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capacitação para comitês de ética em pesquisa - BVS Ministério da ...

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CAPACITAÇÃO PARA COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA<br />

escolhi<strong>da</strong> ou é preferível, po<strong>de</strong>ndo ela ter sido escolhi<strong>da</strong><br />

ou preferi<strong>da</strong> por algum motivo específico.<br />

Rokeach 3 <strong>de</strong>fine valor como uma crença duradoura <strong>em</strong><br />

um mo<strong>de</strong>lo específico <strong>de</strong> conduta ou estado <strong>de</strong> existência,<br />

que é pessoalmente ou socialmente adotado, e que está<br />

<strong>em</strong>basado <strong>em</strong> uma conduta preexistente. Os valores<br />

po<strong>de</strong>m expressar os sentimentos e o propósito <strong>de</strong> nossas<br />

vi<strong>da</strong>s, tornando-se muitas vezes a base <strong>de</strong> nossas lutas e<br />

dos nossos compromissos. Para esse autor, a cultura, a<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e a personali<strong>da</strong><strong>de</strong> antece<strong>de</strong>m os nossos valores<br />

e as nossas atitu<strong>de</strong>s, sendo nosso comportamento a sua<br />

maior conseqüência.<br />

Como ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> valores culturais, cite-se o fato <strong>de</strong><br />

ser o dinheiro, <strong>para</strong> os americanos, o maior valor, que t<strong>em</strong><br />

seu equivalente na cultura <strong>para</strong> os europeus e na honra<br />

<strong>para</strong> os orientais. Ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> valores individuais são<br />

a escolha profissional, a opção pela autonomia ou pelo<br />

paternalismo; e, como ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> valores universais,<br />

registr<strong>em</strong>-se a religião, o crime, a proibição ao incesto,<br />

etc.<br />

Moral<br />

Para Barton e Barton 4 o estudo <strong>da</strong> filosofia moral<br />

consiste <strong>em</strong> questionar-se o que é correto ou incorreto,<br />

o que é uma virtu<strong>de</strong> ou uma mal<strong>da</strong><strong>de</strong> nas condutas<br />

humanas. A morali<strong>da</strong><strong>de</strong> é um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> valores do qual<br />

resultam normas que são consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s corretas por uma<br />

<strong>de</strong>termina<strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, como, por ex<strong>em</strong>plo, os Dez<br />

Man<strong>da</strong>mentos, os Códigos Civil e Penal, etc.<br />

A lei moral ou os seus códigos caracterizam-se por<br />

uma ou mais normas, que usualmente têm por finali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

or<strong>de</strong>nar um conjunto <strong>de</strong> direitos ou <strong>de</strong>veres do indivíduo<br />

e <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Para que sejam exeqüíveis, porém, tornase<br />

necessário que uma autori<strong>da</strong><strong>de</strong> (<strong>de</strong>us, juiz, superego)<br />

as imponha, sendo que, <strong>em</strong> caso <strong>de</strong> <strong>de</strong>sobediência, esta<br />

autori<strong>da</strong><strong>de</strong> terá o direito <strong>de</strong> castigar o infrator. Gert 5<br />

propõe cinco normas básicas <strong>de</strong> moral:<br />

1) Não matar.<br />

2) Não causar dor.<br />

3) Não inabilitar.<br />

4) Não privar <strong>da</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong> ou <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />

5) Não privar do prazer.<br />

Assim como ocorre com todos os códigos <strong>de</strong> moral,<br />

as proibições vêm s<strong>em</strong>pre precedi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> um não, ficando<br />

1<br />

implícito que todos possu<strong>em</strong> esses <strong>de</strong>sejos e que eles<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser reprimidos, caso contrário haverá castigo.<br />

Novamente tentando relacionar a idéia <strong>de</strong> moral com<br />

um conceito psicanalítico, po<strong>de</strong>ríamos compará-la (a<br />

moral) com o superego.<br />

Para Laplanche e Portails 6 o superego é uma <strong>da</strong>s<br />

instâncias <strong>da</strong> personali<strong>da</strong><strong>de</strong> e t<strong>em</strong> uma função comparável<br />

à <strong>de</strong> um juiz ou censor <strong>em</strong> relação ao ego. O superego é<br />

o her<strong>de</strong>iro do complexo <strong>de</strong> Édipo, sendo que ele se forma<br />

por meio <strong>de</strong> introjeção <strong>da</strong>s exigências e <strong>da</strong>s proibições<br />

paternas. Freud fez questão <strong>de</strong> salientar que o superego é<br />

composto essencialmente pelas representações <strong>de</strong> palavras,<br />

sendo que os seus conteúdos provam <strong>da</strong>s percepções<br />

auditivas, <strong>da</strong>s normas, <strong>da</strong>s or<strong>de</strong>ns e <strong>da</strong>s leituras, ou seja,<br />

do mundo externo ao indivíduo.<br />

A moral pressupõe três características: 1) seus<br />

valores não são questionados; 2) eles são impostos; 3) a<br />

<strong>de</strong>sobediência às regras pressupõe um castigo.<br />

Numa abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> psicanalítica, po<strong>de</strong>mos afirmar,<br />

hierarquizando as pulsões, que a religião é a pulsão que<br />

mais se afasta do <strong>de</strong>sejo humano <strong>de</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong> “ao perturbar<br />

o livre jogo <strong>de</strong> eleição e a<strong>da</strong>ptação, ao impor a todos um<br />

igual caminho único <strong>para</strong> alcançar a felici<strong>da</strong><strong>de</strong> e evitar o<br />

sofrimento, reduzindo a vi<strong>da</strong> a um único valor (Deus),<br />

<strong>de</strong>formando intencionalmente a imag<strong>em</strong> do mundo<br />

real e estimulando o mundo <strong>de</strong> fantasias catastróficas,<br />

medi<strong>da</strong>s que têm como condição prévia a intimi<strong>da</strong>ção<br />

<strong>da</strong> inteligência e levando a que só reste o sofrimento, a<br />

submissão incondicional como último consolo e fonte<br />

<strong>de</strong> gozo 7 . Portanto, a ÉTICA que <strong>de</strong>sejamos conceituar<br />

não po<strong>de</strong> ser religiosa, ou moralista, se a quisermos<br />

autônoma.<br />

Igualmente, a ciência é muitas vezes usa<strong>da</strong> <strong>para</strong><br />

justificar um posicionamento moralista, atribuindo-selhe<br />

um valor inquestionável. Tome-se como ex<strong>em</strong>plo<br />

a certeza científica <strong>de</strong> que o início <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> ocorre no<br />

instante <strong>da</strong> união do gameta masculino com o f<strong>em</strong>inino,<br />

“racionalizando-se uma crença”, quando, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

a ciência apenas <strong>de</strong>monstra que nesse momento misturamse<br />

os DNAs (l<strong>em</strong>brar que o cristianismo já consi<strong>de</strong>rou o<br />

início <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> – animação do <strong>em</strong>brião – 40 dias após a<br />

fecun<strong>da</strong>ção <strong>para</strong> o hom<strong>em</strong> e 80 dias <strong>para</strong> a mulher).

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