03.04.2013 Views

capacitação para comitês de ética em pesquisa - BVS Ministério da ...

capacitação para comitês de ética em pesquisa - BVS Ministério da ...

capacitação para comitês de ética em pesquisa - BVS Ministério da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

CAPACITAÇÃO PARA COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA<br />

A maturi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>em</strong>ocional, segundo Klein 9 , seria<br />

a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> o indivíduo po<strong>de</strong>r transformar, com<br />

alguma elaboração, os <strong>de</strong>sejos e as fantasias infantis <strong>em</strong><br />

fontes <strong>de</strong> interesse e <strong>de</strong> enriquecimento <strong>da</strong> personali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

A maturi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>em</strong>ocional também está vincula<strong>da</strong> à<br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> suportar as frustrações, pois somente quando<br />

apren<strong>de</strong>mos a suportar a dor <strong>em</strong>ocional é que po<strong>de</strong>mos<br />

nos <strong>de</strong>senvolver: um ex<strong>em</strong>plo do exercício <strong>de</strong>ssa função é<br />

apren<strong>de</strong>r a tolerar a frustração <strong>de</strong> não sermos onipotentes,<br />

isto é, passar a aceitar as nossas limitações.<br />

É certo que esse processo <strong>de</strong> integração humana,<br />

tão difícil e complexo, nunca é completo, havendo<br />

s<strong>em</strong>pre a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> evolução. Quanto maior for<br />

essa integração, haverá, por parte do indivíduo, melhor<br />

apreensão e compreensão <strong>da</strong> <strong>ética</strong>.<br />

Sob o enfoque psicanalítico, seria o ego ou self que<br />

po<strong>de</strong>ria cumprir esta função, do “ser ético”, pois é esta<br />

instância psíquica que po<strong>de</strong> li<strong>da</strong>r com as pulsões vin<strong>da</strong>s<br />

do id e as or<strong>de</strong>ns do superego. Para Laplanche e Pontails 6 ,<br />

o ego, sob o ponto <strong>de</strong> vista tópico, se encontra <strong>em</strong> relação<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência tanto quanto às reivindicações do id,<br />

como quanto aos imperativos do superego e às exigências<br />

<strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, sendo que no indivíduo maduro ele <strong>de</strong>ve<br />

funcionar como um mediador e unificador <strong>de</strong>ssas forças<br />

<strong>de</strong> interesses diferentes.<br />

Valores, moral, <strong>ética</strong> e códigos<br />

Desta forma po<strong>de</strong>mos pensar <strong>em</strong> moral e <strong>ética</strong> como<br />

funções mentais diferentes: a moral é uma função do<br />

superego e a <strong>ética</strong> é uma função do ego ou self. A moral<br />

li<strong>da</strong> exclusivamente com valores sociais, enquanto que a<br />

<strong>ética</strong> li<strong>da</strong> com valores individuais e sociais.<br />

Relacionamos esses conceitos filosóficos <strong>de</strong> etici<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

<strong>ética</strong> e moral com a teoria psicanalítica: sendo, todos eles,<br />

inerentes à mente humana, consi<strong>de</strong>ramos que a abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong><br />

psicanalítica dinamiza e compl<strong>em</strong>enta o enfoque filosófico<br />

tradicional.<br />

Por esses motivos, consi<strong>de</strong>ramos os probl<strong>em</strong>as éticos<br />

conflitos que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser vivenciados pessoalmente, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<br />

<strong>da</strong> estrutura do indivíduo, arrastando consigo conceitos e<br />

i<strong>de</strong>ais sociais introjetados e elaborados ao longo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>.<br />

Esta proposta <strong>de</strong> uma outra (nossa) visão <strong>da</strong> <strong>ética</strong> é,<br />

apenas aparent<strong>em</strong>ente, muito simples <strong>de</strong> se impl<strong>em</strong>entar,<br />

pois po<strong>de</strong>ríamos pensar que, se um indivíduo t<strong>em</strong> um<br />

18<br />

conflito ético, ele próprio po<strong>de</strong> resolvê-lo, tornando-se<br />

<strong>de</strong>snecessárias instituições como, por ex<strong>em</strong>plo, o Conselho<br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Psicologia, <strong>de</strong> Medicina, <strong>de</strong> Farmácia, a Or<strong>de</strong>m<br />

dos Advogados ou a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Psicanálise. Entretanto,<br />

essas enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s exist<strong>em</strong> e criam seus códigos <strong>de</strong> <strong>ética</strong>,<br />

inegavelmente necessários <strong>para</strong> a imposição <strong>de</strong> normas a<br />

ser respeita<strong>da</strong>s por todos os profissionais.<br />

É claro que somos favoráveis à elaboração <strong>de</strong>sses<br />

códigos <strong>de</strong> <strong>ética</strong>, mas estamos certos <strong>de</strong> que a simples<br />

criação <strong>de</strong> códigos não torna as instituições <strong>ética</strong>s pois<br />

esses códigos mostram os valores que a cultura <strong>de</strong> uma<br />

<strong>de</strong>termina<strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ra necessários <strong>para</strong> que<br />

seu m<strong>em</strong>bro possa interagir e trabalhar. Freqüent<strong>em</strong>ente,<br />

as pessoas encarrega<strong>da</strong>s <strong>da</strong> elaboração dos códigos são<br />

extr<strong>em</strong>amente moralistas, po<strong>de</strong>ndo, ain<strong>da</strong>, os códigos<br />

passar a ser utilizados apenas <strong>para</strong> o exercício do po<strong>de</strong>r<br />

institucional. Por outro lado, não é a punição normalmente<br />

prevista <strong>para</strong> os infratores <strong>de</strong>sses códigos que modificará o<br />

indivíduo e o transformará <strong>em</strong> um ser ético: provavelmente<br />

ele não voltará a infringir o código por t<strong>em</strong>or, não se<br />

tratando <strong>de</strong> experiência <strong>de</strong> um aprendizado ético. A nosso<br />

ver, o que mais se aproxima <strong>de</strong> um “código <strong>de</strong> <strong>ética</strong>” é a<br />

Declaração Universal dos Direitos do Hom<strong>em</strong>.<br />

Enten<strong>de</strong>mos que um indivíduo se tornará ético quando<br />

pu<strong>de</strong>r compreen<strong>de</strong>r e interpretar o código <strong>de</strong> <strong>ética</strong>, além<br />

<strong>de</strong> atuar <strong>de</strong> acordo com os princípios por ele proposto.<br />

Caberá, entretanto, também ao indivíduo a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> discor<strong>da</strong>r do posicionamento ético, <strong>de</strong>vendo<br />

responsabilizar-se frente ao conselho, justificando uma<br />

atuação diferente <strong>da</strong> proposta pelo código.<br />

É justamente esse tipo <strong>de</strong> exercício que propiciará<br />

modificações nos códigos, não obstaculizando a evolução<br />

<strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>; e a resolução do conflito ético permitindo o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Portanto <strong>para</strong> ser ético não basta ter-se o conhecimento<br />

do código <strong>de</strong> <strong>ética</strong>, pois a pessoa po<strong>de</strong>rá atuar apenas<br />

<strong>de</strong> um modo moralista; é necessária a assimilação e o<br />

amadurecimento <strong>de</strong> certos conceitos do que é ser um “ser<br />

humano”, <strong>para</strong> que a pessoa evolua e se humanize.<br />

Somente os indivíduos que elaboraram a proibição<br />

<strong>da</strong> atuação dos <strong>de</strong>sejos edípicos, ou seja, aqueles que<br />

introjetaram o “não” como um or<strong>de</strong>nador mental<br />

(afetivo-cognitivo), po<strong>de</strong>m estruturar o seu superego<br />

e <strong>de</strong>senvolver o seu ego. Por esse motivo, o seu ego,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!