capacitação para comitês de ética em pesquisa - BVS Ministério da ...
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no campo <strong>da</strong> <strong>ética</strong> <strong>em</strong> <strong>pesquisa</strong> diz respeito à proteção dos<br />
grupos chamados vulneráveis (8, 9, 6).<br />
Nesse sentido, a Resolução nº 196/96 é b<strong>em</strong> clara<br />
quando conceitua a vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />
quando exige que o CEP analise as “<strong>pesquisa</strong>s <strong>em</strong> grupos<br />
vulneráveis, comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s e coletivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s”, contando com<br />
a participação <strong>de</strong> um representante – como m<strong>em</strong>bro ad hoc<br />
do CEP – <strong>para</strong> participar <strong>da</strong> análise do projeto específico”<br />
(it<strong>em</strong> VII.6).<br />
Vale também l<strong>em</strong>brar que a Resolução nº 196/96 enfatiza<br />
a liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> consentimento àqueles sujeitos que, <strong>em</strong>bora<br />
adultos e capazes, “estejam expostos a condicionamentos<br />
específicos ou à influência <strong>de</strong> autori<strong>da</strong><strong>de</strong> (estu<strong>da</strong>ntes, militares,<br />
<strong>em</strong>pregados, presidiários, internos” (it<strong>em</strong> IV.3-b). Dá também<br />
as diretrizes <strong>para</strong> o trabalho do CEP na análise <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong><br />
<strong>pesquisa</strong> com pacientes psiquiátricos, crianças, gestantes e<br />
mulheres <strong>em</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> fértil, esten<strong>de</strong>ndo a <strong>de</strong>fesa <strong>da</strong> digni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
do ser humano inclusive às pessoas com diagnóstico <strong>de</strong> morte<br />
encefálica (it<strong>em</strong> IV.3-d).<br />
Abrangência<br />
Além <strong>da</strong> Resolução no 196/96, o CEP dispõe <strong>de</strong> diretrizes<br />
específicas estabeleci<strong>da</strong>s <strong>em</strong> resoluções compl<strong>em</strong>entares:<br />
Resolução CNS n° 251/97 (novos fármacos, medicamentos,<br />
vacinas e testes diagnósticos), Resolução CNS nº 292/99<br />
(<strong>pesquisa</strong> com cooperação estrangeira), Resolução CNS n°<br />
303/2000 (<strong>pesquisa</strong> com população indígena) e Resolução<br />
CNS n° 304/2000 (<strong>pesquisa</strong> <strong>em</strong> reprodução humana).<br />
Desumanização na <strong>pesquisa</strong><br />
Os documentos internacionais referentes à <strong>ética</strong> na<br />
<strong>pesquisa</strong>, apesar do endosso dos países e <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
acadêmica, não evitaram e n<strong>em</strong> têm evitado a ocorrência<br />
<strong>de</strong> eventuais abusos, como é assinalado por Vieira e<br />
Hossne (10).<br />
À medi<strong>da</strong> que têm surgido probl<strong>em</strong>as éticos na<br />
<strong>pesquisa</strong> <strong>em</strong> seres humanos, novas ações vêm sendo<br />
discuti<strong>da</strong>s – e algumas efetiva<strong>da</strong>s.<br />
Destaque v<strong>em</strong> sendo <strong>da</strong>do à “accountability”<br />
institucional.<br />
Em certo momento, sobretudo a partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 60,<br />
acreditou-se que a exigência do chamado “consentimento<br />
informado” ou pós-informação constituiria um mecanismo<br />
eficaz e suficiente <strong>de</strong> proteção ao sujeito <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong>.<br />
CAPACITAÇÃO PARA COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA<br />
De fato, a gran<strong>de</strong> contribuição do Código <strong>de</strong><br />
Nur<strong>em</strong>berg, elaborado <strong>em</strong> 1947, foi exatamente a <strong>de</strong> exigir<br />
o consentimento voluntário do sujeito <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong>.<br />
Se por um lado o consentimento do sujeito <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong><br />
representou a consagração do referencial <strong>da</strong> autonomia<br />
(auto<strong>de</strong>terminação), por outro ensejou uma espécie <strong>de</strong><br />
“fuga <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>”. Em certas circunstâncias e<br />
<strong>em</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s situações aceitou-se o fato <strong>de</strong> que se o<br />
sujeito (ser humano, com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> auto<strong>de</strong>terminação)<br />
consente, a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> é to<strong>da</strong> <strong>de</strong>le.<br />
Esta postura trouxe, a nosso ver, duas conseqüências:<br />
uma, <strong>de</strong> natureza operacional, propicia o aparecimento e<br />
fortalecimento <strong>da</strong> chama<strong>da</strong> “corrente autonomista”, que<br />
respeita a autonomia até as últimas conseqüências; a outra,<br />
<strong>de</strong> natureza conceitual, encaminhou muito <strong>da</strong> reflexão <strong>para</strong><br />
a esfera mais legalista do que propriamente <strong>ética</strong>.<br />
A experiência mundial t<strong>em</strong> evi<strong>de</strong>nciado que o<br />
consentimento (na Resolução n° 196/96 acerta<strong>da</strong>mente<br />
se <strong>de</strong>nomina Consentimento Livre e Esclarecido, pois<br />
esclarecer é mais do que informar) não t<strong>em</strong> sido suficiente<br />
<strong>para</strong> proteger a digni<strong>da</strong><strong>de</strong> do ser humano – e aí se reforça o<br />
papel do CEP, tal como formulado na resolução.<br />
A nosso ver, t<strong>em</strong> sido introduzido (justamente <strong>de</strong>vido<br />
ao enfoque legalista acima referido) um viés na <strong>de</strong>cisão <strong>da</strong><br />
inclusão dos sujeitos humanos <strong>em</strong> projetos <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong>.<br />
A <strong>de</strong>cisão não po<strong>de</strong> ser vista sob o ângulo unilateral.<br />
É um ato que exige a participação <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as partes<br />
envolvi<strong>da</strong>s. É um ato <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> todos<br />
– o qual po<strong>de</strong>ríamos <strong>de</strong>nominar como “responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
solidária”, muito diferente <strong>de</strong> paternalismo ou <strong>de</strong> isenção<br />
<strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. E o CEP é a instância que, também<br />
co-responsável, <strong>de</strong>ve equacionar a probl<strong>em</strong>ática.<br />
A “accountability” institucional v<strong>em</strong> recebendo<br />
<strong>de</strong>staque, tendo como base a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se consoli<strong>da</strong>r<br />
a confiança do sujeito <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong> nas instituições e<br />
nas investigadoras (11). Sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> auditoria têm sido<br />
implantados e ou aperfeiçoados, sobretudo a partir <strong>da</strong><br />
suspensão <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong>s <strong>em</strong> vários centros acadêmicos <strong>de</strong><br />
prestígio (12).<br />
Qualquer que seja o aperfeiçoamento do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />
vigilância <strong>ética</strong> que venha a ser proposto, tudo faz crer que<br />
os Comitês <strong>de</strong> Ética <strong>em</strong> Pesquisa têm papel fun<strong>da</strong>mental. Na<br />
reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, muitos dos chamados abusos <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong> médica<br />
têm sido evitados e outros o po<strong>de</strong>riam ter sido caso os Comitês<br />
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