capacitação para comitês de ética em pesquisa - BVS Ministério da ...
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face <strong>de</strong> solicitações claramente expressas ou tão-somente<br />
ansie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mal esboça<strong>da</strong>s, perfilando-se a própria bio<strong>ética</strong><br />
como resposta a uma privação.<br />
A conquista do po<strong>de</strong>r pela bio<strong>ética</strong> por meio <strong>de</strong> sua<br />
globalização constituirá um triunfo <strong>da</strong> humani<strong>da</strong><strong>de</strong> no<br />
sentido antevisto por Küng e Potter <strong>de</strong> constituição <strong>de</strong><br />
uma única comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> humana, coesa na afirmação<br />
uníssona <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, do hom<strong>em</strong> como valor; porém, po<strong>de</strong>rá<br />
tornar-se <strong>de</strong>sastrosa se, à s<strong>em</strong>elhança <strong>de</strong> outros processos<br />
<strong>de</strong> globalização, ten<strong>de</strong>r <strong>para</strong> uma uniformização<br />
indiferencia<strong>da</strong> e <strong>de</strong>spersonalizante.<br />
É, na nossa opinião, a perseverança <strong>da</strong> acui<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />
sentido do <strong>de</strong>ver que diluirá os riscos <strong>da</strong> globalização,<br />
fomentando convergências mais do que impondo a<br />
notas<br />
1. Potter apresentou-a como uma nova disciplina, que a bio<strong>ética</strong> efetivamente é<br />
como forma <strong>de</strong> saber distinta <strong>da</strong>s <strong>de</strong>mais, mas <strong>em</strong> cuja <strong>de</strong>finição não esgota sua<br />
reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua dimensão transdisciplinar. Ela t<strong>em</strong> sido também<br />
<strong>de</strong>signa<strong>da</strong> como ciência, como atual ciência <strong>de</strong> ponta, que efetivamente é como<br />
logos ou discurso que procura a compreensão do real e que atualmente condiciona<br />
a orientação <strong>de</strong> setores <strong>da</strong> investigação científica. Adotamos então, uma concepção<br />
lata <strong>de</strong> “ciência” e não o seu significado restrito, como ciência experimental,<br />
cujos requisitos a bio<strong>ética</strong> não visa. T<strong>em</strong> sido ain<strong>da</strong> aponta<strong>da</strong> como uma nova<br />
<strong>ética</strong>, que efetivamente é como reflexão sobre os novos valores vigentes na nossa<br />
cont<strong>em</strong>poranei<strong>da</strong><strong>de</strong>, os quais, to<strong>da</strong>via, só ganham o seu pleno sentido quando<br />
enraizados <strong>em</strong> to<strong>da</strong> a tradição moral que os prece<strong>de</strong> e os mo<strong>de</strong>la.<br />
2. A “Declaração <strong>de</strong> Helsinque” primeiramente apresenta<strong>da</strong> <strong>em</strong> 1964, pela<br />
Associação Médica Mundial, sofreu várias revisões, tendo sido a última <strong>em</strong><br />
1984. Refere-se também à elaboração <strong>de</strong> “Diretrizes Éticas Internacionais <strong>para</strong> a<br />
Pesquisa envolvendo Seres Humanos” pelo CIOMS e com a colaboração <strong>da</strong> OMS,<br />
<strong>em</strong> 1993.<br />
Referências Bibliográficas<br />
Archer, l. Bio<strong>ética</strong>: avassaladora, porquê? Bio<strong>ética</strong>, n. 142, p. 449-472,<br />
1996.<br />
Jonas, Hans. Le principe responsabilité. Paris: Cerf, 1992. (trad. francesa<br />
<strong>de</strong> Das Prinzip Verantwortung. Frankfurt, Isnel V., 1979).<br />
Küng, h. Global responsability. In: Küng, h. Search of a new world ethic.<br />
New York: Continuum, 1996. (Trad. inglesa <strong>de</strong> Projekt Weltethos)<br />
Lévinas, E. Autr<strong>em</strong>ent qu’etre on au-<strong>de</strong>la e l’essence. Paris: Kluwer<br />
Aca<strong>de</strong>mic, 1990.<br />
CAPACITAÇÃO PARA COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA<br />
uniformização, promovendo consensos mais do que<br />
enunciando <strong>de</strong>terminações, orientando mais do que<br />
or<strong>de</strong>nando, na compreensão <strong>de</strong> que o ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro po<strong>de</strong>r<br />
não é o que sabe po<strong>de</strong>r, mas o que sabe <strong>de</strong>ver. Sob uma<br />
perspectiva <strong>ética</strong>, po<strong>de</strong>r não é dominar mas servir. E a<br />
bio<strong>ética</strong> é uma nova expressão do <strong>de</strong>ver <strong>em</strong> face <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />
(ameaça<strong>da</strong> pelas biotecnologias).<br />
É essa acepção <strong>da</strong> bio<strong>ética</strong> que o passado anunciou e<br />
o presente confirmou, que certamente se <strong>de</strong>senvolverá no<br />
futuro, que, receptivo ao inédito, se manterá imprevisível<br />
e, fiel à sua história, prosseguirá a aventura <strong>da</strong> evolução.<br />
3. Essa Declaração foi elabora<strong>da</strong> pela Associação Médica Mundial.<br />
4. Essas duas últimas – a Declaração dos Direitos dos Deficientes Mentais e a<br />
Declaração dos Direitos dos Limitados Físicos – foram aprova<strong>da</strong>s pela ONU.<br />
5. A bio<strong>ética</strong> sul-americana parece ser mais permeável à influência dos mo<strong>de</strong>los<br />
anglo-americanos do que aos europeus. Não obstante, alguns profissionais<br />
envolvidos na reflexão e na prática bio<strong>ética</strong> manifestam ampla consciência <strong>da</strong><br />
sua tradição sociocultural diversa e <strong>da</strong> exigência que <strong>de</strong>corre <strong>de</strong> uma diferente<br />
aproximação aos probl<strong>em</strong>as <strong>em</strong> concreto.<br />
6. As preocupações governamentais pelo ambiente são primeira e mais intensamente<br />
provoca<strong>da</strong>s pela ecologia.<br />
7. A “Convenção <strong>para</strong> a proteção dos Direitos do Hom<strong>em</strong> e <strong>da</strong> digni<strong>da</strong><strong>de</strong> do ser<br />
humano relativa às aplicações <strong>da</strong> Biologia e <strong>da</strong> Medicina: Convenção sobre os<br />
Direitos do Hom<strong>em</strong> e a Biomedicina” foi elabora<strong>da</strong> no seio do Comitê <strong>de</strong> Ética do<br />
Conselho <strong>da</strong> Europa e apresenta<strong>da</strong> <strong>para</strong> assinatura dos Estados m<strong>em</strong>bros <strong>em</strong> abril<br />
<strong>de</strong> 1997, <strong>em</strong> Oviedo (Espanha).<br />
Neves, m. p. O que é bio<strong>ética</strong>. Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Bio-<strong>ética</strong>, n. 11, p. 7-27, 1996.<br />
Potter, Van R. An essay review of global responsability. In: Küng, H. Search of a<br />
new world ethic. [S.l], [s.n], 1994.<br />
Rendtorff, J. D. The second international conference about bioethics and biolaw:<br />
european principles in bioethics and biolaw. Medicine, Healthcare and Philosophy,<br />
n. 1, p. 271-274, 1998.<br />
Serrão, d. Bio<strong>ética</strong>: a aventura <strong>de</strong> uma utopia saudável. Colóquio/Ciências, n. 18,<br />
p. 59-66, 1996.<br />
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