03.04.2013 Views

capacitação para comitês de ética em pesquisa - BVS Ministério da ...

capacitação para comitês de ética em pesquisa - BVS Ministério da ...

capacitação para comitês de ética em pesquisa - BVS Ministério da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

CAPACITAÇÃO PARA COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA<br />

a <strong>pesquisa</strong>, entre outros – constitui um gran<strong>de</strong> começo. As<br />

consi<strong>de</strong>rações sobre eqüi<strong>da</strong><strong>de</strong> – ou seja, a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

distribuir os escassos recursos com sensatez – justificam<br />

tais avaliações com<strong>para</strong>tivas <strong>de</strong> valor. Em conseqüência,<br />

as com<strong>para</strong>ções <strong>de</strong> valor social são parte integrante <strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>terminação <strong>da</strong>s priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> financiamento. Porém,<br />

ao se consi<strong>de</strong>rar se um <strong>de</strong>terminado protocolo <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong><br />

clínica é ético, não se <strong>de</strong>veria ser financiado, a avaliação se<br />

centra apropria<strong>da</strong>mente no fato <strong>de</strong> que a <strong>pesquisa</strong> apresenta<br />

algum valor social.<br />

2. Vali<strong>da</strong><strong>de</strong> científica<br />

Até mesmo uma <strong>pesquisa</strong> valiosa po<strong>de</strong> ser mal <strong>de</strong>linea<strong>da</strong><br />

ou realiza<strong>da</strong> <strong>de</strong> forma questionável, produzindo resultados<br />

cientificamente pouco confiáveis ou inválidos. Neste sentido,<br />

a má ciência não é <strong>ética</strong>:<br />

É possível aceitar, como <strong>para</strong>digma, que um estudo<br />

envolvendo seres humanos que tenha sido mal ou<br />

in<strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente <strong>de</strong>lineado, quer dizer, que não tenha<br />

possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produzir fatos científicos (ou seja,<br />

observações reproduzíveis) sobre o mesmo estudo, não<br />

seja ético. Em essência, a vali<strong>da</strong><strong>de</strong> científica <strong>de</strong> um estudo<br />

envolvendo seres humanos é <strong>em</strong> si mesmo um princípio<br />

ético (Rutstein,1969).<br />

Para que um protocolo <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong> clínica seja ético, a<br />

metodologia <strong>de</strong>ve ser váli<strong>da</strong> e passível <strong>de</strong> ser aplica<strong>da</strong> na<br />

prática. Ou seja, a <strong>pesquisa</strong> <strong>de</strong>ve ter um objetivo científico<br />

claro, estar <strong>de</strong>senha<strong>da</strong> usando princípios, métodos e<br />

práticas <strong>de</strong> eficácia seguros e aceitos, ter força estatísta <strong>para</strong><br />

comprovar <strong>de</strong>finitivamente o objetivo, um plano <strong>de</strong> análise<br />

dos <strong>da</strong>dos verossímil e possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ser executa<strong>da</strong><br />

(Freedman, 1987). A <strong>pesquisa</strong> que usa amostras, perguntas<br />

ou avaliações estatísticas questionáveis, que t<strong>em</strong> baixo<br />

po<strong>de</strong>r, que <strong>de</strong>scui<strong>da</strong> dos extr<strong>em</strong>os ou <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos críticos, que<br />

possivelmente não teria oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>para</strong> recrutar o número<br />

suficiente <strong>de</strong> sujeitos, não po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> <strong>ética</strong>, uma<br />

vez que não po<strong>de</strong> gerar conhecimento científico válido e<br />

generalizável (Feinstein, 1978).<br />

Nas palavras <strong>de</strong> Freedman, vali<strong>da</strong><strong>de</strong> é “uma condição<br />

prévia… uma exigência não negociável” (Freedman,<br />

1987). Este autor argumenta que a vali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser<br />

um requisito prévio ao valor, porque o valor “pressupõe<br />

vali<strong>da</strong><strong>de</strong>”. Entretanto, a <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> importância<br />

<strong>de</strong> uma hipótese po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve ser efetua<strong>da</strong> antes e<br />

8<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente dos métodos <strong>de</strong> investigação. Uma<br />

“boa pergunta” po<strong>de</strong> ser abor<strong>da</strong><strong>da</strong> com técnicas <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong><br />

boas ou más – os métodos <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong> consi<strong>de</strong>rados<br />

maus não tiram o valor <strong>da</strong> pergunta, somente invali<strong>da</strong>m<br />

os resultados. In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente disso, a <strong>pesquisa</strong> só<br />

po<strong>de</strong>rá ser <strong>ética</strong> se for tanto valiosa quanto váli<strong>da</strong>. Ambas<br />

são necessárias; nenhuma <strong>da</strong>s duas po<strong>de</strong> ser ignora<strong>da</strong>.<br />

A justificativa sobre a vali<strong>da</strong><strong>de</strong> como requisito ético<br />

recai sobre os mesmos dois princípios que se aplicam ao<br />

valor: os recursos limitados e a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> evitar<br />

a exploração. “A <strong>pesquisa</strong> inváli<strong>da</strong> é pouco <strong>ética</strong> porque<br />

contribui <strong>para</strong> o <strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong> recursos: do <strong>pesquisa</strong>dor,<br />

<strong>da</strong>s organizações financiadoras e <strong>de</strong> qualquer pessoa que<br />

participe <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong>” (Freedman, 1987). E mais ain<strong>da</strong>, s<strong>em</strong><br />

vali<strong>da</strong><strong>de</strong> o estudo não po<strong>de</strong> gerar nenhum conhecimento,<br />

produzir nenhum benefício, justificar ou impor qualquer<br />

tipo <strong>de</strong> risco ou <strong>da</strong>no às pessoas.<br />

3. Seleção eqüitativa dos sujeitos <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong><br />

A i<strong>de</strong>ntificação e seleção dos potencias sujeitos que<br />

participarão <strong>de</strong> uma <strong>pesquisa</strong> <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser eqüitativas. São quatro<br />

as facetas <strong>de</strong>ste requisito. Uma <strong>de</strong>las se refere à possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> assegurar que sejam selecionados grupos específicos <strong>de</strong><br />

sujeitos, apenas por razões relaciona<strong>da</strong>s com as perguntas/<br />

hipóteses científicas incluí<strong>da</strong>s na <strong>pesquisa</strong> (Levine, 1988).<br />

Com muita freqüência, os sujeitos têm sido selecionados,<br />

especialmente no caso <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong>s que implicam riscos<br />

importantes ou que não ofereçam nenhum benefício potencial<br />

aos sujeitos, <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> “convenientes” ou ter<strong>em</strong><br />

sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> proteger-se comprometi<strong>da</strong>. Isso po<strong>de</strong><br />

acontecer ain<strong>da</strong> que pessoas <strong>de</strong> grupos menos vulneráveis,<br />

mas igualmente fáceis <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> atingi<strong>da</strong>s, possam satisfazer<br />

os requisitos científicos <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong>. Por ex<strong>em</strong>plo, foi<br />

sugerido que <strong>em</strong> alguns experimentos <strong>de</strong> radiação <strong>em</strong> seres<br />

humanos foss<strong>em</strong> selecionado como sujeitos <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong><br />

crianças com probl<strong>em</strong>as mentais no lugar <strong>de</strong> crianças <strong>de</strong><br />

inteligência normal, porque era fácil dispor <strong>de</strong>las e eram<br />

menos capazes <strong>de</strong> fazer valer seus direitos (Experimentos,<br />

1996). Uma seleção eqüitativa <strong>de</strong> sujeitos requer que o<br />

critério <strong>de</strong> escolha seja direcionado pela ciência e não pela<br />

vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s pessoas – ou seja, o estigma social, a<br />

impotência ou fatores não relacionados com a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />

<strong>pesquisa</strong> – o que <strong>de</strong>termina qu<strong>em</strong> <strong>de</strong>verá ser selecionado<br />

como provável sujeito.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!