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capacitação para comitês de ética em pesquisa - BVS Ministério da ...

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CAPACITAÇÃO PARA COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA<br />

procediam do campo médico. A <strong>ética</strong> foi força<strong>da</strong> pela<br />

medicina a entrar <strong>em</strong> contato com o mundo real.<br />

Anteriormente, os tratados <strong>de</strong> <strong>ética</strong> não eram<br />

documentários sobre t<strong>em</strong>as <strong>de</strong> interesse <strong>da</strong>s pessoas<br />

comuns, mas escritos refinados e ininteligíveis sobre<br />

o significado dos conceitos morais. A <strong>ética</strong> se tornara<br />

inacessível, excetuando-se os refinados especialistas <strong>em</strong><br />

lingüística, e praticamente não dizia na<strong>da</strong> a respeito dos<br />

probl<strong>em</strong>as do dia-a-dia do ci<strong>da</strong>dão comum.<br />

A perspectiva anglo-americana é mais individualista<br />

do que a européia, privilegiando a autonomia <strong>da</strong> pessoa.<br />

Está prioritariamente volta<strong>da</strong> <strong>para</strong> microprobl<strong>em</strong>as,<br />

buscando solução imediata e <strong>de</strong>cisiva <strong>da</strong>s questões<br />

<strong>para</strong> um indivíduo. A perspectiva européia privilegia<br />

a dimensão social do ser humano, com priori<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>para</strong><br />

o sentido <strong>da</strong> justiça e eqüi<strong>da</strong><strong>de</strong>, preferencialmente aos<br />

direitos individuais. A bio<strong>ética</strong> <strong>de</strong> tradição filosófica<br />

anglo-americana <strong>de</strong>senvolve uma normativa <strong>de</strong> ação<br />

que, enquanto conjunto <strong>de</strong> regras que conduz<strong>em</strong> a uma<br />

boa ação, caracterizam uma moral. A bio<strong>ética</strong> <strong>de</strong> tradição<br />

européia avança numa busca sobre o fun<strong>da</strong>mento do agir<br />

humano. Para além <strong>da</strong> normativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> ação, <strong>em</strong> campo<br />

<strong>de</strong> extr<strong>em</strong>a complexi<strong>da</strong><strong>de</strong>, entreve-se a exigência <strong>da</strong> sua<br />

fun<strong>da</strong>mentação meta física 14 .<br />

Após esta exposição, ain<strong>da</strong> que introdutória, <strong>de</strong> duas<br />

visões fun<strong>da</strong>mentais <strong>de</strong> bio<strong>ética</strong>, <strong>da</strong>s quais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>mos<br />

muito e que s<strong>em</strong> dúvi<strong>da</strong> são fontes <strong>de</strong> inspiração<br />

<strong>para</strong> uma perspectiva bio<strong>ética</strong> típica <strong>da</strong> América<br />

Latina, é necessário tecer algumas consi<strong>de</strong>rações<br />

a respeito <strong>de</strong> on<strong>de</strong> nos situamos frente a todo este<br />

cenário. Consi<strong>de</strong>rado como sendo o continente <strong>da</strong><br />

esperança quando se olha prospectivamente, mas que,<br />

infelizmente, no presente é marcado pela exclusão,<br />

morte e marginalização crescente <strong>em</strong> todos os âmbitos<br />

<strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, nos perguntamos se a bio<strong>ética</strong> não teria um<br />

papel crítico transformador <strong>de</strong>sta reali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Bio<strong>ética</strong> latino-americana e bio<strong>ética</strong> “ma<strong>de</strong> in<br />

USA”<br />

A bio<strong>ética</strong>, no seu início, <strong>de</strong>frontou-se com os dil<strong>em</strong>as<br />

éticos criados pelo <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> medicina.<br />

Pesquisa <strong>em</strong> seres humanos, o uso humano <strong>da</strong> tecnologia,<br />

perguntas sobre a morte e o morrer são algumas áreas<br />

48<br />

sensíveis nos anos 90. As questões originais <strong>da</strong> bio<strong>ética</strong> se<br />

expandiram <strong>para</strong> probl<strong>em</strong>as relacionados com os valores<br />

nas diversas profissões <strong>da</strong> saú<strong>de</strong>, tais como enfermag<strong>em</strong>,<br />

saú<strong>de</strong> pública, saú<strong>de</strong> mental, etc. Gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> t<strong>em</strong>as<br />

sociais foram introduzidos na abrangência t<strong>em</strong>ática <strong>da</strong><br />

bio<strong>ética</strong>, tais como saú<strong>de</strong> pública, alocação <strong>de</strong> recursos<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> mulher, questão populacional e<br />

ecologia, <strong>para</strong> l<strong>em</strong>brar alguns.<br />

É dito que a tecnologia médica impulsiona o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> bio<strong>ética</strong> clínica. Isto vale tanto na<br />

América Latina como nos Estados Unidos. No início,<br />

as perguntas que se faziam com maior freqüência eram<br />

<strong>em</strong> torno do uso humano <strong>de</strong> uma nova tecnologia: o<br />

uso ou retira<strong>da</strong> <strong>de</strong> aparelhos, a aceitação ou não do<br />

consentimento informado.<br />

Em alguns países <strong>da</strong> América Latina, a simples<br />

existência <strong>de</strong> alta tecnologia e centros <strong>de</strong> cui<strong>da</strong>dos médicos<br />

avançados levanta questões <strong>em</strong> torno <strong>da</strong> discriminação<br />

e injustiça na assistência médica. As interrogações mais<br />

difíceis nesta região giram <strong>em</strong> torno não <strong>de</strong> como se usa<br />

a tecnologia médica, mas qu<strong>em</strong> t<strong>em</strong> acesso a ela. Um<br />

forte saber social qualifica a bio<strong>ética</strong> latino-americana.<br />

Conceitos culturalmente fortes, como justiça, eqüi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

e soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>verão ocupar na bio<strong>ética</strong> latinoamericana<br />

um lugar similar ao princípio <strong>da</strong> autonomia<br />

nos Estados Unidos.<br />

Segundo Drane, os latino-americanos não são tão<br />

individualistas e certamente estão menos inclinados ao<br />

consumismo <strong>em</strong> suas relações com o pessoal médico<br />

do que os norte-americanos. Seria um erro pensar que<br />

o consentimento informado – e tudo o que com ele<br />

se relaciona – não fosse importante <strong>para</strong> os latinoamericanos.<br />

O <strong>de</strong>safio é apren<strong>de</strong>r dos Estados Unidos<br />

e dos europeus s<strong>em</strong> cair no imitacionismo ingênuo <strong>de</strong><br />

importar seus programas 13 .<br />

a) Ampliar a reflexão <strong>ética</strong> do nível “micro” <strong>para</strong> o<br />

nível “macro”<br />

O gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio é <strong>de</strong>senvolver uma bio<strong>ética</strong> latinoamericana<br />

que corrija os exageros <strong>da</strong>s outras perspectivas<br />

e resgate e valorize a cultura latina no que lhe é único<br />

e singular, uma visão ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente alternativa que<br />

possa enriquecer o diálogo multicultural. Não po<strong>de</strong>mos

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