o economista
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gestos e gritos, tornavam-se cada vez mais rápidos e<br />
imperceptíveis. Mexia aqui, remexia ali, e ninguém<br />
percebia nada.<br />
---- Esse teu tio, esse teu tio!… Qual é o mal então<br />
que vuçê lhe fizeste? Ele também não tem filhos, não tem<br />
filhas?…---- dizia o quimbandeiro.<br />
E no auge da sua febre de espíritos, como um<br />
possesso, desnudou a blusa da paciente, quase desmaiando<br />
ao tocar nos seios dela, e foi imperceptivelmente<br />
chupando aqui e ali, em diferentes partes do seu tronco,<br />
enquanto ia despejando parafusos, pregos, porcas, numa<br />
panela de barro que estava ao seu lado.<br />
Restabelecida a calma, o quimbandeiro pegou na<br />
panela, e despejou todo o seu conteúdo num prato.<br />
Os olhos da mãe e os da tia, caíram no prato.<br />
---- Eh! Eh! Já viram?! Estás a ver São? Estás a ver<br />
?! Quando te dizia não fica só nesse teu tio fiticeiro!<br />
Estás a ver as coisas que te tiraram?! ---- Era a mãe.<br />
A tia, com a boca aberta, mas muda, só pouco depois<br />
disse:<br />
---- Ias morrer, minha filha. Não querem ver o teu<br />
bem. Não querem te ver a estudar…<br />
O quimbandeiro, com a cabeça deitada para baixo, as<br />
mãos atiradas à qualquer sorte, escutava, imóvel e<br />
atento. Lá fora, a noite ia alta. No céu não havia luz,<br />
apenas a escuridão de grandes massas de nuvens em<br />
movimento. Ondas de vento, passavam e voltavam a passar.<br />
De manhã, Zito preparou um banho com folhas<br />
aromáticas. No quintal, a mãe e a tia ajudavam a paciente<br />
a lavar-se, enquanto no quarto, o quimbandeiro preparava<br />
alguns pós, volta e meia espreitando para o busto da<br />
mocita, completamente nu, colado nas frestas.<br />
Ao contrário do que fora a noite, a manhã apresentavase<br />
extremamente bonita, com um céu de safira claro-<br />
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