o economista
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Sobre frio, poucos conhecimentos tinha, mas nem de<br />
longe tal o preocupava. Era a arte de esfriar o quente da<br />
vida, e pronto. Porém, mais cedo do que pensava, viu a<br />
casa afogada de fogões e geleiras e arcas, em que se<br />
salvar daquela inundação de dinheiro, que rapidamente ia<br />
desaguando no seu garrafão.<br />
Apenas, depois de muita hesitação, arranjou dois<br />
ajudantes. O negócio foi prosperando, mas não sem<br />
dificuldades. Tirando peças de uma coisa para outra é que<br />
Zito conseguia despachar as obras. Mas, nesse andar, e<br />
porque teimasse em não gastar dinheiro a comprar<br />
sobressalentes, muitas coisas iam se transformando em<br />
simples carcaças. E estas iam aumentando, ao mesmo tempo<br />
que as mentiras e intrujices do proprietário da tabela.<br />
Aos fins de semana, Zito gostava de desanuviar,<br />
desembaraçar-se daquele cemitério de carcaças que ia<br />
sendo a sua casa, e perder-se pelas ruas e becos da<br />
Mabor.<br />
Ia certa tarde num desses passeios, mãos enfiadas nas<br />
algibeiras, andar arqueado, quando se achou ante um<br />
conhecido do Catambor, mesmo diante da fábrica que dá<br />
nome ao bairro.<br />
---- Oh, Zito! Pópilas, pensei que já tinhas morrido!<br />
Afinal mulundu ni mulundu ka di sangá, mutu ni mutu, sai<br />
kizua ha di sanga.<br />
----É verdade, Noé, aqui estamos!…<br />
---- Olha, já da outra vez, estava eu a acompanhar um<br />
funeral, e te vi lá mais adiante… e onde é mesmo que fica<br />
a tua casa?…<br />
---- ―Porra!‖… É pá, quer dizer…<br />
Mas já o outro conhecia, o que ele havia de dizer.<br />
---- E então, o meu dinheiro?…<br />
Ia a responder, mas o outro não estava para mais<br />
palavras. Queria factos.<br />
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