03.04.2013 Views

capacitação para comitês de ética em pesquisa - BVS Ministério da ...

capacitação para comitês de ética em pesquisa - BVS Ministério da ...

capacitação para comitês de ética em pesquisa - BVS Ministério da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

e que têm relação com as ocorrências <strong>para</strong> as quais estavam<br />

dirigi<strong>da</strong>s ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que buscam evitar que outras<br />

situações constrangedoras aconteçam. Por ex<strong>em</strong>plo, gran<strong>de</strong><br />

parte do Relatório Belmont e <strong>da</strong> Declaração <strong>de</strong> Helsinque<br />

aponta <strong>para</strong> a importância <strong>de</strong> um balanço favorável na relação<br />

risco-benefício, entretanto esta não é uma diretriz focaliza<strong>da</strong><br />

se<strong>para</strong><strong>da</strong>mente pelo CIOMS. A Declaração <strong>de</strong> Helsinque<br />

enfatiza a avaliação <strong>ética</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dos protocolos<br />

<strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong>, enquanto o Código <strong>de</strong> Nur<strong>em</strong>bergue não o<br />

menciona. Na ausência <strong>de</strong> um <strong>de</strong>lineamento sist<strong>em</strong>ático<br />

<strong>de</strong> requisitos éticos universalmente aplicáveis e necessários<br />

<strong>para</strong> a <strong>pesquisa</strong> clínica, os <strong>pesquisa</strong>dores, os m<strong>em</strong>bros dos<br />

CEP, os patrocinadores e outros atores envolvidos, carec<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong> um marco coerente e racional mediante o qual possam<br />

assegurar que as propostas <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong>s clínicas sejam<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s <strong>ética</strong>s.<br />

Exist<strong>em</strong> sete requisitos éticos que po<strong>de</strong>riam proporcionar<br />

um marco sist<strong>em</strong>ático e racional <strong>para</strong> <strong>de</strong>terminar se a<br />

<strong>pesquisa</strong> clínica é <strong>ética</strong> (ver quadro 1). Estes requisitos<br />

foram <strong>de</strong>lineados <strong>para</strong> direcionar o <strong>de</strong>senvolvimento e<br />

a execução dos protocolos e o seu processo <strong>de</strong> revisão<br />

e não <strong>para</strong> avaliar a <strong>ética</strong> <strong>da</strong>s ações individuais <strong>de</strong> um<br />

<strong>pesquisa</strong>dor, muito menos <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong> clínica<br />

<strong>em</strong> sua totali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Embora nenhuma <strong>da</strong>s normatizações<br />

tradicionalmente utiliza<strong>da</strong>s – Código <strong>de</strong> Nur<strong>em</strong>bergue,<br />

Declaração <strong>de</strong> Helsinque, Relatório Belmont ou Diretrizes<br />

CIOMS – incluam explicitamente estes sete requisitos éticos,<br />

estes não contrapõ<strong>em</strong> a nenhuma <strong>de</strong> suas disposições. Pelo<br />

contrário, estes requisitos esclarec<strong>em</strong> <strong>de</strong> forma sist<strong>em</strong>ática<br />

as proteções fun<strong>da</strong>mentais implícitas na filosofia básica <strong>de</strong><br />

todos estes documentos, ain<strong>da</strong> que não incluam todos os<br />

requisitos que serão enumerados. Estes requisitos foram<br />

elaborados <strong>para</strong> ser<strong>em</strong> consi<strong>de</strong>rados universais, que não os<br />

limita como resposta a uma tragédia, escân<strong>da</strong>lo ou probl<strong>em</strong>a<br />

específico, n<strong>em</strong> tão pouco às práticas <strong>de</strong> um país ou grupo<br />

<strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong>dores.<br />

1. Valor<br />

Para ser <strong>ética</strong>, a <strong>pesquisa</strong> clínica <strong>de</strong>ve ter valor, o que<br />

representa um juízo sobre a importância social, científica ou<br />

clínica do estudo (1996) (Freedman, 1987). A <strong>pesquisa</strong> <strong>de</strong>ve<br />

avaliar uma intervenção que conduza à melhoria na saú<strong>de</strong> ou<br />

no b<strong>em</strong>-estar <strong>da</strong> população, realizar um estudo preliminar <strong>para</strong><br />

<strong>de</strong>senvolver uma intervenção ou comprovar uma hipótese<br />

CAPACITAÇÃO PARA COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA<br />

que possa gerar informação importante sobre a estrutura ou<br />

a função dos sist<strong>em</strong>as biológicos humanos, ain<strong>da</strong> que tal<br />

informação não tenha ramificações práticas imediatas. Esta<br />

afirmação enfatiza os resultados <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong>, consi<strong>de</strong>rando<br />

a probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> que t<strong>em</strong> <strong>de</strong> promover melhoria na saú<strong>de</strong>,<br />

no b<strong>em</strong>-estar ou no conhecimento <strong>da</strong> população. Alguns<br />

ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong> clínica s<strong>em</strong> valor científico e social<br />

inclu<strong>em</strong> a <strong>pesquisa</strong> clínica que duplica ou repete substancial<br />

ou totalmente resultados anteriormente comprovados – que<br />

não confirma um estudo numa área polêmica, mas confirma<br />

resultados b<strong>em</strong> aceitos –, resultados não generalizáveis, uma<br />

hipótese banal ou, ain<strong>da</strong>, uma hipótese na qual a <strong>pesquisa</strong><br />

não po<strong>de</strong> jamais ser realiza<strong>da</strong> <strong>de</strong> forma prática ain<strong>da</strong> que<br />

seja eficaz (Freedman, 1987).<br />

Por que o valor social ou científico <strong>de</strong>ve ser um requisito<br />

ético? As razões fun<strong>da</strong>mentais são duas: a utilização<br />

responsável <strong>de</strong> recursos limitados e a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> evitar<br />

a exploração. Exist<strong>em</strong> recursos limitados <strong>para</strong> a <strong>pesquisa</strong>:<br />

dinheiro, espaço e t<strong>em</strong>po. Ain<strong>da</strong> que os recursos dos<br />

Institutos Nacionais e Saú<strong>de</strong> (NIH) e outras organizações<br />

pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> financiar to<strong>da</strong>s as solicitações <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong> clínica,<br />

fazer isto significaria <strong>de</strong>sviar recursos <strong>de</strong> outras valiosas<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s sociais e individuais, como a educação, melhorias<br />

ambientais, melhor a<strong>de</strong>quação do sist<strong>em</strong>a judicial, etc. A<br />

<strong>pesquisa</strong> clínica não <strong>de</strong>ve consumir os recursos limitados<br />

<strong>de</strong>snecessariamente s<strong>em</strong> produzir resultados valiosos.<br />

Além <strong>de</strong> não <strong>de</strong>sperdiçar dinheiro, espaço e t<strong>em</strong>po – o que<br />

também se aplica à <strong>pesquisa</strong> que não inclui seres humanos,<br />

como a física <strong>de</strong> partículas – existe um imperativo que busca<br />

não expor os seres humanos a riscos e <strong>da</strong>nos potenciais a<br />

menos que se espere um resultado valioso. O requisito <strong>de</strong><br />

que a <strong>pesquisa</strong> <strong>de</strong>ve ser valiosa <strong>para</strong> ser <strong>ética</strong>, assegura<br />

que os sujeitos <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong> não sejam expostos a riscos<br />

<strong>de</strong>snecessários s<strong>em</strong> a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> algum benefício<br />

pessoal ou social.<br />

Requerer que os protocolos <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong> clínica<br />

<strong>de</strong>monstr<strong>em</strong> algum valor social ou científico, <strong>em</strong> termos<br />

absolutos, constitui um requisito mínimo. S<strong>em</strong> dúvi<strong>da</strong>, uma<br />

avaliação com<strong>para</strong>tiva sobre os benefícios sociais relativos<br />

<strong>de</strong> diferentes protocolos <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong> clínica – <strong>de</strong>stinandose<br />

maior valor à <strong>pesquisa</strong> clínica que t<strong>em</strong> probabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> resultar <strong>em</strong> maior melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ou<br />

b<strong>em</strong>-estar, consi<strong>de</strong>rando-se a condição que se investiga, o<br />

estado <strong>de</strong> compreensão científica, a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar<br />

7

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!