />

Committee, <strong>em</strong> 1962 –, m<strong>em</strong>bros <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, leigos,<br />

são chamados a intervir <strong>em</strong> <strong>de</strong>liberações relativas à<br />

prestação <strong>de</strong> cui<strong>da</strong>dos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. A posterior criação<br />

formal e multiplicação <strong>de</strong> comissões <strong>de</strong> <strong>ética</strong>, seja <strong>de</strong><br />

investigação, seja <strong>de</strong> tipo assistencial (estas últimas<br />

na esteira dos Institutional Ethics Committees), inclui,<br />

regra geral, personali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>em</strong> que<br />

se implantam. Simultaneamente, a constituição dos<br />

primeiros centros <strong>de</strong> reflexão bio<strong>ética</strong> – o Hastings<br />

Center, <strong>em</strong> 1969 e o Kennedy Institute, <strong>em</strong> 1971 (já<br />

apontados) –, b<strong>em</strong> como os muitos que se lhes segu<strong>em</strong><br />

<strong>em</strong> todo o mundo, reún<strong>em</strong> não só acadêmicos <strong>de</strong><br />

formação diversa, mas esten<strong>de</strong>m o <strong>de</strong>bate ao gran<strong>de</strong><br />

público com um explícito propósito informativo<br />

e formativo. Esse é um duplo e <strong>para</strong>lelo processo<br />

pelo qual tanto se investe na constituição <strong>de</strong> uma<br />

consciência bio<strong>ética</strong> coletiva – na convicção <strong>de</strong> que a<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong> legitimar as novas práticas biomédicas<br />

–, como se aposta na intervenção <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> na<br />

toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões – na certeza <strong>de</strong> que a socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

contribui <strong>de</strong>terminant<strong>em</strong>ente <strong>para</strong> a <strong>de</strong>finição do seu<br />

próprio b<strong>em</strong>-estar.<br />

A consumação <strong>de</strong>ssa vitória é inequívoca nos<br />

nossos dias e confirma-se <strong>em</strong> vários níveis, como<br />

sejam: o <strong>em</strong>penho na constituição <strong>de</strong> correntes <strong>de</strong><br />

opinião relativamente aos contributos e riscos dos<br />

mais recentes progressos biotecnológicos (engenharia<br />

gen<strong>ética</strong>, clonag<strong>em</strong>) ou simplesmente à instituição <strong>de</strong><br />

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