03.04.2013 Views

capacitação para comitês de ética em pesquisa - BVS Ministério da ...

capacitação para comitês de ética em pesquisa - BVS Ministério da ...

capacitação para comitês de ética em pesquisa - BVS Ministério da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

CAPACITAÇÃO PARA COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA<br />

<strong>da</strong>dos e à análise estatística. Os resultados são, então,<br />

interpretados e o trabalho é publicado.<br />

Muitos estudos multicêntricos são também<br />

multinacionais. Empresas farmacêuticas e <strong>em</strong>presas<br />

que fabricam to<strong>da</strong> a sorte <strong>de</strong> instrumental <strong>para</strong> uso<br />

médico têm o maior interesse <strong>em</strong> testar seus produtos,<br />

com diferentes profissionais e <strong>em</strong> lugares variados.<br />

O aumento <strong>da</strong> variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> obriga o uso <strong>de</strong> amostras<br />

maiores, o que torna o estudo mais caro, mas t<strong>em</strong><br />

a vantag<strong>em</strong> <strong>de</strong> generalizar as respostas e aumentar<br />

a probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar reações adversas. Isso<br />

facilita a introdução dos produtos nos mercados dos<br />

diversos países.<br />

Várias razões fizeram do Brasil um país muito<br />

procurado pelas <strong>em</strong>presas internacionais que<br />

buscam testar seus produtos. Entre elas, po<strong>de</strong>mos<br />

citar legislação a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>, competência médica<br />

inquestionável <strong>em</strong> vários centros, população <strong>de</strong><br />

etnia varia<strong>da</strong> e com nível razoável <strong>de</strong> escolari<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

e tamanho do mercado. Isto é bom e a colaboração<br />

brasileira t<strong>em</strong> se feito presente. Mas alguns pontos<br />

ain<strong>da</strong> precisam ser mais b<strong>em</strong> discutidos.<br />

Os protocolos são submetidos aos Comitês <strong>de</strong><br />

Ética <strong>em</strong> Pesquisa <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> centro envolvido na<br />

<strong>pesquisa</strong>, mas <strong>em</strong> geral já vêm prontos do exterior.<br />

Na maioria <strong>da</strong>s vezes, os <strong>pesquisa</strong>dores brasileiros<br />

não participam do <strong>de</strong>lineamento <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong> n<strong>em</strong><br />

<strong>da</strong> análise dos <strong>da</strong>dos. Não po<strong>de</strong>m, portanto, discutir<br />

ou opinar durante as diferentes fases <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong>.<br />

Executam apenas (ou faz<strong>em</strong> executar), o que é pedido<br />

no protocolo. Isto precisa ser mu<strong>da</strong>do porque, nos<br />

estudos multicêntricos, a regra <strong>de</strong>ve ser a <strong>da</strong> plena<br />

cooperação.<br />

Mesmo que os recursos provenham <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas<br />

multinacionais ou <strong>de</strong> enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s estrangeiras, os<br />

<strong>pesquisa</strong>dores brasileiros precisam participar do<br />

planejamento e do <strong>de</strong>lineamento dos estudos e<br />

enten<strong>de</strong>r a análise e a interpretação dos resultados.<br />

Dev<strong>em</strong>os l<strong>em</strong>brar que a <strong>pesquisa</strong> científica t<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

ser feita por profissionais que não apenas façam<br />

o que <strong>de</strong>ve ser feito, mas discutam o que se po<strong>de</strong><br />

fazer antes <strong>de</strong> iniciar a <strong>pesquisa</strong>, saibam discutir<br />

<strong>de</strong>svios do protocolo e saibam tomar atitu<strong>de</strong>s na<br />

interpretação dos resultados. E nossos <strong>pesquisa</strong>dores<br />

15<br />

estão capacitados <strong>para</strong> tanto e, por isso, <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser<br />

valorizados.<br />

É claro que exist<strong>em</strong> profissionais contrários a<br />

esta posição. Há até qu<strong>em</strong> expresse a idéia bizarra <strong>de</strong><br />

que não é preciso julgar sequer a <strong>ética</strong> do trabalho,<br />

quando o estudo é <strong>de</strong> cooperação estrangeira. Se o<br />

trabalho v<strong>em</strong> do exterior, consi<strong>de</strong>ram alguns, <strong>de</strong>veria<br />

ser acatado <strong>de</strong> imediato porque traz benefícios <strong>para</strong><br />

o país. Mas não po<strong>de</strong> ser assim. É preciso discutir<br />

que benefícios são esses e exigir espaço <strong>para</strong> o<br />

<strong>pesquisa</strong>dor brasileiro <strong>em</strong> to<strong>da</strong>s as fases <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong><br />

porque nosso <strong>pesquisa</strong>dor não po<strong>de</strong> se resumir a<br />

simples executor <strong>de</strong> regras prontas.<br />

Chama atenção também a posição <strong>em</strong> que<br />

freqüent<strong>em</strong>ente são colocados os nomes dos<br />

<strong>pesquisa</strong>dores <strong>de</strong> países participantes <strong>de</strong> estudos<br />

multinacionais na publicação <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong> <strong>em</strong><br />

periódicos científicos: aparec<strong>em</strong> <strong>em</strong> letras miú<strong>da</strong>s,<br />

no final <strong>da</strong> publicação. Por causa disso, muitos já<br />

não consi<strong>de</strong>ram esses trabalhos na avaliação <strong>da</strong>s<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s acadêmico-universitárias.<br />

Outro probl<strong>em</strong>a grave é que muitas vezes<br />

aparec<strong>em</strong> como autores do estudo <strong>pesquisa</strong>dores<br />

cujos nomes não estavam listados no protocolo <strong>de</strong><br />

<strong>pesquisa</strong> apresentado aos CEP e ou à Conep. Com a<br />

intenção <strong>de</strong> valorizar a participação do <strong>pesquisa</strong>dor<br />

brasileiro nos estudos multinacionais, a Conep t<strong>em</strong><br />

insistido nesses casos na conceituação prévia do que<br />

v<strong>em</strong> a ser a “cooperação”, l<strong>em</strong>brando as Resoluções<br />

do Conselho Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />

Dentro <strong>de</strong>sta linha <strong>de</strong> raciocínio, há que se comentar<br />

o envio <strong>de</strong> material biológico <strong>para</strong> o exterior com a<br />

simples finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar exames perfeitamente<br />

exeqüíveis no país. Quando se solicita uma explicação<br />

<strong>para</strong> tal procedimento, a justificativa é s<strong>em</strong>pre a<br />

mesma: “padronização dos exames”. No entanto,<br />

os laboratórios nacionais têm padrão <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

altamente satisfatório. S<strong>em</strong> falar que os pacientes que<br />

porventura vier<strong>em</strong> a receber o tratamento <strong>em</strong> teste<br />

após a comercialização terão indicação terapêutica<br />

e acompanhamento médico realizado com base <strong>em</strong><br />

exames laboratoriais feitos no país. Portanto, é preciso<br />

ter o histórico dos exames.<br />

Três pontos importantes <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser aqui levantados.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!